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Atualmente, as redes sociais têm sido apontadas como o principal gatilho para a ocorrência das traições nos relacionamentos. É, sem dúvida, por meio desses recursos que a maioria das pessoas interage com conhecidos e desconhecidos a todo momento. Desse modo, precisamos entender como Instagram, Facebook, WhatsApp, aplicativos de paquera e outras redes sociais têm influenciado o fenômeno da microtraição. Conforme falei no post anterior (veja aqui), a microtraição é um termo novo para descrever um comportamento antigo. Ele surgiu para acompanhar a forma como as pessoas estão se comportando, especialmente nas redes sociais.

As traições e as Redes Sociais

Provavelmente, os mais jovens achem estranha esta afirmação. Houve um tempo em que ser infiel estava relacionado a uma mancha de batom no pescoço, a um cheiro diferente de perfume na camisa ou a um recibo incriminador no bolso da calça.

Na maioria das vezes, a suspeita de uma traição vinha apenas da intuição ou de flagras testemunhados pela vítima ou por terceiros. Com o surgimento das redes sociais, novas pistas e indícios de traição também passaram a ser considerados: mensagens inbox, curtidas e comentários nas fotos.

Da mesma forma, muitas delas nem chegam a ser classificadas como pista; são vistas como a própria prova do ocorrido. É o caso dos famosos prints, fotos e vídeos comprometedores que são compartilhados. A coisa chega ser tão precisa que, se seu namorado ficar com outra pessoa numa festa, instantes depois, você já recebe um dossiê completo da traição.

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O medo da traição

Um dos maiores temores para quem vive num relacionamento é, sem dúvida, a traição. No passado, as pessoas investiam em alguns comportamentos para driblar a possibilidade de serem traídas. Com o passar dos tempos, o temor deixou de ser a traição em si. O investimento passou a ter como propósito evitar os prováveis gatilhos que levam à traição, a chamada microtraição. Ou seja, demos um passo à frente. Passamos a combater previamente o mal pela raiz, antes mesmo que ele germinasse. Esse comportamento é chamado de “o medo de sentir medo”.

Medo do medo

O medo do medo afeta muitas pessoas, especialmente aquelas inseguras em seus relacionamentos. Por essa razão, as redes sociais tornaram-se o alvo perfeito para as patrulhas da insegurança. Nesse universo, as pessoas sentiram-se mais empoderadas para monitorar, perseguir e tentar controlar seus parceiros e seus relacionamentos. As invenções são cada vez mais críticas: contas fakes, perfis compartilhados, senha das redes do parceiro, além da investigação minuciosa sobre o que o parceiro ou parceira faz nas redes sociais.

Não por acaso, hoje, os aplicativos de paquera disponíveis nas redes sociais são vistos como o elo entre a intenção e a prática anunciada da microtraição.

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Microtraição e os aplicativos de paquera

Antigamente, mesmo que uma mera interação entre as pessoas despertasse nelas o desejo de pôr em prática um contato sexual, as coisas eram bem mais complexas. Ou seja, até o fato ser concretizado, havia um extenso contato e planejamento, além de muito envolvimento emocional. Como esse, muitas vezes, não era o principal interesse, várias pessoas não avançavam. Só para exemplificar, hoje, com a gama de aplicativos de paquera e sexo rápido, as coisas mudaram. Sair de um desejo para a prática em si tornou-se muito mais fácil. Sob o mesmo ponto de vista, os aplicativos de paquera são o terror para aqueles que temem as traições.

Como psicólogo e terapeuta de casais, tenho observado dois fenômenos interessantes sobre essa questão que envolve traição, microtraição, redes sociais e aplicativos de paquera.

  1. Muitas pessoas estão agindo impulsivamente. Em outras palavras, com a intenção de evitar o mal maior, a traição, elas estão fazendo verdadeiras atrocidades com suas vidas sentimentais e seus relacionamentos. Elas julgam, proíbem, brigam e ameaçam. Tudo isso sem sequer discutir temas tão polêmicos e relativos com seus companheiros. Ou seja, agem sem aprofundar o tema e conhecer a posição do outro sobre a questão da traição.

  2. Outro ponto é que muita gente tem tratado seus companheiros e companheiras com base, exclusivamente, em lendas urbanas, ainda que usando o argumento de evitar seus maiores medos pessoais, como é o caso do medo da traição. Pessoas que agem dessa forma podem estar trazendo problemas de terceiros para a vida do casal. Isso é, no mínimo, injusto.

Dica

Em resumo, é fundamental que cada pessoa consiga conhecer bem a si mesma e conhecer o máximo possível seu par. Somente de posse de tais conhecimentos é que você sentirá segurança para lidar com os momentos que, porventura, ameaçarem efetivamente seu relacionamento.

Por isso, não adianta culpabilizar as redes sociais e os aplicativos de paquera, nem pôr nomes novos para camuflar as deficiências da relação, que se resumem em uma palavra: insegurança.

Somente agindo adequadamente é que você conseguirá ter sucesso pessoal e sucesso na sua relação. Se para você tem tido dificuldades para conquistar o sucesso no relacionamento, busque ajuda.

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

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