Nas redes sociais há inúmeras postagens e comentários que indicam que as pessoas devem evitar o relacionamento com determinados signos. Outras, contudo, buscam construir e manter relações, especialmente as amorosas, por meio dos fundamentos pré determinados pelo zodíaco. Essa postura é alvo de críticas até mesmo daqueles que estudam sobre a astrologia. Afinal, toda generalização se distancia das particularidades de cada pessoa e impacta as possibilidades e potencialidades da relação.
O signo como critério para o relacionamento
Não é difícil encontrar quem tenha nos signos um critério fundamental para estabelecer um relacionamento amoroso. As redes sociais dão provas disso a todo momento. Por exemplo, recentemente o caso de um rapaz que levou um fora por conta do seu signo repercutiu na internet e nos grupos que se interessam pelo tema. Além disso, conforme pesquisa realizada em 2020 pelo aplicativo de relacionamentos Badoo, na qual foram ouvidos 1248 usuários brasileiros da plataforma, 44% deles consideram que a compatibilidade do signo é um fator importante para definir com quem namorar.
Tais informações não deixam dúvidas que o comportamento visto no ambiente virtual reflete a conduta praticada no mundo real e nas relações amorosas. Contudo, essa postura é alvo de críticas até mesmo entre aqueles que estudam sobre a astrologia. Isto, pois, ela é sustentada a partir de casos que tomam como referência uma vivência pessoal ou de terceiros. Ou seja, são episódios que parecem ilustrar o perfil do signo, mas são superstições sem relação direta de causa e efeito. Ainda assim, são eventos que fazem sentido para muitos, de modo que é amplamente respaldados pela dinâmica cultural. Com isso, diversos homens e mulheres adotam o perfil do signo como o principal critério para definir com quais pessoas devem (ou não) se envolver. Todavia, um olhar mais ampliado sobre os comportamentos humanos e as relações amorosas podem indicar uma realidade bem diferente.
10 milhões de relacionamentos ou a sua amostra?
Em contraponto à lógica da qual o signo determina a viabilidade (ou não) do relacionamento, a Universidade de Manchester, na Inglaterra, apresenta dados de uma das maiores pesquisas sobre a temática signos/relacionamentos, realizada em 2007. O estudo analisou estatisticamente os signos de 10 milhões de casais. Assim, concluiu que não há evidências que comprovem as premissas de compatibilidade ou incompatibilidade impostas pela lógica zodiacal. Isto é, a maioria dos pares que compõe a amostra investigada não teria a menor chance de sucesso, pela premissa imposta pelo perfil do signo.
Contudo, o fato das pessoas terem evoluído à condição de casamento evidencia que a suposta incompatibilidade dos signos não foi determinante, como muitos supõe. Por isso, os autores da pesquisa sustentam não haver nenhum indício de que seja possível avaliar se um casal terá uma boa relação com base no signo do parceiro ou parceira. Desse modo, vale refletir e questionar sobre qual amostra teria mais respaldo para sustentar a probabilidade sucesso/insucesso de um relacionamento.
Os riscos de uma lógica determinista
Embora seja comum encontrar quem considere o signo como o principal fio condutor para construção dos relacionamentos, é fundamental atentar para o risco das generalizações. Conforme dito acima, a premissa zodiacal parte de uma referência particular que encontra respaldo nos perfis pré determinados pelos signos. Com isso, os episódios que se encaixam em tais princípios geram e sustentam tais superstições, mesmo que não tenham relação direta de causa e efeito entre os eventos de sucesso e insucesso das relações amorosas.
Diante disso, muitas pessoas ficam mais atentas a ocorrências que combinem com a lógica dos signos e propagam os casos que performam de acordo com tal premissa, mesmo que tais ocorrências não encontrem nexo em todas as relações. Por isso, não é demais lembrar que diversas variáveis impactam as partes envolvidas numa relação, de modo que cada pessoa ou casal pode ser influenciado e reagir de maneira distinta em cada uma delas. Afinal, as pessoas são diferentes, têm trajetórias distintas e reagem de forma particular aos acontecimentos e às relações. Assim, quando alguém pauta sua vida amorosa num fundamento determinista arrisca-se a não enxergar e conhecer a pessoa ao seu lado, ou à sua frente.