Hoje pela manhã gravei uma entrevista muito interessante sobre a solidão vivenciada por muitas pessoas em nossa sociedade atualmente, especialmente entre os adolescentes.
Falar sobre um tema tão abrangente como a solidão é algo desafiador e gratificante:
Desafiador, pois as causas da solidão variam sempre de pessoa para pessoa. Ou seja, mesmo que haja padrões que se repetem – sobretudo nas formas como esse comportamento é expressado – as causas sempre estarão presentes na história de vida da pessoa solitária e nunca devem ser generalizadas ou comparadas com a história de terceiros. Pois isso poderia favorecer erros.
Abordar este tema é gratificante, pois, dessa forma, é possível problematizar as questões em torno da solidão, favorecendo reflexões que podem ajudar a identificar suas origens e trazer formas mais adequadas tanto nos atos de prevenção como de auxílio às pessoas acometidas por este mal.
Por isso, aproveitei a entrevista para falar como determinadas características e comportamentos das nossas relações sociais contribuem para que as pessoas sejam solitárias.
As formas altamente exigentes, aversivas ou punitivas com que somos tratados e levados a mostrar sempre as melhores performances para terceiros; associados ao mau uso das tecnologias, redes sociais, inseguranças, individualismos e competições altamente acirradas, têm formados pessoas extremamente despreparadas para lidar com frustrações. E, tudo isso, é ainda mais agravado entre os adolescentes.
Solidão e adolescência.
Pensar na solidão no contexto dos adolescentes é altamente preocupante e merece nossa atenção.
Isso porque é na adolescência – tipicamente um período de desenvolvimento marcante para muitos jovens que estão na transição entre a vida infantil e os desafios da vida adulta – onde ocorre uma pressão muito grande para determinados comportamentos como a autonomia cognitiva, a conquista da segurança emocional, dentre outros fatores.
Dessa maneira, muitos jovens (assim como muitos adultos) quando se veem solitários, podem adotar comportamentos extremos e inadequados para lidar com o sofrimento associado à solidão. Não por acaso, é nessa fase e nesse contexto onde ocorrem muitos processos traumáticos que podem marcar sempre a vida da pessoa, além das incidências dos casos de automutilação ou até mesmo as tentativas de suicídio.
Durante a entrevista procurei chamar a atenção para as mudanças aparentemente repentinas de comportamento, pois elas podem sinalizar que algo não está funcionando bem e isso pode ser o sinal de alerta para pais, professores, amigos e familiares.
A entrevista será exibida na programação da TV Câmara (sinal digital 61.4), canal da Câmara de Vereadores de Salvador. Além da TV a matéria também estará nas redes sociais da emissora e aqui no blog. Aguardem.