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Muitas pessoas buscam terapia de casal quando o relacionamento está à beira do abismo da separação. No entanto, antes de alcançar esse estágio crítico, o casal precisa se atentar aos diversos sinais de alerta que surgem no dia a dia do relacionamento. Tais sinais indicam as necessidades fundamentais de melhoria na relação. Por isso, uma pesquisa publicada no Journal of Family Psychology desempenha um papel crucial nesse contexto. O estudo revela os motivos mais frequentes que levam os casais à separação, oferecendo insights valiosos sobre os conflitos presentes nos relacionamentos amorosos. Neste texto, destaco os principais sinais de alerta e discuto as estratégias para que os casais possam evitar o desfecho doloroso da separação. Afinal, identificar e compreender esses indícios podem ser essenciais para restaurar um namoro ou casamento em crise.

Enfrentando os conflitos que levam os casais à separação

De maneira geral, as pessoas têm uma visão equivocada sobre como lidar com os pontos de conflito que surgem nos relacionamentos amorosos. Nesse sentido, é comum que os casais evitem discutir e resolver os pontos de tensão que impactam a convivência. Diante desse dilema, muitos pares negligenciam os sinais de alerta que indicam ao casal aquilo que necessita de ajustes em prol do bem-estar comum e da sobrevivência do relacionamento. Na prática, os casais adiam o devido enfrentamento dos conflitos da relação. Ou seja, fingem demência e empurram os problemas do relacionamento para debaixo do tapete. Com efeito, acumulam tantas questões que tornam ainda mais desafiadora a resolução dos impasses que dificultam a evolução do namoro ou casamento.

Por outro lado, mesmo aqueles que consideram fundamental “discutir a relação” podem enfrentar dificuldades na comunicação do casal. Para muitos deles, a famosa e temida “DR” é algo improdutivo, visto que as tentativas de abordar os problemas do relacionamento sempre evoluem para brigas. Por isso, consideram a “DR” algo “chato” ou “desnecessário”. Na verdade, falta a esses casais o método certo para abordar temas tão delicados. Por isso, a terapia de casal pode ser um instrumento fundamental para auxiliá-los a desenvolver habilidades que tornem a relação mais saudável. Afinal, resolver os conflitos na relação passa, necessariamente, por enfrentar e superar os desconfortos presentes no convívio.

Quando o casal percebe alguns incômodos no relacionamento e negligencia esses desconfortos, pode empurrar o casamento para o precipício da separação.
Quando o casal percebe alguns incômodos no relacionamento e negligencia esses desconfortos, pode empurrar o casamento para o precipício da separação.

Refletindo sobre os conflitos nos relacionamentos

Além de investir em meios mais adequados para construir diálogos mais proveitosos no relacionamento, é fundamental reconhecer os sinais de alerta que podem precipitar o casal no abismo da separação. Por isso, um estudo publicado no Journal of Family Psychology é relevante. Após entrevistar centenas de casais em vários países, incluindo o Brasil, os pesquisadores identificaram os 12 principais motivos que levam os casais à separação. Assim, por meio deste parâmetro, é possível compreender os principais motivos que levam casais ao fim do relacionamento. Além disso, tal estudo pode servir de guia para que os casais façam um checklist, a fim de avaliar os conflitos presentes em seus convívios amorosos. Dessa forma, os casais terão a chance de trabalhar cada um desses pontos antes mesmo que eles se acumulem e coloquem o casamento na beira do precipício da separação.

Motivos que levam os casais à separação

Segundo o levantamento do Journal of Family Psychology, os 12 principais motivos que levam os casais à separação são:

  • Crescimento individual, não como casal
  • Discussões e brigas
  • Infidelidade
  • Falta de respeito
  • Interesses diferentes
  • Mudanças de residência
  • Problemas financeiros
  • Não dividir as tarefas domésticas
  • Dificuldade com a intimidade sexual
  • Violência doméstica
  • O parceiro ou parceira não quer ter filhos
  • Uso de álcool/drogas/apostas

De maneira geral, entre os motivos destacados pelo estudo, ressalta-se a ideia de que, mesmo quando um dos parceiros progride mais na carreira ou tem um maior ganho financeiro, se isso não refletir positivamente no casal ou na família, pode gerar um desequilíbrio significativo, tornando-se o principal motivo para a separação. Por exemplo, se a mulher recebe um salário consideravelmente maior que o do seu marido, mas os filhos frequentam uma escola de qualidade inferior devido à capacidade financeira menor do marido, isso limita a vida familiar, criando um desequilíbrio na relação mesmo com o avanço de um dos parceiros. Esse ponto, conforme o estudo, ultrapassa conflitos mais comuns que levam ao divórcio, como críticas, discussões, infidelidade ou divisão desigual das tarefas domésticas.

De qualquer modo, é importante notar que muitas das características listadas podem ser identificadas nas fases iniciais do relacionamento, desde a fase da paquera. Por exemplo, se o parceiro ou parceira quer ter filhos. Isto é, embora as pessoas possam mudar de opinião a qualquer momento, um fator tão relevante como este pode ser abordado e discutido precocemente, evitando possíveis conflitos no futuro do casal. Portanto, conhecer e compreender os próprios interesses, bem como os do parceiro, é fundamental para investir e fortalecer o relacionamento. Observar os motivos pelos quais muitos casais se separam pode servir como um guia para identificar quais desses pontos precisam de atenção e cuidado ativo. Isso, a fim de evitar conflitos que possam comprometer a existência do relacionamento.

Muitos casais temem "discutir a relação" por receio de aumentar o conflito. Na verdade, eles não fazem a "DR" de maneira adequada.
Muitos casais temem “discutir a relação” por receio de aumentar o conflito. Na verdade, eles não fazem a “DR” de maneira adequada.

Terapia de casal: superando os conflitos para salvar o casamento

Sem dúvida, as pessoas notam os pontos de conflito e divergência na construção do relacionamento. No entanto, diante da falta de repertório ou do receio de abordar tais questões, os casais adiam enfrentar e ajustar esses pontos, o que aumenta a possibilidade de uma fatídica separação. Para evitar que os casais alcancem esse abismo, é fundamental trabalhar esses conflitos, a fim de que a relação seja próspera, representando bem-estar e harmonia no casamento.

Por isso, é fundamental salientar que todas as questões pontuais devem ser tratadas no relacionamento, para que os conflitos sejam superados um a um, conforme forem surgindo. No entanto, aqueles casais que não têm repertório para abordar adequadamente essas questões ou não sabem ter uma discussão de relação adequada e produtiva para o relacionamento, podem recorrer à terapia de casal. Esse modelo de psicoterapia voltada ao casal e ao relacionamento é um recurso excelente que pode subsidiar o casal a construir e manter um casamento de maneira saudável e sustentável. Afinal, quando o casal reconhece seus conflitos e compreende que não conseguem ajustar o relacionamento sozinhos, é crucial investir um suporte profissional para colocar o relacionamento novamente nos trilhos. Pense nisso!

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

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