O leitor Lucas França me escreveu solicitando um post sobre a diferença entre ambição e ganância. Achei a sugestão fantástica, especialmente por poder abordar aqui no blog dois comportamentos com os quais convivemos quase que diariamente em muitos contextos e ambientes do nosso dia a dia.
Qual a diferença entre ambição e ganância?
Antes de escrever o que penso sobre esses comportamentos, dei uma olhada em como eles são classificados em alguns dicionários da língua portuguesa. No geral, eles são descritos da seguinte forma:
Ambição:
1 Desejo de riquezas, de poder, de glória ou de honras.
2 Aspiração, desejo veemente, pretensão.
3 Cobiça.
Ganância:
1 Ação ou efeito de ganhar.
2 Ganho, lucro.
3 Juros pagos pelo mutuário.
4 Onzena, usura.
5 Ambição desmedida.
6 Ganho ilícito.
E, assim, pude perceber que semanticamente que ambos os comportamentos possuem em comum a intenção de aquisição de algum bem ou ganho de algo. Porém – na ganância – parece haver um exagero nesta ação, que demonstra o interesse no ganho acima de qualquer fator, fazendo com que este comportamento seja um agravamento da ambição.
Seria algo como pensar em uma pessoa que deseja tornar-se um político e chegar à presidência do país (ambição). Mas – ao chegar na posição pretendida – faz qualquer tipo de acordo ou negociação para manter-se no poder (ganância).
Ambição x Ganância
Sabemos que – no cotidiano – muitas pessoas agem com ganância mesmo quando elas têm a intenção de serem apenas ambiciosas. Este fato demonstra que a função ou a forma como a ação é conduzida caracteriza o ato muito mais do que a semântica da palavra usada para descrever esta ação. Em outras palavras, é como se enxergássemos uma pessoa afirmando ser apenas ambiciosa, mas que suas ações demonstram muito mais o comportamento ganancioso.
Embora poucas pessoas percebam estas falhas (ou contradições) que comumente ocorrem nesse tipo de situação, elas são muito mais comuns do que imagina-se e estão presentes em vários contextos.
Para se ter ideia, ouço muito no consultório algumas pessoas com demandas do tipo: “odeio meu trabalho, estou há mais de 5 anos sendo perseguido pelo meu chefe. O ambiente de trabalho é horrível, ganho pouco, as pessoas são falsas, o trabalho me consome todas as energias… Não tenho tempo pra fazer nada para mim, chego em casa morto de cansado…”
Bem, se a gente se ater apenas ao discurso, à forma como a situação é caracterizada, entenderemos que uma pessoa com essa demanda teria o pior trabalho do mundo, não é verdade? Mas, se você se pergunta: Será que é tão ruim assim mesmo? Sendo assim tão “horrível” por que essa pessoa está passando por isso há pelo menos cinco anos? Qual seria a função dessa fala ou dessa caracterização do trabalho?
Dessa forma, tentando enxergar o lado “B” das coisas, aquele em que a compreensão da função da ação – muitas vezes implícita – fala mais do que a palavra em si, podemos compreender muito mais sobre os comportamentos e sobre as pessoas que se comportam naquele contexto. Por isso, meu caro Lucas, segue aqui duas dicas importantes:
Ambição e ganância na expressão dos sentimentos
É fundamental sabermos classificar o comportamento em A ou B, no nosso caso, se ambição ou ganância. Mais importante ainda é enxergar além da verbalização. Alguém pode até se autodenominar ambicioso, mas são suas ações que trarão o entendimento e a classificação adequada do comportamento. Por isso é importante saber expressar seus sentimentos e emoções adequadamente.
Se você também tem uma dúvida, uma crítica ou sugestão, faça como o Lucas, escreva para mim.