Você já olhou para o seu relacionamento atual e pensou: “Já vi esse filme antes”? Em casos assim, é comum ter aquela sensação intrigante de estar preso em um ciclo amoroso, como se estivesse revivendo com outra pessoa uma relação do passado. Talvez você não saiba, mas esse fenômeno tem nome e se chama “Dating déjà vu“. Neste texto, convido você a explorar esse termo e suas implicações para aqueles que repetem esse padrão de relacionamento.
Dating déjà vu e suas origens
Muitas vezes, quando começamos um relacionamento, acreditamos estar vivendo um novo amor. No entanto, é comum que algumas pessoas tenham em seu histórico de relacionamentos amorosos um padrão de repetição curioso. Afinal, são pessoas que sempre se envolvem com o mesmo perfil de parceiro ou parceira. Desse modo, homens e mulheres sempre vivenciam relacionamentos muito similares aos anteriores. Portanto, é crucial aprofundar nosso entendimento sobre o “Dating déjà vu“, uma vez que representa um padrão comportamental que suscita preocupações e pode dar origem a conflitos significativos nos relacionamentos.
O “Dating déjà vu” foi classificado pela pesquisadora e psicóloga canadense, Jéssica Maxwell, da Universidade McMaster em Ontário, Canadá. De modo geral, esta expressão combina o termo “dating” em inglês, que se refere a encontros românticos, com o “déjà vu” de origem francesa, que evoca a sensação de já ter vivido algo semelhante no passado. Assim, o “Dating déjà vu” pode ter origem em experiências pessoais do passado, e pode vir da infância. Além disso, é comum que essa repetição nos relacionamentos esteja relacionada a influências culturais. Por exemplo, alguém que cresceu sendo incentivado a buscar um parceiro com características muito específicas, como ser rico, branco, alto. De qualquer forma, é importante destacar que o “Dating déjà vu” representa conviver com angústias e sofrimentos. Portanto, é fundamental compreender as bases dessas repetições nas tentativas de construir um relacionamento amoroso de sucesso.
Por que algumas pessoas se interessam sempre pelo mesmo perfil?
A resposta para essa questão pode ser abordada de duas maneiras. Isso ocorre porque homens e mulheres têm seu repertório comportamental moldado a partir das experiências particulares que viveram. Ou seja, é provável que alguém que sempre se interessa pelo mesmo perfil de homem ou mulher o faça devido a ter vivido uma relação significativa em que atribuiu importância a certas características (ou conjunto delas) do parceiro. Além disso, isso ocorre porque os valores e as normas culturais desempenham um papel fundamental na definição direta ou indireta do perfil ideal para um parceiro amoroso. Desde a infância, as pessoas são incentivadas a buscar um perfil muito específico de parceiro romântico. Por exemplo, uma pessoa que sempre foi incentivada, direta ou indiretamente, a se casar com alguém que lembra seu pai procurará um parceiro com características semelhantes.
Casos assim ilustram como as experiências pessoais, as regras e os valores culturais podem acabar por condicionar o repertório comportamental de homens e mulheres. Isso ocorre, especialmente entre pessoas que se sentem inseguras e necessitam de apoio emocional. Portanto, é crucial que todas as pessoas presas no ciclo do “Dating déjà vu” busquem ativamente mudanças e melhorias em sua vida pessoal e amorosa.
Como sair do ciclo vicioso do Dating déjà vu?
O primeiro passo consiste em refletir sobre as experiências passadas. Sem dúvidas, essa reflexão ajudará a entender o padrão comportamental existente e as escolhas feitas na vida amorosa até o presente momento. Revisitar essa trajetória de vida e os relacionamentos vivenciados pode ajudar no desenvolvimento de alternativas mais saudáveis para sua vida amorosa e sentimental. Além disso, com o acompanhamento de um psicólogo, você poderá desenvolver estratégias para construir e manter relacionamentos amorosos mais saudáveis e satisfatórios.
Um caso para refletirmos
Certa vez, conheci uma jovem que, desde a infância, absorveu a ideia de que “uma mulher bem-sucedida na vida precisa se casar com um médico”. Essa crença profundamente enraizada moldou sua perspectiva amorosa e a levou a estabelecer um padrão rígido para si mesma: ela só consideraria relacionamentos com profissionais da medicina.
Como resultado, ela rejeitou oportunidades de estabelecer conexões emocionais com pessoas de outras áreas. Esse padrão inflexível a conduziu a relacionamentos centrados na profissão de seu parceiro, sacrificando emoções genuínas, amor verdadeiro, cumplicidade, satisfação sexual e bem-estar em prol de uma visão distorcida de sucesso. Afinal, para ela, o casamento com um médico tornou-se o símbolo máximo de realização. No entanto, ao examinar essa perspectiva sem o filtro de sua regra autoimposta, ela poderia facilmente reconhecer que o relacionamento era, na verdade, angustiante e prejudicial. Todas as restrições impostas por suas normas e condicionamentos a impediram de perceber os impactos negativos e os danos resultantes desse relacionamento.
Este exemplo destaca a importância de questionar os padrões do “Dating déjà vu” para que as pessoas possam reconhecer os equívocos presentes em seus relacionamentos e convívios emocionais, abrindo caminho para relacionamentos mais saudáveis e efetivamente gratificantes.