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Uma notícia sobre as mudanças no alinhamento da Terra trouxe a possibilidade de se acrescentar um signo ao zodíaco: o Ophiuchus. Tal informação impacta nos estudos da astronomia, astrologia e, consequentemente, aqueles que baseiam a compreensão do comportamento e da personalidade humana com base nos signos. Segundo essa perspectiva, a entrada de um novo signo pode provocar uma redistribuição no horóscopo, de modo que todas as características antes atribuídas a um signo podem vir a pertencer a outra constelação zodiacal. Segundo essa lógica, cada signo, definido pela data de nascimento da pessoa, possui suas características específicas. Porém, com o acréscimo de um novo signo, todas as datas do horóscopo serão redistribuídas, provocando mudanças nos signos e na personalidade.

Astrônomos, astrólogos e psicólogos 

A questão, além de interessante, é bastante polêmica e envolve não somente os astrônomos, aqueles cientistas que estudam os astros e seus movimentos pelo espaço. A possível inclusão de um novo planeta no sistema solar afeta também os astrólogos que se baseiam na posição dos astros para fazer suas previsões sobre os comportamentos e personalidades. Em contraponto, para a psicologia comportamental a personalidade é compreendida como uma interface, suscetível às transformações entre a pessoa e o meio no qual ela vive. Nessa perspectiva, a personalidade não é determinada por elementos místicos. Na verdade, a personalidade é fruto da trajetória da espécie e pela história de vida da pessoa, somada aos elementos da cultura. Ou seja, ela, a personalidade, é um padrão relativamente estável de respostas construídas ao longo do tempo.

A personalidade é determinada de maneira multifatorial. Logo, não é influenciada apenas pelo zodíaco.
A personalidade é determinada de maneira multifatorial. Logo, não é influenciada apenas pelo zodíaco.

Mudando os signos, as pessoas irão ou não mudar sua personalidade?

Partindo da premissa que a personalidade é fruto da relação mútua entre a trajetória da espécie, a história de cada pessoa e seu contexto de vida, é possível afirmar que mudanças nesse padrão comportamental podem ser admissíveis. Contudo, considerar que o fato da pessoa ser deslocada de um signo para outro será o responsável por tamanha mudança, já é muito arbitrário. Isso ocorrendo, equivaleria a dizer que a astrologia e seus signos seriam os únicos responsáveis não apenas pela personalidade, mas por todo padrão comportamental das pessoas. Isso não seria razoável, embora muitos acreditem que o signo seja o fator determinante de suas personalidades.

Assim, de modo a compreender melhor a construção do perfil comportamental, a constituição de cada personalidade e as variáveis que impactam esses processos, recomenda-se a análise particular de cada caso. Pautar-se no zodíaco traz conforto e lógica para algumas pessoas. Todavia, referenciar-se pela lógica mística pode conter fragilidades que padronizam as pessoas ou promovem a segregação delas conforme o horóscopo. No processo terapêutico, a perspectiva de compreensão vai além do determinismo imposto pelos astros. A proposta é partir da compreensão em busca de novos comportamentos e meios que promovam novos resultados.

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

12 Comments

  • Paulo Maciel disse:

    Boa tarde, Elídio! Gostei muito do seu site, da proposta de falar sobre assuntos que atravessam o nosso dia a dia de uma forma clara para qualquer público que se interesse por questões da psicologia, parabéns!
    Li o seu texto sobre os signos, a partir da visão comportamental, e fiquei curioso em saber o que você entende quando diz que os signos, como elementos da cultura, poderiam estar influenciando no comportamento. De que forma isso ocorreria?
    Um abraço!

