“O mundo é um lugar perigoso de se viver, não por causa daqueles que fazem o mal, mas sim por causa daqueles que observam e deixam o mal acontecer“. Essa frase é do físico Albert Einstein e diz muito sobre mundo no qual vivemos, visto que reflete as relações humanas. Inegavelmente, as relações amorosas tornaram-se um lugar perigoso. Afinal, as pessoas estão cada vez mais tentando “focar na solução dos problemas”, porém, permitindo que os males continuem a acontecer. Isso ocorre justamente pelo fato da causa não ser tratada na sua origem. Por isso, mesmo que uma “solução” paliativa seja apresentada, a raiz germina novamente.
Não adianta focar na solução dos problemas
Frequentemente, você deve se deparar com essa frase em seu cotidiano, porém sem a negativa que usei acima. “Focar na solução dos problemas” é a expressão queridinha da vez. Predileta dos coaches, livros de autoajuda, memes e bordões motivacionais das redes sociais. É inegável que ela se propõe a ajudar, na prática, porém só atrapalha. Ainda que tenha a proposta de impulsionar as pessoas a enfrentarem suas questões pessoais, apresenta uma divisão incompatível com essa ideia. Ou seja, o ato de focar na solução dos problemas induz a uma atenção mais voltada à consequência do problema.
Em virtude desse indução implícita, a causa pode não ser contemplada, favorecendo a permanência e agravamento do entrave. Dito em outras palavras, as pessoas são levadas a apenas conter as chamas e não conter as causas do incêndio. Por isso, tornam-se pessoas hábeis em observar o mal, e não conseguem impedir que ele volte a surgir.
Como alguém pode acreditar que resolverá um problema pessoal dividindo-o em solução e problema, optando – arbitrariamente – em lidar apenas com a primeira fação? Enquanto o processo não for visto e encarado como um todo, qualquer intervenção será paliativa ou falha.
Assim, torna-se óbvio afirmar que ninguém gosta de conviver com dificuldades. Justamente por isso esse modismo de focar na solução dos problemas faz tanto sucesso. Contudo, essa falácia costuma fisgar com mais facilidade as pessoas ansiosas, impulsivas e inseguras. Afinal, são elas quem mais atropelam etapas, justamente pela pressa para se livrar dos problemas. Apesar disso, são exatamente elas quem esquecem de analisar a eficácia desse método, bem como ponderar sobre os – inconsistentes ou nulos – resultados obtidos.
Nesse sentido, é importante destacar que aqueles que agem dessa maneira nunca conseguem vencer a guerra, pois vivem das migalhas e pequenas vitórias nas batalhas diárias. No entanto, infelizmente essa é uma realidade em diversos contextos da atualidade: vida profissional, social e, sobretudo, nas relações amorosas.
Focar na solução dos problemas é superficial. Invista na causa.
Talvez você esteja se perguntando como seria tratar um problema na causa e não na consequência. Essa é uma dúvida muito comum e quase que diariamente surge no consultório, durante as sessões de terapia. Só para exemplificar, vamos pensar num casal que passou a se desentender e enfrenta muitos conflitos. Evidentemente eles ainda se gostam, mas vivem naquele clima de tensão, semelhante a uma Guerra Fria. Diante desses antagonismos, optam por “ficar de boa”, pois quando estão bem vivem um clima maravilhoso e “esquecem” das dificuldades”, ainda que o efeito desse bem-estar seja fugaz.
Ao agir dessa maneira, fazendo escolhas para ficar bem momentaneamente, o casal opta por coisas como:
- pedir desculpas, sem ter compreendido os motivadores da situação;
- falar palavras bonitas e ‘empurrar a poeira’ pra debaixo do tapete;
- fazer as pazes sem concordar, apenas da ‘boca pra fora’;
- fingir ter resolvido a questão só para não dormirem brigados;
- prometer melhorias e mudanças sem estar convicto dessas ações;
- falar o que o outro quer ouvir, somente para ficar em paz logo.
Note que tudo isso é superficial, paliativo e não aprofunda ou resolve em definitivo os conflitos. Ações desse tipo deixam graves resquícios que voltarão à tona com mais intensidade. Ou seja, o falho método de focar na solução dos problemas agrava exponencialmente a situação vivida pelo casal. Assim, a fim de romper esse ciclo vicioso, é fundamental abdicar das soluções mágicas e instantâneas. Somente tratando os impasses em suas raízes é que será possível sanar efetivamente o conflito. Por isso, torna-se essencial que os casais elejam estratégia mais eficiente e definitiva. Uma alternativa para isso é exercer a assertividade na relação.
Como melhorar o mundo e sua relação cortando o mal pela raiz.
Entendo que diante dos problemas você possa se inclinar com mais facilidade a focar na solução dos problemas como primeira opção. Todavia, o fundamental é eleger um método que seja terapêutico e curativo, não apenas paliativo. Ao optar por processos mais fáceis e amenizadores, o casal pode ficar refém de ter de lidar com esse problema para sempre, ou até atingir o limite do suportável. Não caia nessa armadilha!
Assim, espero que você possa ter compreendido o objetivo principal deste post: enfatizar a relevância de aprofundar os porquês do icberg e não apenas a ponta que se mostra visível. Embora isto provoque uma disruptura em conceitos socialmente estabelecidos, te convido a pensar e agir na causa dos problemas. Esse é o ponto de partida que referencia o trabalho do psicólogo comportamental. Entendo que não adianta focar no sintoma e deixar de tratar a causa. Por isso, pare de focar na solução dos problemas e melhore seu método de ação. Como disse Einstein, somos responsáveis pelo mal que permitimos acontecer. Pense nisso!