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Compõem a geração Millennials aquelas pessoas nascidas entre 1981 e 1995. Dito isso, os dados de uma pesquisa realizada pelo Instituto Kinsey da Universidade de Indiana (EUA) pode surpreender muitas pessoas, inclusive os millennials. Isto, pois, o estudo demonstra que muitos daqueles que compõem esse grupo vivem em relacionamentos sem intimidade sexual. Ou seja, são adultos jovens que vivem casamento sem sexo. Por isso, é fundamental compreender e refletir sobre essas informações, bem como levantar hipóteses para essa questão que afeta muitos relacionamentos.

Casamento sem sexo

Embora haja uma crença geral de que os casais da geração millennial estejam no seu ápice sexual, ou perto dele, tal percepção parece não refletir a realidade. Isto, pois, assim como os dados trazidos pelo Instituto Kinsey, existem relatos em todo o mundo de que muitos membros dessa geração estão se “afastando do sexo”. Prova disso pode vir de diversos fóruns na internet, compostos por homens e mulheres millennials.

Um desses fóruns, o r/DeadBedrooms, autodescrito como “grupo de discussão para membros do Reddit que estão enfrentando um relacionamento com séria falta de intimidade sexual”, confirma a tendência de millennials. Segundo informações do grupo, os millennials que estão casados ou em relacionamentos longos, vivem no chamado “casamento sem sexo”.

Quartos mortos

A ideia de casamento sem sexo pode parecer natural quando essas histórias vêm de casais mais velhos. Contudo, essa realidade contempla os millennials, aqueles nascidos entre 1981 e 1995. Inclusive, esse fenômeno é chamado pelos millennials de “quartos mortos”. Porém, o que está acontecendo exatamente? 

Na verdade, uma série de fatores podem explicar “o casamento sem sexo” vivido pelos millennials. Aliás, não há consenso entre os estudiosos do tema sobe o que seria um casamento sem sexo. As definições variam desde relacionamentos com pouca atividade sexual (menos de 10 relações por ano) ou nenhum sexo por longos períodos. Seja qual for a frequência, nitidamente é muito inferior à média praticada em outras gerações. Assim, entre as hipóteses para essa ocorrência diminuta da intimidade sexual, estão o estilo de vida dos millennials, a influência da internet e das redes sociais. Do mesmo modo, os transtornos psicológicos e a qualidade do relacionamento compõem a configuração do casamento sem sexo.

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O modo de construção e manutenção do relacionamento deve ser considerado na investigação daquilo que torna o relacionamento num casamento sem sexo.

Relacionamentos seguros e acolhedores

Além das dificuldades impostas à geração millennial, a exemplo das mudanças no mercado de trabalho e na vida acadêmica, há também que se considerar outros impactos sem precedentes em outras gerações. Assim, a relação dessa geração com a internet e com as redes sociais, faz com que lidem constantemente com referências de alta performance e com filtros que não estão disponíveis na vida real. Ou seja, a autoconsciência deturpada de si, resultante desse processo, pode acompanhar as pessoas para a cama. Com isso, os millennial se sentem menos confiantes de si e dos seus corpos, impactando a dinâmica e a frequência de sexo entre o casal. 

Além das redes sociais, a pornografia, como já abordei noutro post aqui do blog (veja aqui), tem grande influência sobre os millennials. Isso ocorre devido ao fato de muitos deles terem ficado maiores de idade quando a pornografia estava começando a se tornar amplamente acessível online. “A pornografia nunca me rejeita” ou “a pornografia nunca critica meu desempenho” são comentários frequentes em meu consultório. Por isso, esse fator é uma enorme mudança com relação às gerações anteriores. Ademais, questões emocionais e psicológicas como: autoestima baixa, diversas configurações de depressão e ansiedade, muito comuns na geração millennial, contribuem para que vivam, infelizmente, em casamentos sem sexo.

Todavia, a qualidade da relação, ou seja, o modo como o convívio foi construído e mantido até então, certamente, tem um peso crucial para a configuração do casamento sem sexo. Afinal, ainda que haja o impacto de todos os elementos anteriormente citados, se a relação for segura e acolhedora, a intimidade é diretamente beneficiada. Isso ocorre até mesmo quando as adversidades da geração estão presentes.

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

One Comment

  • Observador disse:

    Fato é que as pessoas estão perdendo o como chegar, contato fisico, num mundo cada vez mais virtual! Me lembro que num carnaval há uns 7 anos, eu e um colega, cisgeneros, fomos e assistimos um show com travestis, acabou me abraçando por trás, enamorado! Subimos a um hotel próximo, daqueles para pernoite nos centros da cidade e transamos até demorado, numa sintonia impar! De manhazinha foi a padaria comprar café, arrumou a mesa e me chamou para o café! Ainda disse a ele que romantico, nem parece que é carnaval! Ele comentou que chegou a ter um pensamento reflexivo: em namoros que teve, hetero, nunca chegou a tal romantismo, mas admitindo que comigo, chegou a contar com carinho, maravilhosa acolhida e que mesmo sendo anal, foi a melhor penetração que ele realizou!

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