  • Olá Paulo Maciel!
    Obrigado pelo comentário. Fico feliz que o blog esteja atingindo esse objetivo de falar sobre assuntos do cotidiano à luz da psicologia comportamental, de forma mais acessível à população. È bom ter feedbacks como esse! E muito boa também sua pergunta, afinal se ficou duvidas é sinal que eu poderia ter falado de forma mais clara! rsrs
    O entendimento é que a “personalidade”, como característica que diferencia uma pessoa da outra, não é unilateralmente determinada e sim constituída a partir de três bases fundamentais que chamamos de tríplice contingência; que é a (1) filogenia – história da evolução da humanidade, que mostra como o homem evoluiu e evolui biológica e fisiologicamente ao longo dos tempos. A (2) ontogenia – história de vida da própria pessoa, com todas as particularidades e experiências que foram vivenciadas e somadas ao longo da vida e a (3) cultura – hábitos, costumes, crenças, regras, religião, família, leis… dos contextos que a pessoa foi submetida ao longo de sua trajetória. Foi justamente no quesito Cultura que falei que os signos poderiam causar influências. Vou tentar dar um exemplo.
    Vamos pensar que Bárbara tem 17 anos, nasceu e cresceu numa família onde todas as decisões eram tomadas a partir de uma consulta ao horóscopo: Se iam comprar uma geladeira consultavam qual seria o melhor dia, se iam a uma festa faziam a combinação que o signo recomendava e também só investiam numa relação amorosa quando o signo dizia que o período era promissor para isso. Digamos que com o passar do tempo isso fez com que Bárbara absorvesse esse costume, que é uma característica cultural de sua família; e hoje só consiga tomar suas decisões ao consultar um guia dos horóscopos. Muito possivelmente alguém pode afirmar que uma característica de Bárbara ou (sua a personalidade dela em si) é a dificuldade para tomar decisão. Veja que isso não tem nenhuma relação direta com o zodíaco, ao menos como normalmente ele é visto, mas juntamente com outras variáveis da filogenia e ontogenia influenciou a constituição do repertório comportamental (ou personalidade) da adolescente!
    Não sei se agora conseguir deixar mais claro, ou confundi ainda mais!!! Qualquer dúvida fique à vontade para retornar. Abraços!

    • Paulo Maciel disse:

      Respondeu sim!
      Quando li o texto, compreendi a explicação da personalidade a partir de uma perspectiva “materialista”, e quando li a parte do zodíaco como variável, fiquei um pouco na dúvida em como isso se encaixava com o que tinha sido dito antes. Entendo agora que você situou o zodíaco como um costume da cultura, uma “sugestão de ação” frente a alguns eventos, próprios da cultura de Bárbara, assim como poderia ser a religião, ou mesmo a ciência =)
      Um abraço!

  • Obrigado você!
    Abraços.

  • Ivan Brafman disse:

    Oi Elídio.
    O seu maravilhoso blog é gigante nas suas propostas de esclarecer e sanar as nossas dúvidas cotidianas. Tudo isso feito magistralmente, já que você consegue criar enfoques para debates e discussões e eu tenho aprendido muito contigo.
    Este assunto dos signos é muito complexo, pois os astrólogos afirmam que todos nós temos signos: solar (aquele que estava pairando sobre nossa “capa” constelar no dia do nosso nascimento. E o nosso signo ascendente, que é aquele que se fazia presente no zodiáco na hora do nosso nascimento. E temos como diferenciador os decanatos que são três: primeiro, segundo e terceiro, de acordo com a data de nascimento da pessoa.
    Segundo os astrólogos, tudo isso, pode mudar as estruturas das atitudes e ações de cada um de nós, mesmos aqueles do mesmo signo.
    Claro, que são ilações esotéricas e muito abstratas, alimentadas em crendices e até supertições.
    Sei um pouco sobre isso, pois já tive a curiosidade de ler alguns textos sobre astrologia.
    O meu horóscopo já disse que naquele dia eu ia ganhar na loteria e nada aconteceu..rsrsrs (risos), noutro dia, que eu receberia uma visita inesperada de alguém que vivia em outro Estado: isto não ocorreu.
    Até hoje, só uma coisa foi certa para o meu signo em relação à mim, disse: “que sou ciumento e possessivo” e te confesso que tenho tendência a apresentar estas imperfeições no meu comportamento sim. Não posso afirmar que fui sugestionado por estas previsões e informações, pois, antes de ler estas características do meu signo (escorpião), já nutria dentro do meu eu: o ser ciumento e possessivo. Confesso, que procuro me controlar e ficar imune a esses estados de desiquilíbrio emocional. Mas, tudo isso, só será sanado se um dia eu for morar em Salvador e tiver o privilégio de ser seu paciente. Será que tem cura?
    Um forte abraço. Ivan do Rio de Janeiro.

