Hoje é sexta-feira 13! Sim, hoje é um dia considerado por muitas pessoas como o dia do azar!
Muita gente já ouviu falar ou até mesmo acredita que passar por baixo de escadas traz má sorte; que uma vassoura atrás da porta expulsa visitas indesejadas; que se um gato preto cruzar seu caminho trará azar; que beber sem brindar… Enfim… Quem também não já deu os famosos pulinhos na virada do ano e depois disse: “ah, eu não sou supersticioso! Mas vai que funciona, né?”. Ou então proferiu a famosa frase “isso só acontece comigo”, em tom enfático, após um evento desagradável?
Pois bem, essas são algumas das superstições facilmente encontradas na nossa sociedade e que remetem a ideias de boa ou má sorte.
Falar de sorte ou azar na terapia comportamental não faz muito sentido, pois estes comportamentos possuem causa metafísica e não têm relação contingencial com os comportamentos alheios que se propõem a descrever. Todavia, para a nossa ciência, a psicologia comportamental, faz muito sentido falar de superstição ou, melhor, de comportamento supersticioso.
Comportamento supersticioso é quando um comportamento qualquer que foi emitido coincide temporalmente com uma resposta acidental, e esta resposta assume a condição de reforçadora para o comportamento que a antecedeu. No comportamento supersticioso, a relação entre a resposta e o comportamento ocorre temporalmente próxima, mas não existe relação de dependência um com o outro. Por exemplo, sempre que o Bahia entra em campo, Rodrigo usa a mesma “camisa da sorte”, pois acredita que o Bahia só venceu o campeonato do ano passado, porque ele estava usando a mesma camisa que usou quando o time foi campeão brasileiro.
Neste caso, utilizar a camisa é um comportamento supersticioso que foi reforçado acidentalmente pelo campeonato conquistado pelo time com o mérito dos jogadores e nada tem a ver com o fato do torcedor estar com a sua “camisa da sorte”. Ele poderia estar com a camisa do Vitória, por exemplo, que não faria a menor diferença. Isso significa dizer que não há uma relação de continuidade entre tal estímulo e tal resposta. Em outras palavras, o que acontece é que atribuímos a um determinado comportamento de nosso ambiente uma causa que nada tem a ver com a resposta que se segue a ele.
Sexta-feira 13!
É como a vassoura atrás da porta, por exemplo. Alguém já contou o tempo que leva para essa “mágica” dar certo? Será que a visita vai embora simplesmente porque uma vassoura foi posta atrás da porta, ou alguém, no passado, ao colocar a vassoura naquele local coincidiu com a ida da visita indesejada?
Talvez possamos até pensar por outro caminho. Se um determinado indivíduo coloca a vassoura atrás da porta para expulsar uma visita é porque já está cansado dela, portanto, pode começar a emitir comportamentos como bocejar, responder sem muita empolgação, não dar continuidade ao assunto da conversa, etc. E, agindo assim, provavelmente a visita irá embora mais cedo. Concorda?
O comportamento supersticioso foi estruturado por Skinner. Antes dele, o filósofo Hume dizia que uma superstição nasce de um hábito que outrora fizera sentido, mas cujas razões de ser foram perdidas pela repetição mal explicada. Por exemplo, há uma superstição popular que diz que passar por baixo de escada dá azar. Pelos teóricos, poderíamos dizer que, numa ocasião remota, alguém passou por baixo de uma escada e uma lata caiu em sua cabeça.
Veja que a passagem coincidiu com a queda! Noutro momento, a informação foi passada da seguinte forma: “a lata caiu porque ele passou por baixo da escada”. Claro que a pessoa teve o “azar” da coincidência, mas não significa que todos que passarem terão o mesmo infortúnio. Trata-se de algo parecido com o que veremos no vídeo abaixo.
O que acontece é que este mesmo indivíduo que colocou a vassoura atrás da porta também emitiu outros comportamentos, mesmo que não se tenha dado conta. Porém, quando a visita vai embora, este atribui o fato à simples vassoura atrás da porta. Por isso é que devemos refletir um pouco sobre quais as reais relações de causa e efeito que controlam o nosso comportamento. Isso pode ser a chave para mudanças muito importantes na vida de muitas pessoas.
Digo isso, porque muita gente tem sua vida completamente alterada por conta do repertório de superstições que possui em suas vidas. É muito frequente pessoas muito supersticiosas somarem prejuízos em suas vidas por conta dos impedimentos ocorridos em função das superstições. Muitas delas, inclusive, podem abrir precedentes para transtornos psicológicos como: ansiedade, pânico, fobias, estresse e prejudicar suas habilidades sociais.
Como você pode perceber, muito do que se fala em relação a sexta-feira 13 pode ser apenas mitos mal compreendidos. Então, excelente sexta-feira 13 para você.