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Em 1955, um grupo de empresários gaúchos se reuniu para trocar informações sobre os pagamentos de seus clientes. Assim surgiu o Serviço de Proteção ao Crédito no Brasil (fonte). Desde então, um sistema de escore foi desenvolvido para avaliar o potencial de pagamento e os riscos de inadimplência entre os consumidores. Em analogia, a cultura do SPC demonstra uma premissa muito útil à construção dos relacionamentos amorosos. Afinal, uma análise acerca do histórico dos relacionamentos de cada pessoa também pode servir de parâmetro para investir num namoro ou casamento. Mesmo assim, infelizmente, homens e mulheres desprezam esses dados, ao passo que supervalorizam as promessas e as expectativas de um relacionamento. Por isso, é fundamental considerar o escore de cada pessoa, mesmo que para isso seja necessário recorrer à lógica hipotética de um Serviço de Proteção ao Relacionamento.

O histórico que importa

Desde o seu surgimento, os órgãos de proteção ao crédito agem de modo a identificar aquelas pessoas que oferecem risco de calote ou têm histórico de maus pagadores. Assim sendo, não restam dúvidas que esse sistema orienta o mercado financeiro às decisões cada vez mais lucrativas. Embora uma análise semelhante possa ocorrer na construção de um namoro ou casamento, raramente os homens e as mulheres adotam essa medida cautelar. Em consequência, diferentemente das bem-sucedidas transações financeiras praticadas no comércio, investem em relacionamentos de alto risco ou fadados ao fracasso. Na prática, muitas pessoas se entregam e mergulham de cabeça em novas relações, antes mesmo de avaliar adequadamente o histórico da outra parte. Além disso, supervalorizam as promessas apresentadas pelo par e se apegam às expectativas de um relacionamento perfeito. Em razão disso, imprudentemente, dão crédito demais àqueles que não têm um bom escore de relacionamento. Alguns, inclusive, têm o nome completamente sujo naquilo que seria o Serviço de Proteção ao Relacionamento.

Pensar numa lógica do hipotético Serviço de Proteção ao Relacionamento ajuda a tomar decisões mais adequadas para o namoro ou casamento.
Pensar numa lógica do hipotético Serviço de Proteção ao Relacionamento ajuda a tomar decisões mais adequadas para o namoro ou casamento.

Quem tem boca fala o que quer

Obviamente que, na ocasião da paquera, todos tentam, de alguma maneira, conhecer um pouco acerca do passado da outra parte. Evidentemente, esse é um passo fundamental para diminuir as chances de investir em alguém com perfil de estelionatário sentimental. Todavia, na maioria das vezes, a fonte acessada para esse fim costuma ser a pessoa analisada. Desse modo, a história pode ser facilmente manipulada, pois, é contada de modo a favorecer o próprio narrador. Não por acaso, homens e mulheres ficam sensibilizados por histórias de solidão, abandono e injustiças ocorridas em relações passadas. Diante disso, se prontificam a acolher, dar crédito sentimental e ajudar aquela pobre alma injustiçada, acreditando que fizeram uso adequado do Serviço de Proteção ao Relacionamento. Pessoas que agem dessa maneira estão, frequentemente, equivocadas. Afinal, não é ouvindo os futuros credores que os serviços de crédito fazem seus investimentos. Ou seja, são os fatos que importam, pois, quem tem boca fala o que quer. 

Nome sujo no Serviço de Proteção ao Relacionamento 

A fictícia ideia de um Serviço de Proteção ao Relacionamento pode auxiliar na construção adequada de um namoro ou casamento. Isto, pois, é fato que existem muitas pessoas mal intencionadas e com o nome sujo em busca de novos relacionamentos. Certamente esses estelionatários sentimentais já ferraram a vida de outras pessoas no passado e fazer uma análise adequada pode evitar que você seja a próxima vítima. Dito em outras palavras, tem muita gente que posa de coitadinho ou coitadinha, porém, quando sua ficha é efetivamente analisada, costuma revelar alguém com um passado assombroso. 

Em resumo, não é por acaso que o sistema financeiro sempre viveu muito bem obrigado! Afinal ele nunca deu crédito àqueles que têm histórico ruim. Além disso, mesmo para aqueles que já foram maus pagadores, a confiança e os créditos são liberados progressivamente, a partir do nome limpo e com efetiva demonstração de mudança comportamental. Por isso, as pessoas que desejam ter um relacionamento de sucesso devem ficar atentas e agir com prudência. Isso, certamente, trará condições para investir adequadamente numa relação amorosa de modo a evitar transtornos, traumas e, obviamente, ter o nome sujo no Serviço de Proteção ao Relacionamento. Pense nisso.

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

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