  • Ivan Brafman disse:

    Elídio, que bom que logo, logo, você receberá este selo do conselho federal de psicologia, que te dá licença para atender online. Desta forma você estará proporcionando a chance ao tratamento de muitas pessoas.
    Realmente, o caso daquela falsa psicóloga, aqui, no Rio de Janeiro, foi lastimável e condenável em todos os aspéctos. Infelizmente, este fatos se estendem à outras categorias profissionais: médicos, advogados, engenheiros. Tem muita gente que começa a cursar uma faculdade e antes de concluir o curso: compra o diploma. Acho que aquela falsa psicóloga nunca se matriculou numa Universidade, sequer. Obrigado, pelo alerta.
    Sobre a sua entrevista, não pude assistir o vídeo, pois, estou sem banda larga e minha internet está acoplada à minha linha telefônica. Porisso, não consegui. Mas, tão logo eu esteja usando a banda larga: assistirei e deixarei um comentário.
    Um abraço. Ivan

  • Pois é estou na expectativa para que o selo não demore a sair, pois assim o serviço psicoterapia poderá atender pessoas que vivem distante dos grandes centros e aqueles que possuem tantas atividades no dia a dia que não têm condições de ir até o consultório. Então, o caso da falsa psicóloga expõe o quanto estamos vulneráveis aos falsários. Espero que ao menos isto sirva pra que as pessoas procurem referencias dos profissionais que recorrem: encanadores, psicólogos, babás, médicos, pedreiros, advogados… o que não falta no nosso país é gente sempre tentando se dar bem a qualquer preço.
    Abraços,

  • Ricelle disse:

    Olá! Boa tarde Elídio.. Eu estou meio confusa sobre meu signo e gostaría de saber se você pode me ajudar.. Eu nasci no dia 21/11/1995 as 12:55 pm e acreditava que meu signo era de Sagitário. Minha mãe não queria que eu nascesse no signo de Escorpião, e por isso mudou o dia da cesariana, mas, hoje, eu descobri através de um site, que devido as mudanças da posição de sol, etc, de fato meu signo é de escorpião, porém eu não tenho praticamente nada de escorpiana, e sempre me vi, e achei meu jeito de sagitariana… Eu devo me considerar de fato, de Escorpião? E digamos, “esquecer que um dia eu fui de Sagitário?” rs Aguardo sua resposta. Obrigada, beijos, e parabéns pelo blog.

  • Adriana Araújo disse:

    Nossa! Estou encantada com seu blog, principalmente por ter grande afinidade com a análise do comportamento.
    Achei essa matéria perfeita!! Entender como a análise do comportamento entende a personalidade é muito importante, uma vez que só conhecia através de uma visão psicanalítica.

  • Olá Adriana!
    Obrigado pelo comentário. Fico feliz que tenha gostado. Seja bem vinda!

  • Helena disse:

    Bom, já estamos em 2012 e pelo visto não mudei de signo outra vez pois no ano em que nasci na data 21/07 era leão em 2001 os planetas seilá mudaram e a data foi para o dia 22 e aí já sou de cancêr apesar de minha personalidade ser igual ao de leão e agora teria que mudaar denovo ¬¬’ pra mim o signo não muda se no dia em que você nasceu aquele signo regia então ele faz parte de sua personalidade pro resto da vida!!!
    Ps.: gostei do blog!

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