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Hoje li uma notícia que me fez lembrar um comportamento muito comum que a maioria das pessoas têm: reforçar o comportamento inadequado das outras pessoas. Muitas vezes, ao fazer isso, temos as melhores intenções, mas as consequências podem ser ainda mais desagradáveis.

A notícia dizia que a cantora Beyoncé, que está em turnê pelo Brasil, em seu show no último domingo, 15/09, em São Paulo, foi derrubada por um fã.

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Comportamento inadequado

A cantora interpretava a canção “Irreplaceable”, depois de cerca de uma hora de apresentação, quando foi puxada por um fã e chegou a cair no palco – nesse momento, ela estava sobre uma plataforma que se estendia até a área da plateia. Assim que o incidente ocorreu, seguranças imediatamente colocaram Beyoncé de volta ao palco. “Está tudo bem, está tudo bem”, disse a cantora, sem perder a simpatia. Em seguida, ela foi até o fã que a puxou, perguntou seu nome e falou: “prazer em conhecê-lo” (fonte).

Embora algumas pessoas possam até pensar que o garoto teve a intenção de agredir a cantora, a história é bem diferente.

O garoto de 18 anos diz que tentou conhecer a cantora de várias formas: “mandei e-mail para os dançarinos, mensagem para os músicos da banda, fui na porta das rádios paulistas que estavam fazendo promoção… Tentei tudo, mas era impossível. Até que pensei: Vou subir no palco” (fonte).

Segundo estas informações, podemos perceber que o garoto teve várias tentativas consideradas adequadas para se aproximar da cantora e ter um contato mais intimista com ela.

Talvez você concorde comigo que puxar alguém à força não seja a melhor forma de demonstrar que gosta da pessoa ou que deseja um pouco de sua atenção. Ao menos eu, não gostaria de ser abordado por alguém dessa maneira! E você?

É aí que reside a questão. Se não queremos ser abordados de uma maneira tão abrupta como essa, por que reforçarmos quando isso acontece? Pois é, foi isso que a Beyoncé fez!

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É errado, mas o resultado é “bom”!

“Está tudo bem, está tudo bem”, disse a cantora. Em seguida, ela foi até o fã que a puxou, perguntou seu nome e falou: “prazer em conhecê-lo”. Com isso, finalmente, o garoto conseguiu o que tanto queria, talvez, inclusive, tendo menos esforço e gastando menos tempo, em relação as investidas anteriores. Dessa forma, pode ter aprendido: “quando eu quiser a atenção dela [ou de outra pessoas em situação semelhante] já sei o que fazer para ter o resultado que eu quero”. E as consequências não param por aí…

Quantas daquelas pessoas que estavam ali presentes não gostariam que a Beyoncé olhasse para elas, sorrisse e até mesmo perguntasse seu nome?  Quantas daquelas pessoas não gostaria de se tornar notícia em vários sites, jornais, revistas ou um dos assuntos mais comentados das redes sociais? Imagino que a maioria.

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Ops!!!! Será então que elas, em algum momento podem repetir o modelo do garoto? Creio que sim, afinal de contas deu super certo, não é verdade?! Sim, inadequado, porém eficaz!

Observe que a forma simpática como Beyoncé contornou a situação é muito parecida com a que muitas vezes nos deparamos. Alguém faz algo que não gostamos e ao invés de ignorarmos ou pedir um comportamento mais adequado, fazemos exatamente do contrário e com isso ensinamos as pessoas a sempre agir de forma inadequada conosco.

Ainda que venhamos a reclamar da postura que muitas pessoas têm conosco, precisamos nos perguntar se estamos contribuindo (ou não) para isso volte a se repetir.

Parabéns a Beyoncé, pelo gesto de gentileza, mas fica uma dica: se continuar reforçando seus fãs quando eles se comportarem dessa maneira, talvez você possa ter problemas futuros. [Ri ao escrever essa dica!]. 

Para que a situação fosse conduzida de forma evitar o comportamento inadequado, seria interessante que ela cumprimentasse o rapaz, agradecesse a intensão do “carinho”, mas que não fizesse daquela forma, pois ela ficou assustada e os seguranças poderiam agir causando algum prejuízo para ele. Tecnicamente chamamos isso de reforçamento diferencial, ou seja, elogiamos o que precisa ser elogiado, mas ao mesmo tempo procuramos corrigir o que precisa ser corrigido. Quando o samos o reforçamento diferencial, minimizamos a incidência de comportamento inadequado.

Para você que leu esse post, reflita se você lida de forma adequada com os comportamentos inadequados que as pessoas têm com você; ou se na tentativa de ser agradável está reforçando essa pessoa a fazer cada vez mais a mesma coisa. Pense nisso!

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

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