Ciúmes – O ciúme é uma emoção humana extremamente comum, senão universal, podendo ser difícil a distinção entre ciúme “normal” e “patológico”. Escrevo entre aspas porque mesmo o considerado “normal”, esse tipo de ciúme carrega em si algo também doentio que é a tentativa de posse sobre a pessoa amada e acaba tendo essa conotação de “normal” justamente por ser comum e frequente, diferentemente do entendimento que muitas pessoas fazem, considerando o “normal” como sinônimo de sadio. Ambos têm um aspecto doentio, o dito patológico difere apenas por ser mais grave.
É importante entendermos que o ciúme refere-se a um conjunto de pensamentos, emoções e ações, desencadeados por alguma ameaça à estabilidade ou qualidade de um relacionamento íntimo valorizado, que pode estar presente em qualquer tipo de relação interpessoal, embora seja mais característico nos relacionamentos amorosos.
As definições de ciúme são muitas, em todas elas têm em comum três elementos:
- ter uma reação frente a uma ameaça percebida;
- haver um rival real ou imaginário e;
- a reação visa eliminar os riscos da perda do amor.
Assim, qualquer ação de ciúme que contemple essas três características, sinaliza que, pelo menos um dos membros na relação está tendo comportamentos inadequados na relação, e por isso, precisa de tratamento.
Sentir ciúmes e sentir-se insegura.
Isso porque o ciúme associa-se à insegurança e imaturidade, expressão de desajustamento psicológico e social, algo cada vez mais problemático, indesejável e patológico.
O conceito de ciúme mórbido ou patológico compreende várias emoções e pensamentos irracionais e perturbadores, além de comportamentos inaceitáveis ou bizarros. Normalmente envolve muito medo de perder o parceiro(a) para um(a) rival, desconfiança excessiva e infundada, gerando significativo prejuízo no funcionamento pessoal e interpessoal.
No próximo post da série “ciúmes: do perigo ao tratamento” falaremos um pouco mais sobre a patologia do ciúme e outras comorbidades.