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Pessoa viciada em pornografia. Um leitor do blog escreveu solicitando um post sobre o comportamento de pessoas que são viciadas em vídeos pornográficos, pois quer saber se há algo errado com elas.

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Primeiramente, obrigado pela participação. Espero que este post ajude de alguma forma. Farei algumas considerações, ainda que genéricas, e espero que atenda às suas expectativas, pois é um tema extremamente amplo, complexo e sempre deve ser visto na particularidade de cada caso, cada pessoa.

Pessoa viciada em pornografia.

Pornografia é um assunto polêmico. Este é um tema que sempre divide as opiniões de muitas pessoas. Há sempre muitos conflitos entre os valores e as necessidades de cada pessoa que tem contato com esse tipo de material. Também há conflitos gerados pelas referências sociais, culturais, legais e religiosas da questão. Porém, um importante fator que merece ser acrescentado nas discussões e análises em torno da pornografia é o papel que ela ocupa na vida da pessoa e qual o impacto que ela tem para a vida de quem utiliza esse material, assim como o impacto na vida das demais pessoas.
Parece difícil de acreditar, mas já vivemos em uma época em que o sexo era tratado com a maior naturalidade possível. As pessoas lidavam naturalmente com as questões relacionadas ao sexo e sequer se escondiam para ter suas relações sexuais. Tudo era feito com muita espontaneidade, sem traumas e complexos.
Isso porque, ao que parece, as pessoas daquela época pareciam atender prioritariamente às necessidades fisiológicas e emocionais relacionadas ao sexo. Algo parecido com aquilo que muitas pessoas chamam de instinto. Naquele contexto, num dado momento, veio a religião e disse que muito daquilo que era feito no sexo era errado e que se as pessoas não mudassem estariam pecando. Isso contribuiu para que sexo passasse a ser algo proibido. Eles diziam que o prazer sexual era pecado. E definiram papéis para homens e mulheres nas práticas sexuais.
Assim, o sexo passou a ser visto apenas para fins de reprodução da espécie. Que pecado!
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Ainda hoje alguns grupos ignoram esses ditames das religiões (acho que os próprios religiosos também). No geral, vivemos numa sociedade regida por regras que limita significativamente os comportamentos sexuais em relação a outras épocas da história da humanidade. E muitas pessoas – senão todas – passaram a viver e atender suas necessidades sexuais, desde o desejo inerente ao processo de desenvolvimento, passando pela curiosidade, conhecimentos e experimentação de forma escondida, de forma isolada e conflitante. Fato que favoreceu o surgimento da pornografia.

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Sexo na Adolescência: Transformações do corpo e do comportamento.

A pornografia, normalmente, é definida como qualquer expressão humana que desperta pensamentos sexuais (imagens, fotografias, vídeos…). No geral, acessível para qualquer pessoa e quase sempre assume caráter de atividade condenada pela maioria das regras sociais e culturais na qual vivemos.
Nesse sentido, tudo que venha despertar pensamentos e outros comportamentos sexuais será classificado desse modo como pornografia. E é justamente o impacto das leis e regras do contexto que dirá o quanto esses comportamentos serão aceitos (ou não) e a forma como as pessoas deverão lidar com eles.
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O interessante é que nossa cultura forma pessoas que desde muito pequenas aprendem que pensamentos sexuais é pecado. Que pornografia (tudo que desperta o pensamento sexual) é errado. E que o sexo é algo proibido.
Ocorre que, conforme vamos crescendo, vamos descobrindo que o sexo é algo bom, que a pornografia é útil para aprendermos sobre o sexo e que sexo pode não ser pecado. E que a maioria das práticas sexuais é sim aceita pela cultura e também pelas leis. Ou seja, tudo que aprendemos que era ruim, num dado momento descobrimos que é bom e faz bem.
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E se juntarmos tudo isso?

