Superar dificuldades ou resolver problemas é uma questão de perspectiva. Por isso, nada melhor do que um profissional habilitado para enxergar a perspectiva correta da questão e trazer o melhor resultado possível.
Ultimamente tenho refletido bastante sobre o papel do psicólogo nos atendimentos clínicos e me deparei com algo que me trouxe vários insights. Hoje assisti a um vídeo na internet que me fez refletir sobre o papel do psicólogo, enquanto psicoterapeuta, e de como o olhar profissional sobre o comportamento é fundamental para a compreensão eficaz dos problemas.
Tudo é uma questão de ponto de vista, por isso, se seu olhar sobre os fenômenos for inadequado, seus comportamentos e resultados também serão. Veja o vídeo:
A brincadeira é um viral na internet. Veja outras performances aqui.
Certamente você conhece aquele ditado que diz: “de médico e louco, todo mundo tem um pouco”. Pois é, parece que todo mundo tem um pouco de psicólogo também. É muito comum as pessoas acharem que têm total conhecimento sobre seus comportamentos e sobre os comportamentos das outras pessoas. Essa crença parece ser tão forte na nossa cultura que as pessoas, na maioria das vezes, se sentem autorizadas e acreditam que possuem conhecimentos suficientes para compreender, avaliar, interpretar e julgar comportamentos, pensamentos, expressões faciais e atitudes (suas e alheias). Quando isso ocorre o resultado é quase sempre ruim, pois, muitas vezes, as pessoas partem para ações e intervenções sérias, baseadas apenas em inferências sem qualquer comprovação e veracidade. Por isso é sempre recomendado a opinião pautada na observação neutra de um profissional.
Durante o processo terapêutico é muito comum as pessoas descobrirem que sua visão e ações, acerca de todo universo dos problemas que vivem ou viveram, estava equivocada e que a falta de análise e de comportamentos adequados lhes levaram à situações extremamente desagradáveis e difíceis.
Isto ocorre porque, muitas vezes, as pessoas chegam ao consultório com rótulos criados e absorvidos por elas mesmas ou com rótulos atribuídos pelos parceiros e parceiras, pelos pais, pelas escolhas ou até mesmo por informações equivocadas oriundas de fontes de pouca credibilidade. Ou seja, todo mundo, inclusive você, tem uma opinião sobre tudo e todos.
Eis um exemplo que pode ilustrar melhor o que estou dizendo:
Certa vez uma garota me foi apresentada com a seguinte informação: “ela tem TDAH“. Ao tentar entender melhor o caso perguntei aos pais como era o comportamento dela e ouvi queixas como: inquieta demais, desatenta, agressiva, sempre com reclamações da escola e desinteressada. Em seguida lhes perguntei por que afirmaram que a garota possuía TDAH e eles responderam-me que uma professora suspeitou da existência do transtorno e, por isso, encaminhou a menina para o psiquiatra parceiro da escola que, certamente confiando no olhar e nas observações da professora, diagnosticou que seria um caso de Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, o TDAH.
Desde então a menina passou a tomar drogas pesadas em função do “transtorno” que possuía. Após alguns anos, os remédios começaram a provocar efeitos colaterais e, por isso, a garota foi conduzida à psicoterapia. Depois de alguns meses de terapia, concluiu-se que a paciente, na verdade, possuía um potencial cognitivo muito avançado e, devido a isso, a maioria das tarefas escolares e as atividades em outros ambientes eram fáceis demais para ela, sendo, por isso, desinteressantes.
Devido a sua caracterítica cognitiva, a garota apresentava comportamentos atípicos que foram mal interpretados pelas pessoas que conviviam com ela. Tudo poderia ter sido diferente se ocorresse um olhar diferenciado, desde o início, sobre a situação.
Assim como os ângulos da imagem no vídeo acima nos levam a percepções e conclusões distintas, talvez possamos estar repetindo esse hábito em várias situações. Por isso é importante termos clareza sobre os fatos antes de opinaarmos. Porém nem sempre conseguimos adquirir esta clareza sozinhos, por isso é recomendável buscarmos ajuda. Como sempre digo aos meus pacientes: para termos resultados diferentes precisamos ter comportamentos diferentes. E devemos enxergar melhor os fatos.
Ilusão de ótica: uma questão de perspectiva
Dizem que, após seis cervejas, a pessoa passa a ver tudo diferente. E alguns passam a falar até melhor. Parece que muitos se apegam a este fato, ingressando em uma fantasia de encorajamento e ilusão, o que acaba sendo inadequado.
Na Psicoterapia a proposta é que obsevermos todas as possibilidades de uma situação, da pior até a melhor, pois, desta forma, teremos um conhecimento aprofundado e um melhor domínio sobre nossos comportamentos e ações.
Lembre-se: tudo é uma questão de perspectiva e seu sofrimento pode ainda não ter tido a análise adequada.