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Festividades e datas comemorativas como o Dia das Mães, de fato, mobilizam e tocam o sentimento de todas as pessoas. Afinal, todos temos ao menos uma mãe.
Talvez você ache estranho eu falar em “ao menos uma mãe”, quando sabemos que biologicamente só podemos ter uma. Porém, nesse mundo tão plural, podemos ver todos os tipos de mães e elas vão além dos padrões biologicamente determinados. Para você ter uma ideia, em março de 2013 fui padrinho de casamento de duas pessoas que ocupam um lugar muito especial em meu coração. E, pela primeira vez em minha vida, vi um noivo entrando no altar de braços dados com suas duas mães (a mãe biológica e a mãe que o adotou). Ah, que dia!
Todavia, nem todos podem ou têm o privilégio de prestar tamanha homenagem às suas genitoras. E comemorações como o DIA DAS MÃES, parecem tocar em algo que nem todos estão preparados ou sabem lidar de forma adequada. Para nos situarmos melhor sobre o que estamos falando, vamos entender um pouco sobre como surgiu o Dia das Mães
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Como surgiu o dia das mães?

Segundo alguns sites, os primeiros indícios de comemoração desta data remetem à Grécia Antiga. Ao que parece, os gregos prestavam homenagens à deusa Reya, mãe comum de todos os seres. Neste dia os gregos faziam oferendas à deusa. No mesmo período histórico, contam que os romanos também faziam este tipo de celebração e eram realizadas festas em homenagem à deusa Cibele, mãe dos deuses romanos. Posteriormente, com o advindo do cristianismo, a data ganhou uma nova vertente e as celebrações eram realizadas em homenagem à Virgem Maria, a mãe de Jesus.
Dando um salto na história, podemos encontrar outra referência ao Dia das Mães na Inglaterra do século XVII. Nesse período, os ingleses comemoravam o “Domingo das Mães”, com missas em que os filhos entregavam presentes para suas mães. E aqueles filhos que trabalhavam longe de casa, ganhavam o dia para poder visitar suas mães. Ou seja, nesta época a data já passou a ser um dia destinado a visitar as mães e dar presentes, muito parecido com que fazemos atualmente.
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História do Dia das mães.

Outro marco importante remete aos Estados Unidos, em 1904. Naquele ano, uma mulher chamada Anna Jarvis teve a ideia de criar uma data em homenagem às mães. Na verdade, a ideia de Anna era criar uma data para homenagear a mãe dela, que havia sido um exemplo de mulher, pois havia prestado serviços comunitários durante a Guerra Civil Americana. Seus pedidos e sua campanha deram certo e a data foi oficializada, em 1914, pelo Congresso Norte-Americano. A lei, que declarou o Dia das Mães como festa nacional,  foi aprovada pelo presidente Woodrow Wilson. Após esta iniciativa, muitos outros países seguiram o exemplo e incluíram a data no calendário.
Aqui no Brasil, o Dia das Mães é comemorado sempre no segundo domingo de maio; de acordo com decreto assinado em 1932 pelo então presidente Getúlio Vargas. Desse modo, o Dia das Mães tornou-se uma data “especial”, pois as mães recebem homenagens, presentes e lembranças de seus filhos.

O Capitalismo mexendo no psicológico para vender mais.

Hoje, se perguntarmos a qualquer criança sobre o significado do dias das mães, certamente teremos como resposta que é uma data para presentear as mães, levar a mãe para almoçar fora… um dia de fazer a mãe feliz. E, tudo isso não surgiu do nada. Vale lembrar que vivemos num mundo capitalista, onde pessoas e empresas querem sempre (e cada vez) mais, levar as pessoas a adquirir seus produtos e “aquecer a economia”.
O Dias das Mães, segundo consta nas estimativas, é a segunda data mais importante para o comércio e só perde em vendas para as festividades de fim de ano, como o Natal. Muito por isso, as empresas não poupam propagandas e peças publicitárias para nos levar a “homenagear” nossas mães com os bens de consumo dos mais tradicionais aos mais modernos que contemplam todos os estilos de mães.
Em alguns momentos, parece que nosso sentimento, carinho, respeito e admiração só podem ser demonstrados através do nosso potencial de compra. É como se existisse a regra: “Quem não compra não ama”.
Nesse momento, convido você a refletir um pouco sobre o que você está lendo.
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Veja: por um lado temos uma mulher de referência e prestígio em nossas vidas que merece nossas homenagens. Por outro, temos um histórico que respalda a existência de um dia exclusivamente dedicado a elas. E ainda, na ponta desse triângulo, temos as empresas e marcas do nosso universo capitalista que visam fundamentalmente o lucro e se utilizam desse contexto para materializar nossos sentimentos em bens de consumo que podem ser facilmente encontrados nas lojas ou shopping mais perto de você.
Com isso, pouco a pouco vamos perdendo a essência da data e da homenagem. É como se, geração após geração, aprendêssemos que existe um dia para homenagear as mães. E, assim, os demais dias são facultativos à demonstração desse sentimento.
Pela lógica financeira da maioria da nossa população, isso faz todo sentido. Afinal, homenagem às mães virou sinônimo de comprar e presentear. A data tornou-se tão hipócrita, superficial e mercadológica que perdeu seu sentido. Como se isso não fosse suficiente, ainda exclui e deprime todos aqueles que estão impossibilitados de estar com suas mães – seja pela distância ou qualquer outro fator, como a morte ou o desconhecimento, por exemplo.
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E toda esse oba-oba com o Dia das Mães, parece pouco se importar com aqueles que fogem à regra dos presentes, dos almoços ou das presenças festivas neste dia. O que vemos é que tudo que se fala sobre o Dia das Mães pouco privilegia aqueles que possuem sentimentos, vínculos e particularidades, que nem sempre a data lhes remetem à alegrias.
Penso que o Dia das Mães seja sim um dia importante. Porém, pouco se diz sobre as razões da existência desse dia e o que ele provoca nas pessoas que são excluídas da regra geral de dedicar o segundo domingo de maio para render homenagens às mães. Penso ainda que essa data exista mais em função de uma associação sentimental altamente explorada pelo comércio e que pouco reflete o carinho que as mães merecem ter diariamente dos seus filhos.
Além do mais, ainda tem o sofrimento experienciado por todos aqueles que são contaminados pela “magia do Dia das Mães” imposto pelo comércio e que – por acontecimentos alheios às suas vontades – não podem estar com suas mamães ao menos nesse dia. E, muito por isso, vivem um momento de muita tristeza e alteração do humor.
Assim, vale lembrar que naturalmente ou inevitavelmente todos experimentarão o dia em que não terão suas mamães em vida. Por isso, vale muito mais a pena investir em (todos os) dias melhores com a mãe  do que ter “o” dia da dela. Pensando bem, deve ser muito triste para elas terem apenas esse dia.

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

One Comment

  • Leilane Neves disse:

    Pois é amei essa postagem tb, e digo que devemos dar toda a atenção e carinho do mundo as nossas mamães pois para quem ainda tem como eu somos privilégiados com a melhor mãe do mundo, e presentes…. todo dia é dia de presentear-las eu sempre que posso compro algo para faze-la feliz.

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