Somente em 2018, aproximadamente 69 mil casais disseram “sim” em cerimônias de casamento na Bahia. Esse foi o maior índice no estado desde que o evento começou a ser estudado pelo IBGE, em 1974. Tal índice indica que a Bahia é o estado em que, pelo segundo ano consecutivo, o número de casamentos teve o maior crescimento. Foram 4 mil “sins” a mais que em 2017, saltando de 65 para 69 mil, conforme dados do IBGE.
Nem tudo são flores
Outra constatação do estudo do IBGE também chama a atenção. Da mesma maneira como cresceram os números dos casamentos, também aumentaram substancialmente os números dos divórcios no estado. Segundo o instituto, em 2018 foram 4.500 formalizações de divórcios a mais do que em 2017. Ou seja, somente em 2018, houve 25 mil dissoluções formais de relacionamentos na Bahia. Em outras palavras, a cada três casamentos realizados no ano passado, um terminou em divórcio. Esse dado surpreendente deixou o estado em 2º lugar no ranking nacional, perdendo apenas para São Paulo.
Nesse contexto, é importante destacar um fato relevante: nesse estudo, o IBGE levou em consideração apenas as uniões e dissoluções formais de relacionamento. Assim, caso fossem considerados os casamentos que não passaram pelos registros formais de união e separação, certamente esses números seriam ainda muito mais alarmantes. Seja como for, essa é uma constatação que preocupa significativamente. Isto porque, ela demonstra claramente a qualidade precária das relações vivenciadas nos dias atuais.
Por que há tantos casamentos e divórcios?
o surgimento das redes sociais. Por meio delas, a cada momento, depara-se e convive-se com a ostentação dos enlaces matrimoniais de pessoas próximas, celebridades e até mesmo de desconhecidos. Ao contrário dessa realidade, – antigamente – esse tipo de ocorrência acontecia apenas nos casamentos de pessoas mais próximas. Hoje, contudo, as redes sociais tornaram-se uma espécie de vitrine com ares de diário público. Ou seja, por meio desses artifícios digitais é possível acompanhar o dia a dia de diversos casais. Tudo é compartilhado por todos, desde o primeiro encontro até o “sim” no altar. Dessa maneira, é comum admirar e desejar viver de qualquer maneira e a qualquer custo a “felicidade” do casamento conforme o modelo que impera nas redes sociais.
Assim sendo, não há como negar que esse acesso indiscriminado à vida alheia reforça a ideia de “sou feliz porque sou casado(a)“. Fato que aguça nos espectadores a crença de que a meta da vida deve ser a “relação de sucesso”, simbolizada pelo casamento. Não por acaso, grande parte da sociedade está ávida por configurar suas relações de modo a se casarem o quanto antes.
Mais status e menos qualidade
No entanto, a pressa para ostentar o status de “casado”, desencadeia o ‘pular de etapas’ fundamentais à solidez do relacionamento. Em decorrência disso, ignoram ou deixam de viver fases importantes para que o casal construa afinidades e vínculos sólidos. Dessa forma, muita gente se casa sem conhecer o companheiro ou a companheira da maneira devida. Na prática, constroem um rápido check list daquilo que julgam essencial para a relação e partem logo para o “sim”. Assim, não por acaso, durante o convívio, começam a se deparar com os incontáveis dilemas dos relacionamentos. Esses impactos nocivos ocorrem, principalmente, em função do casal não ter vínculos bem sedimentados, frustram-se e separam-se. Afinal, não se prepararam adequadamente para a vida a dois.
Como evitar a separação?
Aqueles que desejam fazer parte apenas da estatística dos que casam, permanecem casados e vivendo bem, devem ter comportamentos diferentes e adequados à construção do relacionamento duradouro. Somente conhecendo ao máximo o parceiro ou a parceira é que construirão casamentos sólidos e equilibrados. Certamente, preparados para lidar com as adversidades no cotidiano do casal.
Por outro lado, aqueles que se apressam e casam de qualquer maneira – ignorando as incompatibilidades – podem se deparar precocemente com as frustrações e precipitar o fim da relação. Justamente por existir muitos casais que agem dessa maneira, as preocupantes estatísticas apontam que os divórcios aumentam proporcionalmente ao número de casamentos. Não obstante, há, nesse contexto assustador, o agravante que aponta as relações com duração cada vez menor. Ou seja, inegavelmente isso mostra um fato importante sobre como os casamentos. Esses estão sendo construídos de maneira impulsiva e sem vínculos fortalecidos.
Aprendendo com as estatísticas dos casamentos
Assim sendo, para que os dados estatísticos se revelem mais otimistas nos próximos levantamentos, torna-se imprescindível fugir dos extremos. Primeiro, é fundamental criar consciência de que não existe relação perfeita. Em segundo lugar, não perder de vista que “a pressa é inimiga da perfeição”. Ou seja, para se construir uma relação bem sucedida, feliz e duradoura, constitui como um aspecto necessário ter em ciência que, durante a convivência, surgirão frustrações. E não há problemas nisso, desde que o casal tenha maturidade e as ferramentas adequadas para lidar efetivamente com cada uma delas. Ademais, apressar ou negligenciar etapas fundamentais corrobora para a permanência dessas desanimadoras estatísticas.
Por fim, cabe ressaltar que conhecer a outra pessoa de forma mais realista, ajuda a evitar surpresas negativas e frustrações. Tal passo é imprescindível. E, tudo isso demanda tempo e aprendizado contínuo. Por isso, aprender com as estatísticas torna-se necessário. Afinal elas podem revelar justamente aquilo que não se deve repetir na vida pessoal, especialmente na construção das relações afetivas.