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Hoje vou escrever sobre briga de casal, pois comigo não tem essa de “em briga de marido e mulher ninguém mete a colher“. Existem casais que brigam por praticamente tudo. São crises de ciúmes, uma série de desconfianças, as diferenças entre si e, é claro, muita intolerância. Talvez você também já tenha se perguntado por que estes casais que brigam o tempo todo ainda permanecem juntos, mesmo com tantas diferenças e desentendimentos. Este texto vai lhe ajudar a compreender algumas perspectivas dessa questão.

terapia de casal psicólogo em salvador elídio almeida

Para compreender a razão destes casais permanecerem juntos, devemos tentar vislumbrar além das funções óbvias das brigas. Afinal, se continuam insistindo em uma relação aparentemente ruim e com tantas adversidades, é sinal que alguma coisa boa deve existir no relacionamento para valer o esforço. Vamos pensar sobre alguma delas?

Casal que briga permanece junto?

Quanto tentamos sair do óbvio da briga de casal, pensamos logo que “eles brigam, mas se amam ou se gostam”, não é mesmo? Isso, até poderia estar correto em alguns casos. Ou seja, o que vemos cotidianamente é apenas uma fração daquilo que o casal é, podendo sim existir um sentimento que conecte o casal fazendo com que permaneçam juntos mesmo com a frequência das brigas.

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Casais assim sobrevivem por algum tempo, mas podem se cansar e se separar por conta das mágoas e desgaste da relação provocados pelos desentendimentos. Os estudos apontam que casais que vivem divididos entre o gostar e o odiar, já não conseguem ter controle emocional para equilibrar e conduzir a relação; por isso precisam de suporte profissional, especialmente da Terapia de Casal.

Nas brigas em um relacionamento, é importante lembrar que também existem os casos em que o casal já tenha se amado muito no passado. E, mesmo essa não sendo mais a realidade deles, insistem em permanecer juntos, acreditando que as brigas farão com que os áureos tempos retornem.

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Por isso, durante a terapia de casal, sempre procuro compreender, junto a meus pacientes, o contexto da relação, o real sentimento de um pelo outro no momento e, claro, a função das brigas do casal. Embora a razão sempre varie de casal pra casal e de relacionamento para relacionamento, tenho percebido que existe um fator “compensador” nas brigas e discussões e, talvez por isso, muitos casais briguem tanto. Lógico que é difícil conceber que exista algo “compensador e legal” em brigar – por isso as aspas – mas nem sempre as pessoas notam que há um ganho secundário legítimo nas discussões e mesmo sem perceber, as pessoas são beneficiadas por este fator.

Pensar em “ganhos” presentes nas brigas do casal nos ajuda a compreender o contexto mais amplo desse comportamento. Lógico que a palavra ganho soa contraditória se pensarmos que a briga sempre traz um desentendimento para o casal; mas onde estaria o ganho? Talvez ajude se trocarmos a palavra ganho por consequências e isso pode se tornar ainda mais compreensivo se escalonarmos essas consequências.

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Observe que a primeira consequência da briga é ruim (o desentendimento), mas a segunda ou terceira consequências podem ser muito boas ou compensar a primeira. É como trabalhar o mês todo, mas no final receber o salário e com ele adquirir várias coisas importantes e legais. Bem, mas quais seriam os ganhos secundários de uma briga?

Além da crença de retornar aos áureos tempos da relação, como disse acima, acredito que o principal ganho das brigas do casal é o fato de que, ao brigamos, conseguimos colocar para fora todos os nossos incômodos, nossas angústias e tudo aquilo que nos desagrada no relacionamento. Ou seja, expressar nossos sentimentos e emoções é algo que nos faz um bem enorme e é exatamente isso – dentre outros efeitos – que experimentamos quando brigamos com nosso parceiro ou parceira.

Em outras palavras, através das brigas e discussões comunicamos ao outro (ainda que inadequadamente) aquilo que está nos incomodando e, muitas vezes, essa comunicação é ouvida e atendida (outro ganho), fazendo com que a briga se instale no repertório do casal.

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Briga de Casal

Algumas pessoas até conseguem perceber o ganho secundário de suas brigas nos relacionamentos, mas raramente conseguem perceber o “ganho” terciário. Como tratei acima, o benefício de expressar os sentimentos e emoções é apenas um dos ganhos. Durante as brigas obtemos outro tipo de consequência, algo como um efeito colateral pelo método que usamos para expressar os sentimentos e emoções.

Durante uma briga de casal as pessoas são agressivas, egoístas e usam a ofensa para comunicar aquilo que sentem. Com isso esquecem-se de que há outra pessoa recebendo tudo isso e, mesmo que haja amor e sentimento na relação, isso tende a ser diminuído a cada briga, chegando ao ponto de finalizar a relação, pois  ninguém consegue suportar o clima de briga por muito tempo em uma relação.

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Pensando nisso é que, sempre que possível, faço um treinamento em comportamento assertivo com meus pacientes. Ser assertivo auxilia você a desenvolver habilidades mais adequadas para expressar seus sentimentos e emoções, comunicando de forma direta e clara aquilo que você sente e percebe, sem agredir seu parceiro ou parceira, mantendo o foco no problema, buscando soluções acordadas entre as partes e privilegiando a relação.

Por isso, sugiro que você pare um pouco e pense nos “ganhos” que você tem obtido através da briga de casal, especialmente com a forma que tem usado para comunicar seus sentimentos e emoções. Lembre-se também que se você não conseguiu ter sucesso até agora, você pode estar fazendo alguma coisa errada e isso pode ser um sinalizador que chegou a hora de mudar a estratégia de lidar com as brigas de casal e os problemas do relacionamento, evitando as brigas do casamento.

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

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