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Dizem que na Bahia é carnaval o ano inteiro. Seja como for, é fato que nos dias do reinado de Momo a folia ganha um brilho ainda mais especial. Afinal, algumas pessoas costumam renunciar a determinadas regras e convenções sociais, sob o pretexto de aproveitar ao máximo a folia carnavalesca. Por isso, especialmente diante desse contexto, é pertinente discutir dois conceitos importantes para a psicologia: as regras e o sentimento de culpa.

A vida guiada por regras e consequências

As relações sociais, de modo geral, são regidas por regras. Para a psicologia comportamental, as regras ou crenças seriam tudo aquilo que indica e determina as condutas e lógicas estabelecidas pelo corpo social ou pela própria pessoa. Tal ação visa, obviamente, a obtenção de resultados, conforme o interesse ou a situação apresentada. Por exemplo, muitos homens e mulheres tomam para si a regra: “se ocorrer uma traição, termino o relacionamento”. Há, também, regras criadas pela própria pessoa: são as autoregras. Ou seja, todas as pessoas vivem a maior parte da vida tentando equilibrar as possibilidades de comportamento que lhe são apresentadas; sejam possibilidades propostas pelo contexto ou criadas pela pessoa.

Seja como for, para muitas pessoas, especialmente em períodos como o carnaval, impera a regra que diz: esqueça de todas as regras e se divirta ao máximo. Muitos levam isso tão a sério que enfrentam sérias consequências por extrapolar em tais circunstâncias. Ou seja, enfrentam o chamado sentimento de culpa ao passo que outros temem de tal modo esse desdobramento que se privam da experiência.

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Pensar nas consequências é uma maneira mais adequada de aproveitar a folia.

Carnaval, privação e a fuga da realidade

Sentir-se privado de algo leva muitas pessoas a desencadearem uma série de comportamentos e sentimentos como: frustração, ansiedade, raiva, angústia… Por isso, eventos que provocam a flexibilização das regras e autoregras, como é o caso do carnaval, torna-se um contexto no qual deve haver ponderação de alguns fatores. Isso se deve, especialmente, às consequências que podem ser enfrentadas depois da folia. Afinal, a fantasia, no sentido mais amplo da palavra, é uma das principais características do carnaval. Assim, ela, a fantasia, cumpre a função de trazer à tona desejos privados em outros momentos do cotidiano. Desse modo, o carnaval torna-se um catalisador de diversos comportamentos represados. Afinal, está intrínseco que lúdico se opõe à realidade, de modo que muitos se valem de tal argumento para se desprender das regras e autoregras que imperam ao longo dos demais dias do ano.

Outro aspecto que deve ser evidenciado é a utilização de bebidas alcoólicas e outras drogas durante o carnaval. Essas substâncias, dentre outros efeitos, provocam uma redução da censura e um maior desprendimento dos controles pessoais e sociais no comportamento. Isso, sem dúvidas, favorece um desligamento ainda maior “do mundo real”. Desse modo, é fundamental atentar também às possíveis consequências destas escolhas.

Não saia do controle

Conforme visto, o equilíbrio entre a razão e a emoção é crucial. Por isso, duas recomendações são imprescindíveis. A primeira delas, sem dúvidas, é pensar nas consequências das escolhas tomadas em cada ação. Inclusive, aquelas que surgem no calor do momento; típico de eventos como o carnaval. Em segundo lugar, obviamente, todos devem ir às ruas para se divertir e o respeito para com o outro é imprescindível. Afinal, todos são livres para escolher aquilo que deseja para si e ninguém pode arbitrar sobre o outro. Do mesmo modo, qualquer decisão acarretará consequências. Ou seja, algumas escolhas podem trazer consequências aceitáveis ou facilmente administráveis. Outras, contudo, podem ser complexas e danosas para si e para o próximo.

Por isso, mesmo que seja por uma fração de segundos, reflita sobre sua forma de agir. Seguindo esses preceitos, certamente a folia será melhor para todos e ninguém precisará enfrentar a temida ressaca moral, sentimento de culta ou outras consequências danosas. Bom carnaval a todos.

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

2 Comments

  • NILL NORTON disse:

    Sensacional…BELO TEXTO… Muito bom mesmo…COMO É BOM A GENTE LER ESSES TEXTOS, ESSAS OPINIÕES…APRENDE MUITO COM ISSO..OBRIGADO DR…ABRAÇOS NILL

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