Organicamente, temos uma relação intrínseca com a sexualidade. Nossa cultura nos ensina que é errado, proibido, pecado. Depois, descobrimos que na verdade é algo bom. Claro que isso pode gerar conflitos das mais diversas ordens, mas uma é certa: se a pessoa foi privada de algo bom durante muito tempo, quando ela tiver acesso vai querer aproveitar o máximo de tudo isso, pois tudo que nos traz algum tipo de retorno bom, tem uma probabilidade enorme de se repetir em nossos comportamentos. Por isso que muitas pessoas são viciadas em pornografias, mas não somente por isso.
Muitas vezes, ao entrar em contato com a pornografia, e até ficar viciada em vídeos pornográficos ou sexo explícito na internet, a pessoa também pode estar privada de uma série de outros fatores que não somente o prazer sexual, como por exemplo: viver sem amigos, sem carinho, atenção, dinheiro, relacionamentos sociais, boa convivência com a família, pode estar sem namorar. E associado a estas faltas, a pessoa pode estar triste, ansiosa, ser tímida, com a autoestima baixa e pode acabar compensando (ou acreditar que compensa) tudo isso no prazer que tem ao acessar ou entrar em contato com a pornografia.

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A pessoa viciada em pornografia dificilmente reconhecem que são doentes e precisam de ajuda.

Por isso que temos pessoa viciada em pornografia. Não somente porque é algo que lhes traz algum tipo de prazer. Viciam também porque é algo bom, no sentido mais amplo da palavra, pois pode trazer consigo compensação para uma série de faltas que possa existir na vida da pessoa. Ou seja, a manutenção desse comportamento pode ser funções muito bem definidas para a vida da pessoa e pode haver com isso riscos também muito bem definidos.

Pessoa viciada em pornografia: O primeiro risco é o próprio vício.

O vício, por si só, pode significar que a pessoa não está mais conseguindo controlar seus impulsos relacionados a este comportamento e isso, certamente, está interferindo na autonomia da pessoa nesse processo.
Outro aspecto é quando esse vício prejudica no ritmo de vida da pessoa diretamente envolvida e na vida de outras pessoas nos contextos em que ela acontece, ao ponto de aspectos fundamentais como, relações sociais, alimentação, estudo, trabalho, vida pessoal e profissional ficarem prejudicados pela manutenção do vício.
É mais grave ainda quando a pessoa abre mão de vários aspectos da vida e passa a viver e acreditar apenas no resultado que ela acredita conseguir apenas praticando o comportamento viciante, em detrimentos de outras ações pertinentes às rotinas e aspectos da vida, a situação fica ainda mais grave. É como poderíamos pensar num rapaz que tem muita dificuldade de se envolver num relacionamento e passa a acreditar que a masturbação será um grande substituto e isso resolverá seus problemas para o resto da vida.

Para algumas pessoas que me procuram para tratamento relacionado às questões que envolvem vício ou excesso de sexo e algumas práticas sexuais, costumo recomendar o filme acima. Através do enredo de Shame, procuramos entender a função das práticas sexuais da personagem e dos fatos e acontecimentos que o levaram a ser classificado como viciado em sexo. Cada pessoa tem sua razão e o filme ajuda a gente a entender isso e traçar um tratamento adequado para a pessoa livrar-se do vício.
Então, meu querido leitor, se as coisas estiverem fugindo ao próprio controle, se as informações não foram ou estão sendo bem processadas, se há culpa ou opressão das leis, da cultura ou da religião nos contatos e acessos às pornografias; pode sim haver algo errado com a pessoa viciada em pornografia. Porém, como disse no início, cada caso deve ser visto individualmente para que possamos realmente entender como o vício foi instalado no comportamento, quais as funções que ele cumpre na vida e o que está mantendo a sua frequência.
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Como já disse em outros posts, temos que entender a raiz do problema para podermos efetivamente implementar comportamentos mais adequados. Fico muito feliz que esteja interessado na questão, mas lembre-se que nem sempre conseguimos enxergar a raiz dos problemas sozinho.
Por isso, a pessoa viciada em pornografia deve recorrer à ajuda de pessoas mais preparadas para auxiliar nessas questões. Quem sabe assim novos entendimentos podem surgir e, a partir deles, temos melhores investimentos e melhores resultados.

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

2 Comments

  • priscila disse:

    Sou meio paranoia com pornografia nao gosto de ver nada disso.
    Agora tem muitas pessoas que gostao de ver para se satisfazer agora eu sou diferente nao prescizo disso para ser feliz

  • Erica disse:

    Eu fico triste meu esposo gosta de ver pornografia

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