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No meu ebook 25 mentiras sobre relacionamentos abordo a falácia na qual se prega que o relacionamento transforma os pares em uma só pessoa. Baseando-se em tal insensatez, é muito comum encontrar casais que se valem dessa falsa lógica para criar nas redes sociais o famigerado “perfil de casal”. Isto é, excluem seus perfis particulares e criam uma conta conjunta que, em tese, é administrada pelos dois. Outros, contudo, são menos esdrúxulos e “apenas” exigem que seus pares estampem fotos do casal em seus perfis ou aplicativos de mensagens. Por isso, é importante compreender o verdadeiro motivo que leva essas pessoas a adotarem atitudes tão kitsch e vexatórias. Afinal, muitos se iludem com atitudes ineficazes como essas, a pretexto de lidar com os dilemas do namoro ou do casamento. Porém, apenas tapam o sol com a peneira.

Perfil de casal e o mico de demonstrar que o relacionamento vai mal

Em 25 mentiras sobre os relacionamentos (veja aqui), explano sobre algumas das incongruências que muitas pessoas adotam como referências à construção dos relacionamentos amorosos. Dentre esses contrassensos, estão as regras que fomentam a ideia de que o casal deve fazer tudo junto, ao ponto de se tornarem uma espécie de siameses. Não por acaso, é cada vez mais comum que homens e mulheres tragam para os relacionamentos práticas absurdas, tais como o “perfil de casal”, a exemplo do que se vê com frequência no Instagram. Alguns, inclusive, ainda não chegaram a esse extremo, porém, não se constrangem ao impor que o companheiro ou a companheira poste fotos do relacionamento nas suas redes sociais “particulares”.

Pessoas que agem dessa maneira geralmente estão conscientes das inseguranças presentes no relacionamento. Por isso, no intuito de gerenciar essa questão, se iludem adotando arranjos pífios como o “perfil de casal”. Desse modo, supõem que assim vão evitar a temida traição, afastar possibilidades de término do relacionamento e trazer segurança para o namoro ou casamento. Na verdade, tais atitudes demonstram para todos que a relação não tem solidez e que o casal vive sob a constante sensação de insegurança. Ou seja, “perfil de casal” e afins, além de não resolver os problemas do relacionamento, leva o casal a pagar mico em público.

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Na intenção de trazer segurança para o relacionamento ou demonstrar o amor do casal, muitos expõe a crise instalada no relacionamento.

Veja, essa pessoa tem dona / dono

Criar um “perfil de casal”, exigir que o companheiro / companheira tenha uma foto dos dois no perfil ou que faça postagens do relacionamento é, evidentemente, um ato de insegurança e desespero. Mesmo assim, comportamentos dessa natureza existem desde sempre e apenas se moldam conforme os recursos e o período em questão. Um exemplo disso pode ser observado na lógica de exigir que o marido ou a mulher use uma aliança. Incontestavelmente existe no ato de usar uma aliança a demonstração de amor e compromisso do casal. Porém, convenhamos, também cumpre o papel de publicizar que “aquela pessoa tem dono / dona”. Do mesmo modo, intui em afastar a possibilidades de abordagens vindas de terceiros e, claro, a traição. Não é mesmo? Contudo, muitos casais convivem com  inseguranças crônicas em seus relacionamentos. Em razão disso, recorrem a diversos artifícios para ter o mínimo de tranquilidade e paz. Porém, usam métodos completamente ineficazes. Mesmo assim, se iludem acreditando que dessa forma estão resolvendo as questões do relacionamento.

Tapar o sol com a peneira

Ainda nessa lógica de demarcar território para afastar ameaças, trago mais um exemplo. Certa vez me deparei com uma mulher que desconfiava que uma colega de trabalho do seu marido estava dando em cima dele. Assim, no intuito de “salvar seu casamento”, ela teve uma ideia imprudente e impulsivo: imprimiu uma foto do casamento, colocou num porta-retrato e exigiu que fosse posta na mesa de trabalho dele. Ela, iludida com a intervenção, acreditou que aquilo faria com que a “ameaça” percebesse que ele era um homem casado e abortaria o flerte; como se a colega de trabalho já não soubesse disso! Ou seja, eficácia zero.

Por isso, é importante compreender que o verdadeiro motivo por trás desses armengues é a tentativa de eliminar a insegurança que corrói o relacionamento. Justamente por isso, de modo mais adequado, muitas pessoas recorrem à psicoterapia individual e à Terapia de Casal para conhecer mais sobre si e sua vida conjugal. Afinal, tentar tapar o sol com a peneira, seja com um porta-retratos ou um “perfil de casal” ou ações do gênero, não resolve os dilemas da relação e, como vimos, revela imaturidade, insegurança e o desespero para demarcar território; geralmente em vão.

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

One Comment

  • Observador disse:

    Já há algum tempo, vem ocorrendo com certa frequencia, é de um dos dois, via de regra, descer do armário e começar a ter relação homo, também, plenamente sendo Bissexual! E geralmente depois de atendida a procriação, vai “deixando” a vida hetera! Numa ocasião, um colega recem divorciado, sem haver dado algum sinal que poderiamos “ficar”, viajamos juntos e, na chegada ao hotel, se despiu e acompanhei, logo começamos a transar! Chegamos ao hotel como colegas e amigos e voltamos de viagem com a sensação de vindo de lua de mel!

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