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Constatar o término de um relacionamento é sempre desconfortável. Independente do motivo que tenha levado ao fim do namoro ou casamento, geralmente ocasiona nos pares a sensação de frustração. No entanto, algumas pessoas não entendem ou aceitam o desfecho da relação e tentam encontrar uma lógica ou construir uma narrativa que dê algum sentido à separação. Tal estratégia, quando bem aplicada, pode ser relevante. No entanto, muitos erram nessa investida, pois analisam o término da relação pela ótica e pela história de terceiros. 

Cautela e sensatez para entender o término do relacionamento

É natural do ser humano buscar compreender sua trajetória, de modo a aprender com ela e não repetir os mesmos erros. Tratando-se do desfecho de um relacionamento, muitas pessoas procuram agir nesse intuito, porém erram no método. Ou seja, ao tentar compreender as razões que levaram ao fim do enlace, buscam respostas nas experiências de terceiros. Isto é, pessoas que não fazem parte da relação. Na prática, agem mais ou menos assim: “você me traiu porque você é igual ao seu pai, seu irmão, seus amigos“. Embora essa lógica pareça coerente para algumas pessoas, tal reflexão atém-se às experiências, relações e comportamentos dos outros. Assim sendo, distanciam-se dos fundamentos que tenham a ver com o casal em si. Consequentemente, não são extraídos os aprendizados da própria relação, correndo o risco de cometer grandes equívocos nas conclusões. Por isso, cautela e sensatez são cruciais neste momento.

Sempre que me deparo com alguma questão voltada ao término de um relacionamento, procuro conhecer as peculiaridades da  história e os perfis nele envolvidos. Essa é uma atitude de prudência, que visa partir do caso específico para as análises gerais. É dessa maneira que se consegue propor intervenções e a terapêutica adequada. No entanto, habitualmente, as pessoas fazem o oposto: espelham-se nas histórias alheias e tentam encaixá-las na sua realidade. Não por acaso, vivem constantemente repetindo os mesmos erros e deparando-se com as mesmas frustrações. Daí a necessidade de técnica, cautela e sensatez para tratar desses casos.

Diante das crises na relação ou do término do relacionamento, algumas pessoas procuram entender a situação analisando a história de terceiros. Geralmente erram bastante com essa atitude.
Diante das crises na relação ou do término do relacionamento, algumas pessoas procuram entender a situação analisando a história de terceiros. Geralmente erram bastante com essa atitude.

A particularidade de cada relação 

Ao tentar compreender o final de um relacionamento, jamais se deve partir das generalizações. Muito menos trazer para si vivências de terceiros como verdades absolutas e universais. Ao se propor a compreender tal atitude, o recomendado é dar foco ao percurso do casal. A partir daí, verificar erros e acertos, de modo a pôr em prática os devidos aprendizados. Somente na história do casal é que serão encontradas respostas e ensinamentos relevantes à solução e construção da vida a dois.

Por isso, o profundo conhecimento e a propriedade da relação, mesmo após o término, é relevante. Isso permite que você decida sobre seus comportamentos, suas escolhas e os próximos pares, levando em consideração os aprendizados colecionados das experiências anteriores. Lembrando sempre que a relação deve ser avaliada pela perspectiva da trajetória do casal, jamais pelo itinerário do outro.

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

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