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Você ronca ou dorme ao lado de alguém que ronca? Talvez isso seja um sinal de Apneia Obstrutiva do Sono (AOS). Pessoas com essa condição costumam roncar intensamente durante a noite e frequentemente vivenciam episódios de aparente asfixia ou sensação de afogamento durante o sono. Esses episódios impactam a saúde física e emocional do paciente, mas também têm reflexos diretos na vida de quem dorme ao lado. Quem vive essa realidade sabe que esses episódios fragmentam o sono do cônjuge e provocam mal-estar durante o dia, manifestado por sonolência, cansaço, irritabilidade e dificuldades de cognição e memória.

Dormir ao lado de alguém com AOS pode ser mais desafiador do que muitos imaginam. Presenciar paradas respiratórias durante o sono é angustiante e, muitas vezes, assustador. Essas pausas, causadas pelo colapso ou obstrução das vias aéreas, interrompem o descanso de ambos, gerando noites mal dormidas e dias repletos de irritabilidade e tensão. Com o tempo, esses fatores afetam não só a saúde dos envolvidos, mas também a dinâmica do relacionamento. Por isso, é essencial compreender mais sobre a AOS e seus impactos na vida do casal.

O que é Apneia Obstrutiva do Sono

A AOS é uma condição séria, caracterizada por interrupções repetitivas na respiração que duram de alguns segundos a minutos. Em termos simples, a pessoa para de respirar enquanto dorme, o que pode ocorrer várias vezes durante a noite. Essas pausas são causadas pelo fechamento parcial ou total das vias aéreas.

Entre os sintomas mais comuns estão ronco intenso e despertares frequentes com sensação de sufocamento, que deixam a pessoa cansada e sonolenta durante o dia. Muitas vezes, o ronco é subestimado e tratado como algo “normal”. No entanto, ele pode ser um sinal de um problema de saúde grave que impacta não apenas o paciente, mas também o parceiro, prejudicando a qualidade de vida e a convivência do casal.

Uso do CPAP: uma solução eficaz para tratar a apneia obstrutiva do sono e promover noites tranquilas para o casal
Uso do CPAP: uma solução eficaz para tratar a apneia obstrutiva do sono e promover noites tranquilas para o casal

Quando o problema do sono vira conflito no casal

Certa vez, atendi em meu consultório um casal que estava à beira da separação. Brigavam por tudo, e a irritação parecia não ter fim. Durante as sessões, descobri que ambos estavam sofrendo com noites mal dormidas: ele tinha apneia obstrutiva do sono, com roncos altos e paradas respiratórias frequentes que interrompiam o descanso de ambos. A privação de sono resultava em cansaço extremo e conflitos diários, alimentando a tensão na relação. Inclusive, eles tinham visto uma matéria na TV com a sugestão de dormirem em quartos separados, mas não gostaram do nome desse manejo, chamado de “divórcio do sono”.

Minha conduta foi encaminhá-lo a um médico do sono, que diagnosticou a AOS e recomendou o uso do CPAP (Continuous Positive Airway Pressure), um aparelho que mantém as vias aéreas abertas por meio de fluxo contínuo de ar, auxiliando na respiração noturna e evitando o fechamento das vias aéreas. Com o tratamento, a qualidade do sono e da convivência melhorou significativamente.

Esse caso mostra como muitas pessoas tentam resolver o problema por conta própria, mas acabam optando por soluções paliativas, como dormir em quartos separados. Essa prática, conhecida como “divórcio do sono”, é frequentemente mencionada como uma estratégia para evitar o desconforto, mas não resolve o problema central: a apneia. Inclusive, escrevi um post aqui no site e um capítulo de livro sobre como essa abordagem é paliativa e é difundida com um nome que afasta aqueles que veem sentido nessa estratégia. Por isso, sugeri que o manejo fosse chamado de “aliança do sono”, um modo de ressignificar o termo para ajudar casais que veem sentido nessa estratégia, sem o estigma cultural associado à palavra “divórcio”.

Noites mal dormidas e papel da terapia de casal: um olhar ampliado

Essa experiência ilustra como é essencial que a terapia de casal vá além dos aspectos emocionais e investigue fatores menos óbvios, como problemas de saúde que afetam a convivência. Na minha prática, procuro abordar essas questões de forma integrada, considerando como condições físicas, como a apneia, influenciam o relacionamento. Afinal, a privação de sono causada pela AOS, como no caso citado anteriormente, pode amplificar discussões, irritabilidade e distanciamento emocional. No entanto, ao tratar a causa raiz, é possível fortalecer os laços e promover uma convivência mais saudável e harmoniosa entre os parceiros.

Quando procurar ajuda?

Se você ou seu parceiro enfrentam dificuldades relacionadas ao sono, como ronco ou cansaço persistente, não ignore os sinais. Buscar ajuda especializada pode transformar não apenas a qualidade do descanso, mas também a harmonia do relacionamento. Assim como no caso do casal que relatei, tratar a apneia obstrutiva do sono com acompanhamento médico e terapia de casal pode melhorar a qualidade de vida individual e salvar a relação.

Você conhece alguém que sofre com a presença do ronco ou da AOS no casamento? Confira outros textos aqui no site e siga minhas redes sociais para saber mais!

Elídio Almeida

psicólogo CRP 03/6773

Elídio Almeida, psicólogo em Salvador, é graduado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA), especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos e pós-graduado em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo atendimento psicológico a casais e psicoterapia individual para adultos. Realiza atendimentos presenciais em Salvador-BA e online para pessoas de todo o Brasil.

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