Nas cerimônias de casamento, é comum que as noivas façam, publicamente, votos de submissão e obediência aos seus maridos. Embora inoportuna e ultrapassada, essa infeliz tradição reforça posturas inadequadas, dentre as quais, propaga que compete à mulher a responsabilidade pelo sucesso ou fracasso do relacionamento. Desse modo, qualquer gesto de imputar a elas o dever de fazer a relação dar certo ou culpabilizá-las pelo fracasso do convívio é, obviamente, reflexo de uma cultura machista. Por isso, é fundamental que todos os paradigmas obsoletos ainda presentes nos relacionamentos amorosos sejam quebrados. Do mesmo modo, seja na alegria ou na tristeza, condutas de co-responsabilidades sejam implementadas e estejam presentes em todos os momentos da relação.
O machismo que lute! Na alegria e na tristeza a responsabilidade é dos dois
O machismo é caracterizado por condutas que se opõem à igualdade de direitos entre os gêneros, privilegiando o masculino em detrimento do feminino. Na prática, uma atitude machista é aquela que fortalece a lógica na qual homens e mulheres têm papéis distintos na sociedade e, consequentemente, no relacionamento amoroso. Assim, conforme dito anteriormente, tal modo de pensar e agir é ultrapassado, pois, reforça posturas retrógradas, dentre as quais afirma ser “dever da mulher fazer o relacionamento dar certo”. Ainda nessa perspectiva, está posta a ideia de que “se o relacionamento não lograr êxito, a culpa também é exclusivamente delas”.
Sendo assim, a cultura machista impõe unicamente elas o dever de carregar o relacionamento sobre suas costas. Não por acaso, frequentemente, ouvem-se bizarrices como: “nossa relação chegou a esse ponto porque ela não se esforçou o suficiente”, “traí porque ela não foi uma boa esposa” ou “para que a gente continue o relacionamento, junto ela tem que deixar de fazer isso ou aquilo”. Contudo, a verdade é que, seja na alegria ou na tristeza, a responsabilidade por aquilo que ocorre na relação é dos dois. O machismo que lute!
Para brincar de gangorra, dois. Para o relacionamento, idem.
Na tentativa de sintetizar a ideia, vale a ilustração a partir da música “Diariamente“, interpretada por Marisa Monte. A canção, totalmente construída com a lógica de pares e complementos, traz entre seus versos um que diz: “para brincar de gangorra, dois“. Isso serve para demonstrar, em oposição à cultura machista, que o relacionamento amoroso também deve seguir o modelo de construção compartilhada e participativa entre os envolvidos. Ou seja, é completamente inadmissível que haja, especialmente no namoro ou casamento, um ser supremo e inerte que goza de privilégios em detrimento dos direitos de igualdade e bem-estar no outro. No caso, as mulheres.
Por isso, é fundamental que todos os paradigmas retrógrados, muitas vezes reforçados no altar e ainda presentes nos relacionamentos amorosos, sejam quebrados. Em paralelo, é fundamental que novas condutas guiadas pela lógica da co-responsabilidade sejam implementadas na relação. Isto é, homens e mulheres tenham iguais responsabilidades em todas as ações que tocam a vida do casal. Dito em outras palavras, qualquer relacionamento, para dar certo, precisa do comprometimento e da participação de todos os envolvidos. Isso implica dizer que o contrário também é verdadeiro. Ou seja, se o relacionamento vai mal, está em crise ou fracassou, o encargo é de ambos. Assim, na alegria e na tristeza, o mérito ou a culpa ou é de todos.