Paul Valéry propôs um pensamento que reflete a realidade de muitos namoros e casamentos: “quem não pode atacar um argumento ataca o argumentador”. Essa ideia, evidentemente, retrata um método inadequado de lidar com os conflitos inerentes a qualquer relação. Apesar disso, tal lógica é amplamente utilizada por casais imaturos que, diante da dificuldade para estabelecer uma comunicação assertiva, ofendem seus pares. Isso ocorre sob a ilusão na qual diminuir ou outro seria o caminho para não acatar pontos de vista diversos do seu.
Machucar de volta não resolve os problemas. Casais imaturos precisam compreender isso
Ambroise-Paul-Toussaint-Jules Valéry foi um filósofo, escritor e poeta francês da escola simbolista. Em sua vasta obra, Paul Valéry traduz com precisão aquilo que ocorre no dia a dia de muitos relacionamentos. Afinal, ele, o filósofo, suscita que aqueles que atacam o argumentador e não o argumento, age desse modo em razão da incapacidade de combater o discurso apresentado. Dito em outras palavras, trata-se do típico comportamento daqueles membros que compõem casais imaturos que reagem de maneira agressiva, quando parceiro/parceira tenta comunicar alguma insatisfação do convívio amoroso. Por exemplo, pesam nas críticas pessoais, se excedem no julgamento moral ou resgatam episódios equivocados do passado. Ou seja, são pessoas sem maturidade emocional para lidar com as questões do relacionamento. Por isso, recorrem a tudo que possa diminuir o outro. Com efeito, produz-se um ambiente de competição, no qual as ofensas geram cada vez mais conflitos e distanciamento entre o casal. Afinal, machucar de volta não resolve os problemas do namoro ou do casamento.
Vale tudo para não acatar o ponto de vista alheio?
Teoricamente, todos sabem que diminuir o outro jamais será a solução para os conflitos da relação. Contudo, infelizmente, essa lógica é amplamente utilizada por homens e mulheres, especialmente entre casais imaturos, que se deparam com os dilemas inerentes ao convívio a dois. Pessoas desse grupo, erroneamente, acreditam que ouvir e acolher a dor ou angústia do outro seria uma afronta inadmissível. Na prática, pensam mais ou menos assim: “para me proteger, vou fazer com que ela/ele sinta-se mal. Com isso, me livro de ter que concordar o argumento apresentado, mesmo que ele faça sentido“.
Como se percebe, essa é uma postura imatura e egoísta que tende a despertar na pessoa agredida a motivação para abandonar o argumento inicial que, geralmente, ocorre em prol da melhoria do relacionamento. Além disso, dois efeitos são corriqueiramente apresentados por aqueles que tentam falar sobre os problemas da relação, mas são agredidos nessa tentativa:
- Podem regredir e calar-se de modo inassertivo.
- Revidar em intensidade igual ou superior.
Assim, frequentemente, cria-se um leilão onde o casal entra numa disputa para ver quem consegue agredir mais. Desse modo, partem para atos cada vez mais agressivos. Infelizmente isso é muito comum em casais imaturos. Por isso, é fundamental que os casais desenvolvam novas habilidades para abordar os conflitos do relacionamento.
Não se calar, muito menos machucar de volta
Casais que enfrentam dificuldade para dialogar sobre os problemas do namoro ou casamento devem compreender que abordar esses dilemas é fundamental para o sucesso da relação. Inclusive, é crucial recorrer a ajuda profissional para intervir nessa questão, levando os casais imaturos à evolução. No entanto, diante da dificuldade para falar sobre os incômodos e angústias da relação, muitas pessoas optam pelo silêncio. Isto é, guardam para si aquilo que está lhe causando dor. Porém, esse modo inassertivo não é sustentável. Assim, quando já não suportam mais sofrer caladas, essas pessoas tentam, de alguma maneira, expressar suas insatisfações. Contudo, infelizmente essa tentativa é recebida, por praxe, com agressões e atitudes que visam diminuir o companheiro ou companheira.Obviamente, esse modo inadequado de abordar os conflitos da relação é completamente prejudicial. Por isso, aqueles que escolhem ofender seu par, demonstram sua completa maturidade nesta questão para abordar os problemas do namoro ou do casamento. Por esse motivo, Valéry tem razão.