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Passado o momento mais crítico da pandemia, surgem algumas reflexões acerca dos impactos e efeitos do contexto da COVID-19 sobre os relacionamentos amorosos. Uma das referências para essa análise vem das informações preliminares da pesquisa “Amor em tempos de pandemia“, da faculdade de medicina da UFMG. Esse estudo se propôs a analisar como os relacionamentos foram afetados por esse período de excepcionalidade. Além disso, é fato que muitos homens e mulheres impactados pelo distanciamento social, pela solidão e pelas experiências diretas e indiretas de morte, saíram do momento pandêmico valorizando ainda mais os relacionamentos amorosos e familiares. Por isso, aqueles que estão ou desejam estar em um relacionamento devem tentar pôr em prática alguns aprendizados dessa situação.

Amor em tempos de pandemia

Dados preliminares do levantamento “amor em tempos de pandemia”, da UFMG, indicam que a maioria dos relacionamentos que enfrentaram dificuldades no período da pandemia já estavam deficitários ou enfrentavam problemas antes da explosão da Covid-19. Isto é, a maioria dos casais que passaram por crises no relacionamento ou não suportaram o convívio durante o período crítico da pandemia, já passavam por conflitos ou estavam doentes antes mesmo do momento pandêmico. Dito em outras palavras, não foi a pandemia que provocou os dilemas ou a separação de muitos casais. Na verdade, os problemas preexistentes apenas foram catalisados pelos arranjos impostos pelo isolamento ou distanciamento social intenso devido ao problema mundial de saúde.

Diante disso, é fundamental que homens e mulheres que estão em crises conjugais neste momento ou desejam restaurar suas relações amorosas, reflitam sobre a história pregressa do relacionamento. Tal atitude é fundamental para não imputar à Covid-19, equivocadamente, a causa dos conflitos do namoro ou casamento. Com esse referencial norteando as reflexões sobre os relacionamentos, os casais terão a possibilidade de condutas mais adequadas em prol das questões conjugais e da valorização dos relacionamentos.

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A pandemia de Covid-19 levou muitos casais à valorização dos relacionamentos amorosos, dos vínculos afetivos e da construção familiar.

Os aprendizados da pandemia

Mesmo que o namoro ou o casamento estivessem bem antes do período pandêmico, é fato que muitos relacionamentos amorosos foram impactados emocionante pelo distanciamento ou pelo isolamento social impostos pela pandemia. Prova disso é que muitas pessoas enfrentaram tristes e traumáticas experiências de solidão e desamparo afetivo. Outras, contudo, passaram pela infeliz experiência de perder seu companheiro ou companheira, familiares, amigos. E, de modo geral, todos se solidarizaram e se projetaram nas situações de milhares de pessoas que perderam seus entes queridos para a Covid-19. Assim, a partir dessa triste realidade, é notório o quantitativo de pessoas que passaram a valorizar ainda mais os relacionamentos amorosos, familiares e fraternos.

Em meu consultório, por exemplo, pude observar que muitos dos meus pacientes, após o momento crítico da pandemia, mostraram-se mais preocupados com a solidão. Outros, contudo, tornaram-se mais engajados no intuito de construir e manter relações amorosas e vínculos afetivos mais enraizados. Também, muitos passaram a investir em meios para qualificar ainda mais seus convívios, de modo a afastar o fantasma da solidão. Ou seja, o contexto pandêmico parece ter levado muitas pessoas a refletirem sobre a importância dos vínculos afetivos e amorosos. Além disso, tornou-se evidente a maneira pela qual muitas pessoas passaram a valorizar ainda mais a construção de relacionamentos e a convivência familiar.

A valorização dos relacionamentos

Certamente ainda é cedo para mensurar e avaliar todos os desdobramentos da pandemia de covid-19. Contudo, algumas informações, ainda que preliminares, já demonstram que os relacionamentos amorosos, assim como os vínculos familiares e fraternos, ganharam ainda mais importância após esse período de exceção. O reflexo disso, sem dúvidas, é que homens e mulheres estão buscando configurar e sedimentar os relacionamentos amorosos e familiares mais robustos. Isto é, vínculos amorosos que representam mais compreensão, acolhimento e bem-estar. Por isso, aqueles que estão ou desejam estar em um relacionamento devem tentar pôr em prática alguns aprendizados dessa situação. Afinal, como foi dito anteriormente, muitos casais que mantinham namoros e casamentos deficitários, não suportaram e quebraram no momento crítico da pandemia. 

Por fim, ao que parece, o contexto da Covid deixa aos casais um alerta importante. Afinal, muitos compreenderam que não basta apenas ter uma relação, ela precisa ser sólida, acolhedora e sinônimo de bem-estar para o casal. Não por acaso, aqueles que tinham esse tipo de configuração amorosa saíram mais fortalecidos do momento pandêmico. Por outro lado, aqueles que passaram por dificuldades na relação, compreendem a importância da valorização dos relacionamentos e tiveram algum aprendizado desse contexto, estão investindo e qualificando ainda mais seus convívios afetivos, namoros ou casamentos. 

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

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