Houve um tempo em que toda a comunidade gay era comprimida na sigla GLS. Essas três letras representavam Gays, Lésbicas e Simpatizantes, dessa forma, se propunham a dar conta de todas as orientações sexuais distintas da heterossexualidade. Hoje, para se referir àqueles que não são heterossexuais, a sigla mais adequada é a LGBTQIA+ (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transgêneros, Queer, Intersexuais, Asexuais e outros) . Ou seja, com o passar do tempo, a compreensão acerca dos fenômenos e manifestações sexuais se atualizaram. A mesma atualização se faz necessária quando o assunto é a configuração dos relacionamentos amorosos; sejam eles homo ou heterossexuais. Afinal, atualmente, a variabilidade das formatações amorosas são amplas e não cabem apenas nas categorias “namorados” ou “casados”. Prova disso é que muitas pessoas estão vivendo o chamado “relacionamento aberto”: a relação na qual os pares podem se envolver sexualmente com outras pessoas.
Esse tema foi um dos mais requisitados em uma enquete lançada recentemente no meu Instagram. Diante dessas ideais e demandas, o diálogo e a compreensão são fundamentais à atualização desses modos de vida, tanto nas perspectivas individuais, na relação e no corpo social.
Atualizando o sistema dos relacionamentos amorosos
Na época em que as sexualidades eram precariamente compartimentalizadas, as pessoas eram divididas entre casadas e solteiras. Em tal período, ser casado significava, em tese, viver uma relação monogâmica. Ou seja, qualquer prática afetiva e sexual deveria ser nutrida apenas no relacionamento conjugal. Desse modo, todo comportamento que extrapolasse tal fronteira era automaticamente incluído no rol dos pecados e das anormalidades. Ou seja, tais adjetivos tentavam aglutinar as demais práticas afetivas e sexuais. Dito de outro modo, tal lógica é tão arcaica quanto a sigla GLS no campo das sexualidades. Contudo, as vivências fora do casamento, assim como os gays, lésbicas e simpatizantes, sempre existiram. Portanto, meia dúzia de adjetivos jamais serão suficientes para abarcar todas as variabilidades de relações. Por isso, diversas maneiras de viver os namoros ou casamentos estão saindo dos armários e ganhando visibilidade social. Um desses exemplos é o relacionamento aberto.
O que é um relacionamento aberto?
Relação aberta é aquela em que os pares se permitem a, juntos ou separadamente, ter envolvimentos e práticas sexuais com outras pessoas. Normalmente esse estágio se dá em consequência de dois cenários:
- a partir da manifestação da fantasia sexual de um dos pares em agregar uma terceira pessoa às experiências eróticas. Com isso, o casal passa a ter relações sexuais com a participação de terceiros.
- após a descoberta de uma traição em que o casal opta por permanecer junto; porém, a condição para seguir passa pela adoção de práticas sexuais com outras pessoas, sob o argumento de dinamizar a rotina do namoro ou casamento.
A priori, não há nenhum problema na existência de um relacionamento aberto, desde que todos os envolvidos estejam conscientes das razões que levam à prática, suas consequências e ajam com as devidas responsabilidades. Contudo, frequentemente, observa-se que uma das partes aceita abrir o relacionamento não por desejo ou convicção na modalidade. Ou seja, em muitos casos a principal motivação reside na insegurança. Em outras palavras, a decisão (ou a concordância) em abrir a relação decorre do receio da perda. Isto é, “se eu não me submeter a isso, vou perder meu par ou acabar meu relacionamento”. Casos assim não são saudáveis. Por isso, quando essa possibilidade decorre de um dos cenários apontados anteriormente, a questão torna-se preocupante, pois, o real problema do namoro ou casamento não é resolvido com esse ato. Na prática, pode ser procrastinado e tornar-se ainda mais encorpado.
Dialogando para avançar
O casal que avança para o relacionamento aberto sem antes compreender as reais motivações, bem-estar ou necessidade de cada um dos envolvidos, pode estar agindo por impulsividade. Também, dessa maneira, camuflam algumas incongruências e pontos de conflitos relevantes ao sucesso do convívio. Afinal, abrir uma relação não deve ser um ato manipulatório; tampouco o reflexo de inseguranças do namoro ou casamento. Ou seja, diante das possibilidades de experimentar uma relação aberta, é crucial agir com assertividade. Além disso, é importante considerar quão despreparado, obsoleto e preconceituoso ainda é o corpo social para lidar com as diferenças. Seja como for, a existência dos LGBTQIA+ e dos relacionamentos abertos são fatos. Compreender e respeitar qualquer uma dessas condições são passos fundamentais para que o sistema social seja atualizado. Vale lembrar que isso pode ter início a partir de um diálogo franco, inclusive com aqueles que estão bem próximos.
Eu percebo é um caminho para a volta da “universalização” da Sexualidade, no sentido de fluidez sexual, embora nunca tivemos uma “sigla” com tantas letras! Ano passado ouvi que os homossexuais estão como que inserido entre os casados! Como sou coroa e solteiro, disse que sempre aconteceu tal interação, não por acaso, a década de 60, chamada de anos dourados! E ele mesmo casado, havia dito que só aprecia em homem, quando mais gentil, que não chegaria a transar! Aproximei nossos labios, me beijou superbem e com o chamado “avanço de sinal”! Reconheceu, claro, depois, que sentia atração por mim!