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Segundo uma pesquisa de um aplicativo de encontros extraconjugais, o Brasil é o país mais infiel da América Latina. O levantamento revela que 62% dos brasileiros consideram a infidelidade conjugal algo natural dentro de um relacionamento amoroso, seja namoro ou casamento. Além disso, a pesquisa mostra que, a cada 10 brasileiros, apenas 2 não traem seus parceiros. Neste texto, discuto que, apesar de ter raízes culturais, a traição é uma decisão pessoal. Por outro lado, é importante considerar que é difícil para alguém passar a vida inteira sentindo desejo sexual por apenas uma pessoa. Por isso, precisamos abordar a traição nos relacionamentos a partir de novas perspectivas.

A traição é uma decisão individual

Infelizmente, a questão da traição é um fantasma que atormenta muitos casais e afeta diversos relacionamentos. Sem dúvida, devido ao fato de ser uma prática comum em nossa sociedade, existem tantos aplicativos especializados em promover esse tipo de encontro. Um deles, produziu a pesquisa que afirma que 62% dos brasileiros consideram a infidelidade conjugal algo natural. O levantamento também considera que 80% dos brasileiros traem. Por isso, todos esses dados devem sem analisados com cautela, pois é evidente que há vieses que comprometem a credibilidade dos dados. Afinal, trata-se de um levantamento feito por um aplicativo voltado para mulheres que traem ou desejam trair seus parceiros, inclusive entrevistando apenas usuários da plataforma.

No entanto, a existência e a popularidade dessas ferramentas, por si só, já indicam que a traição é uma realidade em nossa sociedade. Afinal, ainda que sejam exageradas e enviesadas, as constatações e levantamentos mostram que a traição é mais comum do que muitos gostariam. Contudo, nunca é demais lembrar que o que motiva a traição de um parceiro não é uma ciência exata; depende de vários contextos e da dinâmica do relacionamento. Inclusive, a opção pela traição, em muitos casos, não significa falta de amor ou vínculo ao relacionamento. De qualquer forma, apesar de a traição acompanhar a humanidade ao longo de sua história, ela, a traição, é sempre uma decisão pessoal.

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É importante considerar que é difícil para alguém passar a vida inteira sentindo desejo sexual por apenas uma pessoa. Por isso, precisamos abordar a traição nos relacionamentos a partir de novas perspectivas.

A Complexidade da fidelidade e a realidade dos desejos

Independente de você fazer ou não parte das estatísticas de traição, é importante considerar que ninguém consegue passar a vida inteira sentindo tesão e desejo sexual por apenas uma pessoa. Apesar disso, muitos homens e mulheres tentam se enquadrar nessa lógica por toda a vida. Contudo, muitos vivem angustiados nesse processo, enquanto outros acabam cedendo à tentação da traição, quebrando os acordos e a confiança fundamental ao relacionamento. Por isso, sempre que possível, procuro discutir com meus pacientes que ninguém deve se iludir ou sofrer com conceitos medievais de relacionamento. Tal modo de pensar e agir, conduzem as pessoas a tentar incluir tudo dentro do relacionamento amoroso, como amizade, privacidade e, claro, sexo.

Embora muitos discordem dessa premissa, é inegável que todos, em algum momento, já desejaram ou fantasiaram uma experiência sexual com terceiros, seja através de fantasias ou do consumo de conteúdo pornográfico durante masturbações individuais. Por isso, os casais que conseguem construir um relacionamento sólido também são aqueles capazes de dialogar de forma clara sobre essas questões, sem se sentirem inseguros ou ameaçados. Conversar sobre essa realidade pode ser crucial para evitar a traição ou qualquer evento que quebre a confiança no relacionamento, fundamental para sua saúde e manutenção.

Fundamentos para a confiança

Com tudo isso, não estou dizendo que os casais deveriam abrir seus relacionamentos. Aqui, considerando que a infidelidade e a traição são práticas comuns em nossa sociedade, sugiro que os casais conversem ou busque meios para tratar sobre eventuais interesses e práticas sexuais que não envolvam apenas o parceiro ou a parceira do relacionamento. A ideia seria construir um contexto saudável no relacionamento para dialogar e comunicar eventuais interesses em explorar novas experiências com outras pessoas. Assim, juntos, o casal poderia chegar a um acordo, uma solução na qual ambos se sintam seguros, confortáveis com práticas menos convencionais. Ou seja, sendo combinado, não seria traição.

Desse modo, acredito que os casais desafiados pelas questões da traição, seja por já terem experienciado ou por temerem estar nesse lugar, podem se conhecer melhor, construindo uma relação de confiança e vínculos fortes. Na prática, poderiam estabelecer seus acordos sem precisar percorrer os tortuosos caminho e traumas de uma traição. Assim, aqueles que desejam trilhar esse processo podem buscar a terapia de casal como recurso para que o casal construa meios para dialogar sobre temas sensíveis e fortaleça seu relacionamento, driblando as estatísticas da infidelidade e da traição.

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Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

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