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No ebook25 mitos acerca dos relacionamentos amorosos”, discorri sobre algumas mentiras presentes nos conceitos de relacionamento. Inclusive destaquei alguns aspectos práticos e relevantes das relações, tentando introduzir mais realismo à vida dos casais. Embora polêmico, o ebook pode trazer algumas dicas para sua reflexão, ao propiciar melhorias substanciais para seu relacionamento. Caso você ainda não conheça, baixe aqui. Seguindo essa mesma perspectiva, nesse post falarei sobre alguns comportamentos como o sofrimento comumente presente no fim dos relacionamentos. Muito dessas atitudes  podem até fugir ao convencional, no entanto, contêm altas doses de desgastes emocionais.

Carro ou relacionamento?

Todos sofrem com o fim do relacionamento? A resposta mais óbvia seria “sim”. Provavelmente, essa resposta rápida seria decorrente da ideia que preconiza que as pessoas não entram numa relação desejando que ela acabe. Apesar disso, devemos considerar que muitas iniciam um relacionamento pensando no seu fim. Embora a informação pareça estranha, é a mais pura verdade. Um exemplo disso pode ser visto nas tentativas de relacionamento feitas por pessoas traumatizadas pelos modelos fracassados de terceiros e, especialmente, as experiências pessoais mal sucedidas. Diante de referências tão negativas,  tal grupo torna-se inseguro, desconfiado e egocêntrico.

Nesse sentido, indivíduos com essas características e perfil comportamental iniciam uma relação como se estivesse comprando um carro. Ou seja, escolhem um modelo já pensando em passá-lo adiante, seja pelo surgimento de problemas ou após usufrui-lo por um período. Assim sendo, acredita-se que o fim de um relacionamento desse tipo é previsível, natal e nao deve gerar sofrimento. Afinal, o término já era – de certa forma – esperado. Todavia, ainda que seja visto como uma ocorrência natural, inevitavelmente denota mais um fracasso afetivo, revela frustração e, obviamente, provoca sofrimento.

O sofrimento no fim do relacionamento psicólogo em salvador especialista em terapia de casal Elídio Almeida

Portanto, diante do fim de um relacionamento, é imprescindível destacar que cada um reage à sua maneira. Se, por um lado, aqueles que já esperam o fim da relação mostram naturalidade com o término, por outro lado, os que acreditam na relação eterna não conseguem esconder a dor da frustração. Assim, o sofrimento vivenciado por esses últimos é tamanho ao ponto de sentirem sem chão com o fim do relacionamento. Seja como for, em todos os casos, ainda que nem todos admitam, há sofrimentos e traumas. E, claro, isso influencia nas formas como a vida amorosa será conduzida a partir daquele ponto.

Homens e mulheres: o peso do fim de um relacionamento. 

Afinal, como homens e mulheres se comportam após o fim do relacionamento? Observando o comportamento dos meus pacientes ao longo desses 10 anos atuando como terapeuta de casal, tenho uma percepção sobre essa questão. Embora entenda que isso não deve ser visto como regra, minha amostra pode representar as relações amorosas da atualidade. Vejamos a seguir como homens e mulheres reagem ao fim de um relacionamento.

O sofrimento no fim do relacionamento psicólogo em salvador especialista em terapia de casal Elídio Almeida

Depois de cortarem os laços com seus cônjuges, observo que as mulheres vivem um intenso período de luto. Algumas, choram copiosamente, deprimem, ficam literalmente na fossa. Todavia, após essa fase nebulosa de mágoas e revoltas, costuma haver uma “reviravolta”. A partir daí, depois do período nebuloso, elas se mostram mais extrovertidas e abertas a novas relações sociais e afetivas. Porém, ainda permanecem machucadas e procuram reatar com o ex. Também há casos em que partem logo para tentar engatar uma nova relação a fim de mostrar que superaram e estão bem. Muitas vezes, o aparente bem-estar não passa de uma fachada para disfarçar o sofrimento pela frustração de não ter evoluído na relação.

O sofrimento no fim do relacionamento psicólogo em salvador especialista em terapia de casal Elídio Almeida

Por outro lado, ainda conforme minha amostragem, os homens fazem o caminho inverso. Primeiro eles partem logo para outras tentativas de relacionamento. Com isso, tentam afogar as mágoas com algum subterfúgio (farras e bebidas) e buscam pegar geral. Somente depois de vivenciar muitas relações rasas, eles entram no processo de reflexão e luto pelo relacionamento perdido. Ou seja, embora aparentemente lidem melhor com o fim de um relacionamento, os homens apenas tentam fugir ou postergam o enfrentamento pela perda. 

As consequências

Outra constatação da minha análise demonstra que homens e mulheres, geralmente, costumam confiar menos, após a separação. Ou seja, ainda que se proponham a se engajar o quanto antes num próximo relacionamento, eles – homens e mulheres – se tornaram mais inseguros, ciumentos, desconfiados e reativos. Como normalmente carregam traumas e situações do passados mal resolvidos, agem em função das angústias e irradiam isso para as próximas relações.

O sofrimento no fim do relacionamento psicólogo em salvador especialista em terapia de casal Elídio Almeida

O sofrimento só acaba quando termina.

Ainda que homens e mulheres tenham posturas diferentes, todos sofrem após o fim de um relacionamento. Mesmo que alguns tentem se preparar para esse momento, o  término de uma convivência foge à regra geral. Justamente por isso, as pessoas, independente do gênero, precisam aprender a fechar ciclos, de modo que isso não desencadeie traumas, tampouco interfira na construção saudável de novos elos afetivos. 

A recomendação é sempre procurar tratar as emoções decorrentes dos vínculos afetivos, até mesmo quando este chegar a um fim. A proposta não é somente se livrar do sofrimento inerente ao fim de um relacionamento. Em outras palavras, a ideia é aprender com esse desfecho, de modo a não passar por ele novamente. Somente dessa maneira é possível viver com plenitude, construir laços mais amadurecidos, bem como não irradiar ou projetar seus traumas em todos que cruzarem ou partilharem do seu caminho. Ou seja, o sofrimento só termina quando efetivamente ele acaba.

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

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