O Brasil é o país com a maior taxa de pessoas com transtornos de ansiedade no mundo. Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde, cerca de 24% dos brasileiros têm algum transtorno de ansiedade. Tal constatação, obviamente, é preocupante e deve ser refletida. Inicialmente, é importante compreender que sentir ansiedade em determinados contextos é normal e necessário à sobrevivência. Afinal, é por meio dos sinais da ansiedade que as pessoas percebem as inadequações relacionadas ao ambiente. Isso, sem dúvidas, contribui para buscar soluções ou adequação às adversidades. Contudo, mesmo nos casos considerados normais, a experiência ansiosa deve ser pontual e lincada a algum evento ou contexto. Ou seja, quando a ansiedade é aparentemente desconexa ou se torna uma constante, pode indicar algum transtorno comportamental ou psicológico. Por essa razão, os quadros ansiogênicos preocupam e devem ser tratados adequadamente com ajuda de um profissional.
Ansiedade normal e patológica
Conforme dito anteriormente, todas as pessoas vão enfrentar experiências ansiogênicas em vários momentos da vida. Tal ocorrência é esperada e absolutamente normal. Por exemplo, é natural que ao apresentar um trabalho ou falar para um grupo de pessoas desconhecidas gere alguma ansiedade. No entanto, quando as preocupações, o estado emocional alterado e os medos são constantes, fica evidente que a ansiedade experienciada em tal circunstância não é adequada. Isto, pois, ela acarreta danos significativos àqueles que passam por esta situação.
Dito em outras palavras, viver constantemente sob efeito da insegurança interfere na capacidade da pessoa gerenciar as situações desconfortáveis, relaxar e levar uma vida normal. Ou seja, os estados de ansiedade e preocupação perturbam a visão que a pessoa tem a respeito de si mesma e daquilo que acontece no ambiente. Por isso, é necessário conhecer e ter o controle sobre o comportamento ansioso, bem como distinguir o estado considerado normal do patológico.
A evitação e o efeito bola de neve
A ansiedade patológica é aquela que inviabiliza a atuação da pessoa diante de determinados cenários. Isso faz com que ela evite ou deixe de executar algumas tarefas do seu cotidiano. Por exemplo: embora seja considerado normal que uma pessoa sinta-se ansiosa ao falar para um determinado público, há quem fuja ou não consiga viver esta experiência de maneira plena. Assim, a ansiedade e a preocupação com o julgamento alheio são tão grandes que impedem o enfrentamento e a evolução de interações sociais, acadêmicas e profissionais.
Desse modo, a principal característica da ansiedade patológica se dá pela maneira em que sua ocorrência atrapalha, dificulta e, principalmente, impossibilita o fluxo natural de vivências do cotidiano. Isto é, mesmo enfrentando algum grau de desconforto, a pessoa com transtorno de ansiedade não consegue realizar ações básicas do seu dia a dia, gerando mais frustração e, consequentemente, mais ansiedade. Ou seja, fugir ou evitar determinados enfrentamentos contribui para que o quadro de ansiedade se agrave, tornando-se uma bola de neve em constante expansão. Por isso que o suporte profissional é fundamental para que sejam tomadas atitudes mais adequadas, a fim de resolver o problema de modo consistente.
Enfrentar é ruim. Conviver com a ansiedade é pior
Em resumo, é importante destacar que ter experiências de ansiedade, especialmente em determinadas situações, é normal. Contudo, viver constantemente nesse estado de insegurança é indicativo que há algo em mau funcionamento no modo de vida da pessoa. Além disso, é fundamental ter em vista que fugir ou se esquivar dos devidos enfrentamentos não resolve a questão. Agir de tal forma contribui para que a angústia e a ansiedade aumente. Embora muitos tenham consciência disso, há quem se apegue à lógica de que enfrentar e superar adequadamente a ansiedade é desgastante, tanto do ponto de vista físico quanto emocional. Por isso, cabe ainda destacar que desgastante mesmo é viver diariamente, e em todos os momentos, sob efeito da insegurança, pisando constantemente em ovos e fugindo de possibilidades efetivas de bem-estar e espontaneidade do cotidiano. Por essa razão, é recomendando buscar uma terapia para lidar com essa questão.