No post anterior comentei sobre a ofensa feita pela Lupo para o público homossexual, por meio de sua campanha estrelada pelo jogador Neymar. Em nota, a empresa de peças íntimas defende-se e insiste em que não houve discriminação e nem homofobia em sua campanha.
Veja a íntegra da nota abaixo:
“A Lupo vem a público para esclarecer que em nenhum momento promoveu qualquer tipo de preconceito ao levar ao ar o comercial de televisão “Aparecimento”, estrelado pelo jogador Neymar e que divulga a nova coleção de cuecas da Lupo. Já na concepção do comercial, que está sendo veiculado no intervalo dos principais programas de televisão, o personagem alvo da polêmica não teve qualquer conotação homossexual. A graça do comercial é exatamente essa: um sujeito fortão, heterossexual, procura uma cueca sexy para usar – subentende-se – com uma mulher. E a reação de Neymar é sair de cena. A ideia foi dar um tom brincalhão e brasileiro ao filme.
A Lupo reitera sua rejeição a qualquer tipo de preconceito e garante seu respeito a todos os consumidores de seus produtos, independentemente de classe social, nacionalidade, religião e orientação sexual. A empresa fabrica produtos para todos os públicos e não faria o menor sentido excluir qualquer público de suas lojas e muito menos denegrir a imagem dos homossexuais”.
É lamentável uma empresa da dimensão da Lupo ser tão ignorante em relação ao universo homossexual. Talvez a Lupo não saiba, mas não há graça em considerar que um homossexual deva ser fraco, afeminado… (contradizendo os próprios adjetivos presentes na nota divulgada para contrapor-se à acusação de homofobia).
Além disso, cabe questionarmos o que leva à conclusão que o personagem em questão usaria a cueca com uma mulher e não com outro homem, o qual poderia ser seu namorado ou esposo. Só porque ele é forte e tem voz grossa seria hétero? Lupo, assim fica ainda mais complicado!
Quero aproveitar a oportunidade e apresentar à Lupo este homem na foto abaixo. Assim como a personagem usada no vídeo da campanha ele é fortão e foge completamente do estereótipo que a empresa demonstra possuir sobre os homossexuais. Esse homem na foto abaixo é gay. Será que ele poderia chegar na loja apresentada no vídeo e pedir uma cueca sexy do Neymar (para usar com seu namorado)? Creio que sim. Será que no mesmo comercial a Lupo iria tentar seduzi-lo ou sairia de fininho?
Brincadeira? Talvez a Lupo precise aprender que é justamente em tom brincalhão que se disseminam muitas ofensas e atos de preconceito e discriminação, sejam de conotação social, econômica, racial, de gênero, e é claro, sexual. Ainda que seja um (mau) hábito tipicamente brasileiro brincar com os sentimentos alheios e com as diferenças, a empresa peca novamente ao assumir que teve a intenção de “brincar” com algo tão sério e extremamente danoso para nossa sociedade. E todas as pessoas são prejudicadas com isso. Por isso, devemos ficar atentos e acompanhar os desdobramentos destas e outras “campanhas”.