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A cefaléia orgânica é um fenômeno não muito frequente. Em consequência disso, ela é pouco conhecida pela população. A principal característica deste transtorno é o acometimento de uma forte dor de cabeça logo após o ato sexual. Por outro lado, muitos casais convivem com um tipo de dor de cabeça diferente, aquela que ocorre ou é comunicada antes da prática sexual. Por se tratarem de temas correlatos ao contexto em que ocorrem, isto é, ao ato sexual, é importante conhecer as peculiaridades de cada fenômeno e os possíveis tratamentos. Justamente com esse propósito, fui convidado pelo portal de notícias G1 para falar sobre esse tema. Porém, já adianto algumas informações.

Cefaléia orgástica e as questões emocionais

Conforme dito anteriormente, a cefaléia orgástica se distingue de outras dores de cabeça relacionadas ao sexo, especialmente por ela surgir concomitante ou imediatamente após orgasmo. Embora seja pouco difundida, sua incidência é mais frequente em homens. Dentre as causas, geralmente há relação com doenças orgânicas, tais como o surgimento de uma aneurisma cerebral. No entanto, é mais comum que este evento esteja associado ao uso de substâncias que se propõem a aumentar a performance sexual, a exemplo dos medicamentos contra impotência. Outra característica é que a dor de uma cefaléia orgástica pode variar de poucos minutos até 24h. Em razão disso, é fundamental sempre procurar um serviço médico para que sejam feitos diagnósticos  acerca das alterações físicas e de mau funcionamento do organismo. No entanto, a incidência maior da dor de cabeça associada ao sexo, que traz transtornos individuais e ao relacionamento, “ocorre” anteriormente ao ato e geralmente está associada a alguma questão emocional.

Elidio Almeida G1 cefaleia orgastica
Making of da entrevista para o G1, falando sobre as funções das dores de cabeça associadas ao sexo.

A dor sempre tenta comunicar algo

A dor de cabeça associada ao sexo já foi abordada aqui no blog anteriormente. À época, o tema foi discutido na perspectiva de que o sexo e o orgasmo produzem endorfina. Essa substância natural tem efeito analgésico e teria o poder de combater a dor de cabeça argumentada por algumas pessoas como justificativa para não transar. Nesse sentido, é fundamental destacar novamente que o mal-estar referido nesse contexto pode ser orgânico, mas também pode ser psicossomático ou fantasioso. Isto é, quando uma pessoa nega uma experiência sexual sob o argumento da presença de uma cefaléia, ela pode efetivamente estar com o incômodo, seja ele de origem fisiológica ou emocional. 

Além disso, a dor de cabeça pode ser verbalizada propositalmente no intuito de comunicar outras questões pessoais ou da relação que não foram adequadamente resolvidas. Por exemplo, alguma mágoa decorrente da relação, como uma traição, que ainda não foi resolvida. Afinal, algumas pessoas têm dificuldades para resolver esse tipo de problema, bem como expressar desconfortos emocionais. Por isso, é seguro dizer que a dor de cabeça associada ao sexo tem pelo menos uma função. Ou seja, ela se propõe a comunicar traumas fisiológicos ou situacionais por meio de sintomas, ainda que não estejam relacionados a uma questão efetivamente física.

Não permita que a dor de cabeça esteja presente na sua vida sexual

Independente daquilo que a dor de cabeça se propõe a comunicar, quando ela está associada ao contexto das práticas sexuais, é importante conhecer as peculiaridades de cada fenômeno e os possíveis tratamentos. Nesse sentido, o primeiro passo é adotar os critérios de diagnóstico para afastar alterações físicas e de mau funcionamento do organismo.Isto é, um médico deve ser sempre consultado para afastar traumas físicos. A partir daí, o próximo passo é investir na compreensão da origem da dor, especialmente pela provável relação com questões emocionais mal resolvidas, seja na perspectiva individual ou da própria relação. Desse modo, o problema será tratado na raiz, com o auxílio e a condução profissional. Essa foi a argumentação apresentada ao Portal G1, para a matéria que fui convidado a participar sobre esse tema. Tão logo vá ao ar, compartilharei aqui no blog e em minhas redes sociais. Enquanto isso, não permita que a dor de cabeça, independente da sua função, esteja presente na sua vida. Procure ajuda profissional.

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

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