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A dissonância cognitiva e o ato falho são conceitos bem conhecidos na psicologia e na sociedade em geral. Da mesma forma, a compulsão sexual não é novidade para ninguém. No entanto, é importante destacar que a dissonância cognitiva refere-se ao mal-estar causado por um conflito entre o que uma pessoa pensa, sente e faz. Por outro lado, o ato falho é uma “falha” no comportamento em que uma pessoa pretende dizer algo, mas acaba verbalizando uma coisa completamente diferente. A compulsão sexual, por sua vez, refere-se a comportamentos sexuais compulsivos ou ao vício em sexo. Ou seja, é um padrão de envolvimento sexual excessivo, prejudicial e perigoso tanto para a pessoa que sofre desse transtorno quanto para terceiros.

Portanto, é fundamental destacar que esses três fenômenos estão correlacionados, especialmente porque a dissonância cognitiva e o ato falho nos ajudam a entender melhor a compulsão sexual. Isto significa que os conceitos de dissonância cognitiva e ato falho podem nos auxiliar a compreender e pensar de maneira mais profunda, “fora da caixa”, indo além do óbvio, a questão da compulsão sexual. Afinal, o vício em sexo pode ser fundamentado em questões que vão além do mero interesse n quantidade de experiências sexuais.

Buscando validação e significância: A complexidade da pessoa viciada sexo

Segundo a Classificação Internacional de Doenças da OMS, o vício em sexo é considerado um transtorno do comportamento sexual compulsivo. Certamente você conhece alguém que está numa fase em que quer sair por aí transando com todo mundo. Partindo da ideia abordada acima, é possível conceber que talvez o que essa pessoa viciada em sexo realmente queira não seja apenas o sexo em si. É nesse ponto que os conceitos de dissonância cognitiva e ato falho podem nos ajudar a compreender as razões pelas quais a compulsão sexual surge e é mantida no repertório comportamental das pessoas acometidas por esse transtorno. Uma hipótese comum é que, por meio da compulsão sexual, essas pessoas busquem validação física para comprovar que são sensualmente desejadas. Em muitos casos, tudo isso pode ter o objetivo de compensar a rejeição e a falta de amor que sentem, o abandono sofrido ou uma grande decepção no relacionamento amoroso.

Por exemplo, é muito comum que pessoas, ao descobrirem que foram traídas, invistam pesado em atividades sexuais. Isso geralmente ocorre no intuito de provarem para si mesmas alguma significância na relação ou na performance sexual. Em casos assim, elas podem acreditar que a traição ocorreu devido a uma deficiência de sexo na relação, por isso tentam compensar essa falta de maneira compulsiva. Na verdade, para elas funciona mais ou menos assim: “fazendo sexo compulsivamente, o máximo de vezes possível, consigo provar para mim mesmo que não fui traído por isso”. Obviamente, há muitos outros motivos que levam as pessoas a investirem na compulsão sexual para compensar algo deficitário em suas vidas. Contudo, a questão frequentemente vai além do sexo em si.

Dissonância Cognitiva, Ato Falho e a Compulsão Sexual
É comum que as pessoas desenvolvam algum tipo de compulsão sexual como forma de compensar, suprir ou demonstrar algo para si mesmas ou para os outros.

Qual a origem da Compulsão Sexual?

Como dito anteriormente, é comum que as pessoas desenvolvam algum tipo de compulsão sexual para compensar, suprir ou provar algo para si ou para terceiros. Por exemplo, masturbação compulsória, vício em pornografia, hábito de trair, dentre outros. A questão frequentemente está relacionada a compensar alguma falta, uma grande frustração ou dor experienciada na vida . É aqui que os conceitos de dissonância cognitiva e ato falho podem nos ajudar a pensar fora da caixa e questionar por que comportamentos como a compulsão sexual ocorrem.

Na psicologia comportamental, chamamos esse método de compreender a função do comportamento. Ou seja, investigar qual o verdadeiro motivo pelo qual o comportamento surge e é mantido. Compreender que a compulsão sexual a partir da lógica da dissonância cognitiva e ao ato falho nos leva a fazer perguntas essenciais. Por exemplo: De quem essa pessoa está sentindo falta? Do pai, da mãe? Daquela pessoa que a rejeitou? Que a traiu? Ou será que essa pessoa tem uma autoestima tão baixa que precisa da compulsão sexual para sentir um mínimo de significância na vida? Ficam os questionamentos!

Buscando soluções: O papel da compreensão na superação da Compulsão Sexual

Pensar além do óbvio e entender a função desse comportamento pode ser um caminho para tratar a questão na raiz do problema. Afinal, por mais que a compulsão sexual possa legitimar algum tipo de relevância ou sentido naquilo que falta na vida de alguém, é fato que o vício em sexo não vai preencher um vazio que vem de outro lugar. Ou seja, não é na cama que a pessoa vai encontrar a solução para seus problemas.

Você conhece alguém que tem compulsão sexual ou é viciado em sexo? Este texto te ajudou a refletir sobre isso? Comente abaixo, siga minhas redes sociais ou agende uma consulta para abordarmos mais a fundo essa questão. Lembre-se, buscar ajuda é o primeiro passo para compreender e superar os desafios nos relacionamentos e na vida sexual. ;D

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

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