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Quantas bodas de namoro ou casamento você já celebrou? Embora sejam mais comuns, as bodas de casamento, aquelas celebrações referentes aos anos de duração do matrimônio, não estão sozinhas. Poucos talvez saibam, mas também existem as bodas de namoro. Nessa modalidade, a comemoração refere-se à quantidade de meses da relação. Ou seja, equivale aos populares “mensários” praticados hoje em dia para comemorar os meses de vida dos bebês. Apesar da tradição em torno dos rituais de Bodas e Casamento ou Namoro, é importante que os casais contextualizem e reflitam sobre tal prática. Afinal, este não é um parâmetro confiável para estabelecer a qualidade de um relacionamento.

Bodas de Namoro e Bodas de Casamento

O termo Boda tem sua origem no latim “vota” que significa “promessa”. Entretanto, não se sabe ao certo qual a origem da celebração das Bodas de Casamento ou Namoro. Contudo, a maioria das estórias afirma que a tradição surgiu na Alemanha medieval. Segundo tal perspectiva, era costume oferecer uma coroa de prata aos casais que fizessem 25 anos de casados. Aos que completavam 50 anos, a homenagem era em ouro. Hoje, com a disseminação desse costume, para cada mês ou ano de relacionamento, existe um símbolo para representar a superação de uma etapa. Para se ter uma ideia, são 12 representações para os “mensários de namoro” e 100 para as bodas de casamento. Veja a lista completa aqui

Muitos casais balizam a qualidade da relação pelo tempo de duração do convívio. Tal lógica pode ser uma armadilha.

A tradição desse tipo de celebração faz uso dessa simbologia para ilustrar ou demarcar a solidez do relacionamento. Ou seja, à medida que o tempo passa, os elementos usados para representar as Bodas de Casamento ou as Bodas de Namoro ficam mais inusitados. Por exemplo: 5 anos de casamento é representado pela madeira, 25 anos pela prata, 50 pelo ouro e assim sucessivamente.

O ideal é avaliar a relação pela qualidade do convívio que afere com mais precisão o bem-estar no relacionamento. Ou seja, as verdadeiras bodas de casamento devem vir da qualidade da relação.

Outro aspecto dessa tradição que merece destaque é o fato dela ser usada como demarcador representativo da solidez e qualidade do relacionamento. Diante de tal lógica, é importante salientar que é justamente nesse ponto que reside o equívoco dessa premissa. Afinal, em pleno 2021 não se deve usar um método tão arcaico para aferir a qualidade de uma relação. A era medieval deve(ria) ficar no passado.

Quantidade X Qualidade

Considerar que uma relação é saudável ou traz felicidade aos pares apenas pelo critério de duração desse enlace é equivocado. Mesmo assim, muitas pessoas procuram pautar suas vivências afetivas e amorosas por esse parâmetro. Na prática, esse grupo constrói e conduz a relação baseada, fundamentalmente, no calendário. Ou seja, adotam o passar dos meses e anos como critério de sucesso para o relacionamento. Agir dessa maneira pode induzir o casal a valorizar muito mais a quantidade em detrimento da qualidade desse convívio. Assim, ao colecionar títulos das Bodas de Casamento ou Namoro, o casal pode negligenciar os principais critérios para existência do relacionamento, como cumplicidade, admiração, vínculo emocional e felicidade de ambos.

Assim, apesar da tradição em torno das Bodas de Casamento e Namoro, é importante contextualizar e refletir sobre tal prática em seu relacionamento. Afinal, este é um parâmetro excessivamente ultrapassado para avaliar um convívio amoroso. Ou seja, sua origem e sua função remetem a uma época em que os relacionamentos, bem como os papéis de homens e mulheres dentro de uma relação, eram completamente distintos. Por isso, nos dias atuais, especialmente na cultura ocidental, é esperado que os casais fujam dos dogmas. Aprender a avaliar e conduzir as relações – primordialmente – pela qualidade é um fator  essencial. Mesmo assim, para aqueles que mantiverem a tradição das Bodas de Casamento ou Namoro, é relevante que não a faça de forma alienada. 

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

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