Dados do Relatório Digital 2019, da We Are Social/Hootsuite informam que os brasileiros gastam 4h45 por dia em seus celulares. Diante disso, o Brasil figura como o terceiro país em uso de internet móvel no mundo, atrás da Tailândia e das Filipinas. Esses preocupantes índices corroboram com a percepção de muitos casais que estão passando por dificuldades e crises no relacionamento. Nesses casos, é muito comum cônjuges reclamarem que seus pares ficam muito tempo no celular. Consequentemente, os levam a crer que o celular está destruindo os relacionamentos, o que destoa da verdade.
O brasileiro está cada vez mais viciado no celular
O tempo médio de uso do celular mais do que dobrou nos últimos quatro anos no Brasil. Pesquisas feitas por empresas, como a We Are Social/Hootsuite e a Statista, demonstram efetivamente o hábito em usar os telemóveis. Assim, vivendo quase cinco horas por dia diante dos smartphones, especialmente nas redes sociais, muitos casais enfrentam sérias crises no relacionamento. Para eles, a percepção é que seus pares estão viciados no celular. Isso culmina na demonização dos aparelhos, bem como a elevação destes à condição de rival do casamento ou namoro. Desse modo, os pares travam verdadeiras batalhas contra aquilo que acreditam estar destruindo o relacionamento: o celular. Contudo, erram feio. Afinal, em face de um olhar tão enviesado, não enxergar a verdadeira causa do problema.
O celular ajuda a fugir dos problemas
Embora não consigam enxergar o real motivo pelo qual os namorados, maridos e esposas ficam tanto tempo no celular é compreensiva a escolha do aparelho como adversário. Culturalmente, o brasileiro tem o costume de sempre condenar o outro pelos problemas vivenciado. Tal prática é percebida na política, em questões ambientais, problemas sociais e, claro, nos relacionamentos. Nesse sentido, parece ser mais cômodo culpabilizar o outro, ainda que seja o celular, pelo fracasso do relacionamento. Por isso, muitos casais vivem no limbo das crises eternas. Afinal de contas, raramente as pessoas se implicam nos problemas e nas questões do relacionamento. Sob tal ótica, antes mesmo de apontar o dedo para terceiros, duas perguntas são indispensáveis:
- Aconteceu um fato específico para que o convívio com um aparelho tenha se tornado mais atrativo do que a companhia e interação entre o casal?
- Se não fosse o intenso uso do celular, a relação estaria bem?
Partindo dessas premissas, infere-se que Não é verdade que o celular está destruindo os relacionamentos.
Assim, após essas perguntas, você vai entender que o celular não está destruindo os relacionamentos. Na verdade, diante do estágio ruim em que o casal se encontra, o aparelho pode simplesmente estar servindo como veículo de fuga ou esquiva. Amparado na psicologia comportamental, esse princípio afirma que fugimos de circunstâncias aversivas, da mesmo forma que nos esquivamos de situações potencialmente difíceis de lidar. Ou seja, diante das crises, usa-se subterfúgios para mascarar os problemas existentes no convívio da relação. Por exemplo, no caso do celular, é mais fácil estar com o parelho do que enfrentar o real problema da relação. Justamente por isso que o causador das crises não pode ser o aparelho em si. Na verdade, o agente da crise pode ser os motivos que tornaram o hábito de passar horas diante de uma tela melhor que a interação com o companheiro ou da companheira.
Um exemplo
O temor de uma traição, um caso suspeito ou alguma constatação de infidelidade, são assustadores. Isso pode levar um dos pares a tentar dar um basta em tal situação. Seja qual for o caso, raramente as pessoas vão direto ao ponto. Isto é, raramente expõe o caso, pedem ou propõem uma solução à questão conflitante. Geralmente, como apresentei acima, é comum que a pessoa traída ou insegura fique dando voltas. Na prática, projeta toda essa frustração de modo a demonizar o celular, acreditando que essa seja a solução. Aqueles que agem dessa maneira, acreditam que criticando o uso do celular ou afastando o companheiro ou a companheira do aparelho estará blindando o relacionamento. Isso não passar de uma ilusão, sem efeito prático para a real solução do problema.
Enfrentando a realidade
Reconhecer que o relacionamento está em crise não é satisfatório para ninguém. No entanto, à medida que o casal se depara com essa realidade, é fundamental que adote uma conduta adequada. Somente dessa maneira é que será possível enfrentar os problemas do relacionamento de forma a gerar bem-estar e prosperidade ao casal. Assim, na esteira desse processo, é um grande equívoco considerar que o celular está destruindo os relacionamentos. Na maioria dos casos ele é um veículo de fuga e/ou evitação dos reais problemas já instalados no relacionamento. Falta aos casais coragem e suporte adequado para resolver o problema.
Desse modo, endossando aquilo que tenho dito em outros textos aqui do blog: é pouco producente reconhecer que há um problema e errar exatamente no método terapêutico de ação. Ou seja, de nada adianta reconhecer que a relação está indo para o brejo e achar que o problema é um aparelho ou as redes sociais. Por isso, antes de apontar o dedo para o outro, aja de maneira diferente. Em outras palavras:
- chame a responsabilidade para si, isolando variáveis,
- contextualize os eventos da relação; de modo a pensar os antecedentes que culminaram na crise,
- jamais se atenha a respostas óbvias, “como a culpa é celular”.
Pense nisso!
Meu casamento acabou por causa d celular. Nao dava mas. Tava insuportável. Levantava com celular na mãos dormir com celular na mãos. Faltava atenção faltava carinho. Deu no q deu acabou.