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O tema de hoje é Depressão nos jovens. Já falei sobre a depressão em outros posts, mas é sempre bom abordar mais sobre esse tema tão importante e igualmente preocupante. Segundo os critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-IV), o diagnóstico de depressão deve considerar:

  • O estado deprimido: sentir-se deprimido a maior parte do tempo;
  • A anedonia: interesse diminuído ou perda de prazer para realizar as atividades de rotina;
  • A sensação de inutilidade ou culpa excessiva;
  • A dificuldade de concentração: habilidade frequentemente diminuída para pensar e concentrar-se;
  • A fadiga ou perda de energia;
  • Os distúrbios do sono: insônia ou hipersônia praticamente diárias;
  • Os problemas psicomotores: agitação ou retardo psicomotor;
  • A perda ou ganho significativo de peso, na ausência de regime alimentar;
  • As ideias recorrentes de desinteresse no futuro, pensamentos de morte ou suicídio.

Ainda conforme o DSM-IV, a quantidade de sintomas acima serve para classificar tanto a depressão como subclassificá-la em três tipos:
(1) Depressão menor,
(2) Distimia e
(3) Depressão maior.
Oportunamente, falarei destes tipos de depressão em postagens aqui no blog.
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A depressão nos jovens

Como estamos vendo, a depressão interfere drasticamente na qualidade de vida – seja dos jovens ou dos adultos – e impactam em altos custos de energia social e  psíquica. Para considerarmos que uma pessoa esteja com depressão, ela deve estar há pelo menos quatro semanas com mais de cinco dos sintomas listados acima. Obviamente deve-se ter cautela nesse momento, pois pode haver episódios e eventos traumáticos de grande proporção envolvidos, com relativa proximidade temporal, de modo que seriam aceitáveis a presença dos comportamentos depressivos devido ao impacto natural do contexto; por exemplo, o falecimento de um familiar.
Observe que a depressão propriamente dita seria o ápice de um quadro característico da queda de humor generalizado e presente na vida de uma pessoa por mais de quatro semanas consecutivas. Mas, até tornar-se depressivo, o jovem pode passar por dois outros estágios que normalmente antecedem a depressão: a melancolia e a tristeza.
Muitas vezes estes estados comportamentais confundem pacientes, familiares e até mesmo profissionais, por isso, devemos ficar atentos. Entenda.
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A melancolia e a Tristeza

A melancolia é um estado comportamental muito parecido com a depressão, porém com intensidade relativamente menor, duração e persistência também diminuídas, muitas vezes, sem razão aparente, mas certamente com uma causa que deve ser investigada para se ter consciência e, consequentemente, autonomia. É como se a melancolia fosse um estágio intermediário entre a tristeza e a depressão propriamente dita.
Por outro lado, a tristeza é pontual, passageira e, normalmente, com causas consciente ou inconscientemente específicas. Por exemplo, é natural que se você perder uma moeda de um dólar americano você fique triste (nível 1), pois o prejuízo seria equivalente a três reais. Para uma quantia um pouco maior, por exemplo, R$ 100,00, já seria possível alguém ficar melancólico (nível 2). Já o caso de Eike Batista é bem mais delicado, não é verdade? Se fosse comigo, seria nível 3 com certeza.

Ficar triste é normal

Vamos lembrar que quando ficamos tristes, introspectivos, melancólicos – em condições normais, obviamente – usamos esses acontecimentos e comportamentos para olharmos para nós mesmos, fazemos reflexões e procuramos meios para aprimorar nossos comportamentos e sair daquela situação ou fazer com que ela não volte a se repetir.
Em meu consultório, por exemplo, sempre recebo demandas de jovens com rótulos de depressão e fico impressionado como muitos pais perderam esse time de compreender seus filhos em função deles mesmos e do contexto em que vivem.
Lógico que também recebo muitos casos reais de depressão nos jovens, mas, em ambas as situações, todos precisam de ajuda e é importantíssimos que haja um diagnóstico diferencial para que seja encontrada a real demanda, a raiz do problema, o que mantém o comportamento que tanto incomoda os jovens e que também tanto preocupa os pais.
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Costumo pensar e planejar meus casos clínicos sempre considerando que se o comportamento mudou, certamente algo no contexto também mudou e é isso que deve ser focado, mesmo diante das preocupações e das evidências de que algo não vai bem. Afinal, não é normal um jovem que antes vivia alegre, feliz, participativo, de repente se isole no seu mundo e fuja de tudo que antes fazia parte da sua rotina. Por isso, não devemos nos contentar apenas com aquilo que vemos e sim ir em busca das causas dessa mudança, para fazermos intervenções eficientes e eficazes no processo. É como se essa mudança de comportamento fosse uma forma encontrada pelo jovem para pedir um help de forma indireta.
Se soubermos identificar e contextualizar cada emoção e cada padrão de humor em seu devido contexto, teremos ações muito mais eficazes, menos preocupações, mais alegrias e uma vida mais repleta de bem-estar. Acredito que somente com intervenção adequada teremos resultados melhores e mais produtivos.
A depressão nos jovens é altamente preocupante. Pense nisso.

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

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