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Causar boa impressão. No último domingo, o programa Fantástico, da Rede Globo, exibiu uma matéria que mostra uma tendência que crescentes entre os jovens e adultos: pular etapas, abrir mão do bom senso e não pensar nas consequências dos comportamentos adotados no presente em prol de resultados imediatos.
No vídeo  abaixo, podemos ver jovens investindo (e se arriscando) para ter aceitação de outras pessoas e do grupo. Porém, esse comportamento não está restrito aos adolescentes. Muitas pessoas, em vários aspectos de suas vidas também investem pesado para causar boa impressão e serem aceitas. Com tudo isso, se não buscarmos mudança neste exato momento (que já é crítico), podemos esperar uma sociedade de pessoas cada vez mais doentes, fracas, de vida altamente comprometida e futuro completamente incerto.

Causar boa impressão: vivemos na sociedade da ostentação.

Talvez não seja novidade para você ouvir dizer que vivemos numa sociedade extremamente imediatista e impulsiva, em que tudo tem sempre muita urgência e nada pode esperar sequer até o dia seguinte. Parece que as pessoas querem tudo no aqui e agora e sequer pensam nas consequências dos seus comportamentos, atitudes e decisões, e muito por isso fazem verdadeiros estragos em suas vidas. Muitos desses estragos trazem enormes problemas ou até tornam-se irreversíveis (como mostrado através das opiniões dos profissionais no vídeo acima). Se somarmos a estas questões o fato de que estas pessoas também estão dispostas a qualquer coisa para terem aceitação e visibilidade social, podemos começar a entender que a situação é ainda mais complexa.

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Modelo já investiu mais de R$ 1,5 milhão em intervenções para ficar parecido com o boneco Ken.

Hoje, muitas pessoas são capazes de fazer qualquer coisa para estabelecer e manter seus relacionamentos sociais, profissionais e até mesmo amorosos às custas de investimentos para causar boa impressão. Tem sido assim, inclusive, quando estão diante de consequências nítidas e também nada promissoras do insucesso.
A questão é que o desejo pelo resultado rápido, a falta de controle emocional e a imaturidade para enxergar as consequências das ações, tem levado muitas pessoas a cometer muitas bobagens. Por exemplo, muitas pessoas preferem levar adiante aquela possibilidade de um sexo casual, mesmo quando não estão com camisinha e acabam ficando expostos ao vírus da AIDS e outras doenças sexualmente transmissíveis.
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Pode até parecer estranho ligarmos temas como sexo casual, HIV, AIDS relacionamentos amorosos e impulsividade ao comportamento precipitado de alguns adolescentes que “investem” para estar na moda, fazer parte do grupo e certamente ser aceito pelas outras pessoas.
Pois é, parece estranho, distante, mas o que eles fazem no contexto deles, ao modo deles, parece não ser diferente do que muitas pessoas fazem no seu dia a dia. O que muitos têm criticado, atribuindo adjetivos altamente depreciativos aos adolescente que tiram cerdas das vassouras para por nos dentes, não é muito diferente do comportamento de muitas pessoas que ostentam uma fantasia que chega a ser completamente distinta da realidade: carros, festas, camarotes, blocos de carnaval caríssimo, roupas, fotos no Facebook, Instagram e até mesmo sapos e mais sapos que são engolidos em muitos relacionamentos, tudo em prol do status. Muitas vezes, a busca desenfreada e os investimentos para ser aceito pelas outras pessoas pode esconder enormes lacunas e/ou traumas na vida de quem o faz.
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Você já sabe qual é o seu fio?

Parece que vivemos num mundo em que cada um tem seu fio colorido para preencher algum vazio que existe na vida. Às vezes pode ser anabolizantes, CPA  (antigo supletivo) para concluir rapidamente o ensino médio, faculdade de curta duração… Você já sabe qual é o seu fio?
Penso que Cazuza estava certo quando disse que todos nós precisamos de uma “ideologia pra viver”. Estamos mais que na hora de parar para refletir sobre quais são as ideologias que criticamos, que temos, que queremos e que efetivamente precisamos ter.
Causar boa impressão pulando etapas e sendo negligente, fútil, irresponsável, certamente pode levar a consequências extremamente graves, embora muitos acreditem que o resultado imediato é o melhor, como nos casos das pessoas que da noite pro dia deixam de ser magrinhos e viram verdadeiros Hulks nas academias do mundo a fora. Como dizem os mais experientes, “tudo que se planta um dia se colhe”, e a natureza e o tempo têm dado respostas consistentes em relação a isso. ostentação adolescente
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Parece estar mais que claro que colocar cerda de vassoura nos dentes não é adequado, mas você já se perguntou que elementos você tem introduzido em sua vida e que podem fazer tão mal tal quanto os fios coloridos dos aparelhos-ortodonticos-ostentação da galera?
Por isso, é interessante e altamente salutar investir em algo mais adequado, que é a busca da autoconfiança, segurança pessoal, refletir sobre as ações e enxergar o máximo de possibilidades possíveis para não embarcar nessa moda de causar boa impressão abrindo mão da essência pessoal e humana em detrimento de uma mera questão ostentar para ter reconhecimento e aceitação do outro.

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

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