Como você se sentiria se recebesse 500 ligações e mais 1300 mensagens em um único dia? Agora imagine que tudo isso vem de uma única pessoa que diz ser apaixonada por você. Essa pessoa vigia suas redes sociais, monitora seus passos, interfere no seu trabalho e até no seu relacionamento, abordando e ligando para sua esposa e filhos. Isso aconteceu com um médico de Minas Gerais e ganhou repercussão, levantando a discussão acerca do stalking. Além de uma atitude criminosa e assustadora, o stalking é mais comum do que se imagina. Por isso, é fundamental compreender que o hábito de stalkear pode indicar transtornos mentais graves, razão pela qual é imprescindível saber identificar aqueles que podem praticar esse crime e como agir diante desses casos.
O que é Stalking?
O stalking ocorre quando uma pessoa persegue outra, pessoalmente ou por outros meios, como telefonemas e mensagens, especialmente pelas redes sociais. Desde 2021, essa prática é considerada crime no Brasil, com pena que pode chegar a dois anos de prisão. Embora as pessoas estejam mais habituadas a ver histórias de perseguição amorosa em novelas, séries e filmes, como no filme “Stalked by My Doctor“, que no Brasil recebeu o nome de “Fascinação Mortal“, ela é muito mais comum do que se imagina. Por exemplo, esta semana foi noticiado o caso de um médico que foi vítima de stalking, o que reacendeu a discussão acerca do tema. Ele relata ter sido perseguido por uma mulher que fez mais de 500 ligações e enviou mais de 1300 mensagens em um único dia, entre outras abordagens graves.
O caso
“Ela ficava me esperando na esquina do meu trabalho e, inclusive, já invadiu a minha clínica. Eu fui perseguido várias vezes,” disse o médico ao Fantástico. Ele informou que conheceu a stalker em 2018, quando a atendeu em um hospital particular; na época, ela apresentava um quadro de depressão. Depois de outros dois atendimentos, a stalker procurou a clínica onde ele também trabalha e “disse que aquilo não era coincidência, que ninguém salva a vida de outro tantas vezes por acaso, que tinha algo a mais.” Foi então que o crime começou a ganhar força, com mensagens “perturbadoras“, menções a tentativas de suicídio e ameaças pessoais à sua família.
O médico também afirmou que a mulher começou a persegui-lo nas ruas e houve agressão física envolvendo sua esposa. Diante de todos esses acontecimentos nos últimos cinco anos, ele registrou 42 boletins de ocorrência, o que levou a mulher a ser presa duas vezes. Segundo a reportagem do Fantástico, há um ano o médico e sua esposa estão em tratamento para controlar o pânico.
Condições Mentais
A prática de stalking, especialmente nos casos mais graves, pode estar relacionada a transtornos psicológicos, como os distúrbios psicóticos. Nessas situações, a pessoa perde o senso de realidade, não aceita a rejeição e acredita que, ao estar presente na vida da outra pessoa ou saber tudo sobre ela e sua rotina, conseguirá despertar seu interesse e reverter a rejeição. No caso do médico mencionado acima, não há notícias sobre um diagnóstico de transtornos mentais para a mulher acusada de stalking. No entanto, é fundamental destacar que stalking não é um diagnóstico médico. Trata-se de um comportamento criminoso que pode indicar eventuais transtornos mentais na pessoa que persegue a outra. Por isso, indivíduos que têm esse hábito devem procurar ajuda psicológica.
Como Identificar um Stalker?
Para identificar um stalker, é preciso observar o comportamento da pessoa. A principal característica desse crime é a repetição. Ou seja, a perseguição reiterada é o primeiro sinal de alerta. Afinal, o stalking consiste em uma série de comportamentos que, ocorrendo de forma repetitiva, inibem a liberdade da vítima, que não se sente confortável para publicar conteúdo nas redes sociais, além de desenvolver o medo de andar na rua e temer pela própria segurança e pela integridade física e emocional de familiares.
Sinais de Stalking:
- Mensagens excessivas: Muitas mensagens de uma mesma pessoa em diversas oportunidades, mesmo após sinalizar que não quer mais contato.
- Ligações frequentes: Diversas ligações seguidas, caracterizando importunação.
- Perfis falsos: O stalker pode criar perfis falsos nas redes sociais para acompanhar as postagens da vítima, caso seja bloqueado.
- Perseguição a amigos e familiares: Familiares e/ou amigos começam a ser seguidos pelo stalker ou pelos mesmos perfis falsos.
- Acompanhamento físico: A vítima percebe que alguém está sempre nos mesmos locais e horários que ela.
- Informações detalhadas: Comentários que mostram que a pessoa sabe detalhes da sua rotina, como a roupa que estava usando ou uma foto de algo seu.
Outras situações semelhantes podem indicar stalking, mas o principal ponto é a repetição em vários dias, em diferentes momentos. Além disso, o stalking geralmente está associado a outros crimes, como ameaça, extorsão ou violência psicológica — todas situações que amedrontam a vítima e podem cercear sua liberdade. Por isso, a primeira conduta deve ser procurar ajuda de familiares e amigos para levar o caso às autoridades policiais e judiciárias. Outro ponto fundamental é buscar tratamento psicológico, para lidar com os traumas e desdobramentos decorrentes da situação de stalking.