A escolha entre casar por amor ou dinheiro é um dilema com o qual muitos adultos se deparam. Neste texto, abordarei essa questão relevante à luz de um estudo publicado no Journal of Experimental Psychology, que analisa a relação entre os aspectos materiais e emocionais em um relacionamento. Além disso, vou propor algumas reflexões destacando com o dinheiro é uma peça importante na construção, manutenção e sucesso de um relacionamento.
Ninguém casa somente por amor
Sejamos práticos. No primeiro trimestre de 2023, o IPEA divulgou que o rendimento médio do brasileiro foi de R$ 2.900. Além disso, outro levantamento indica que o valor médio do aluguel no Brasil compromete 30% da renda familiar, enquanto outros 30% são destinados à alimentação. Diante desses números, cabe questionar: quem é o homem ou a mulher que, independentemente de sua situação financeira, está disposto a se casar unicamente por amor?
A questão é que muitas pessoas insistem em afirmar que seus casamentos são pautados apenas pelo amor romântico. Aqueles que sustentam essa falsa lógica, certamente não resistiriam a um ou dois questionamentos meus. Digo isso, pois qualquer relacionamento é inevitavelmente influenciado por demandas de ordem prática, incluindo, claro, o aspecto financeiro. Tal dilema é ainda mais evidente entre as pessoas pobres. Afinal, a maioria delas também se casa por uma necessidade de sobrevivência, pois quem ganha apenas um salário mínimo consegue fazer muito pouco, ou quase nada, com esse dinheiro. Logo, considerar a junção de dois salários, abre a possibilidade de se fazer algo a mais. Por exemplo, comprar um eletrodoméstico ou ter algum tipo de lazer no final de semana. Talvez poucas pessoas tenham refletido sobre esse ponto. E esse arranjo está presente em todas as classes socioeconômicas.
Dito isto, e para que não reste dúvidas de que essa é apenas uma questão das classes economicamente desfavorecidas, vale lembrar que pessoas ricas também se casam pela manutenção e ampliação do patrimônio. Por essa razão, afirmo que felizes são aqueles, pobres ou ricos, que conseguem um ponto de equilíbrio entre o amor e o dinheiro. Afinal, casar-se pode ser visto como um meio de combinar recursos subjetivos e concretos para aumentar a qualidade de vida.
Casar por amor ou dinheiro?
Mas o que o estudo do Journal of Experimental Psychology nos revela sobre o aparente conflito entre amor e dinheiro no relacionamento? Segundo o levantamento, é comum que o dinheiro e o amor estejam em pontos conflitantes ou excludentes na vida de muitos homens e mulheres que se relacionam e isso é um equívoco. Isto porque o estudo concluiu que nos relacionamentos bem-sucedidos, as pessoas valorizam mais a parceria e o equilíbrio das forças financeiras do casal do que o recurso econômico individual em si. Isso parece explicar porque qualquer pessoa, independentemente da sua classe econômica, também considera o papel do dinheiro como elo entre os pares.
No entanto, de modo leviano, muitas pessoas fazem uso dessa necessidade para aprisionar seu parceiro ou parceira. Isso ocorre especialmente entre aqueles que detêm o controle do dinheiro e usam desse artifício para manter a outra parte vinculada a si pela lógica danosa da dependência financeira. Ou seja, aqueles que usam o dinheiro para construir e fundamentar uma relação se aproximam da ideia de compra e venda de produtos e serviços. E isso se estende àqueles que oferecem ou buscam no dinheiro alguma compensação ou motivação para a existência do vínculo. Sem dúvida, isso diz muito sobre a existência de relacionamentos tóxicos e abusivos, bem como os diversos casos de dependências emocionais e as violências experienciadas em muitos casamentos. Por isso, é fundamental não colocar o dinheiro e o amor em campos opostos. Já que são elementos essenciais, precisamos considerá-los, ter propriedade sobre eles e coordená-los de modo mais eficiente.
O ponto de equilíbrio entre o amor e o dinheiro
A escolha entre casar por amor ou dinheiro é uma decisão complexa e multifacetada. Infelizmente muitos homens e muitas mulheres vivem esse dilema. Por outro lado, é inegável que o aspecto financeiro desempenha um papel importante em qualquer relacionamentos, mas o valor do amor e do vínculo emocional não pode, em momento algum, ser subestimado. O estudo publicado no Journal of Experimental Psychology, abordado brevemente, destaca a interconexão desses elementos, mas a verdadeira magia reside em encontrar o equilíbrio entre eles.
Assim, entre casar por amor ou dinheiro, a minha sugestão de “escolher os dois”. E isso não deve ser interpretado como uma resposta simplista, mas sim como um convite à reflexão. Como procurei destacar nesse texto, o sucesso de um relacionamento está intrinsecamente ligado à capacidade de equilibrar as necessidades práticas e emocionais. Por isso, saliento que é fundamental reconhecer que o dinheiro pode facilitar a vida cotidiana. Mas, por outro lado, ressalto que a parceira, o amor e o vínculo emocional são o que tornam um relacionamento verdadeiramente significativo. Portanto, ao considerar casar por amor ou dinheiro, a resposta ideal é buscar a harmonia entre os dois. Afinal das contas, é a harmonia do conjunto que dá significado à jornada conjugal.