Não faz muito tempo que recebi uma mensagem no meu Instagram que me chamou bastante a atenção. Nela, um rapaz disse que precisava de ajuda terapêutica, pois havia sido promovido no trabalho e passaria a fazer – com relativa frequência – apresentações nas reuniões da empresa. Segundo ele, seu medo de falar em público era o maior entrave para essa nova jornada profissional. A fim de sanar esse problema, demos início a terapia. Assim, não demorou muito tempo para ele perceber o real problema naquela questão: a insegurança.
De maneira idêntica, muitas pessoas também sofrem no convívio das relações pessoais e profissionais pelo motivo acima. Isso é, diante das necessidades de expor pensamentos, ideias ou fazer exposições para uma plateia, terminam por enfrentar suas maiores inseguranças. Todavia, o senso comum habituou-se a chamar isso de “medo de falar em público“. Tal equívoco costuma atrapalhar na adoção do tratamento adequado para a real questão.
Medo de falar em público
Falar em público é uma atividade corriqueira e extremamente necessária nos dias atuais. Dessa forma, qualquer pessoa pode ser requerida a falar ou apresentar uma ideia para alguém ou um grupo de pessoas. Seja numa reunião do condomínio, no trabalho, na faculdade ou em qualquer outra situação do gênero, ali estará o desafio de enfrentar a audiência das pessoas. Afinal, o receio não é apenas falar. Geralmente queremos ir além: demonstrar domínio de conteúdo e impressionar o público-alvo, seja ele qual for.
Embora essas situações sejam frequentes, grande parte da sociedade simplesmente não consegue erguer o braço e pedir o direito de voz. Ao contrário, o receio de desagradar é tamanho que elas sofrem por antecipação ao cogitar ter de enfrentar determinadas exposições. Por isso fogem veementemente dessas situações. Algumas, sequer se imaginam dando uma palestra, uma entrevista ou até mesmo apresentar um seminário na faculdade.
Pessoas com esse medo ou fobia de falar em público, na iminência desse ato sentem:
- “frio na barriga”
- o coração acelera
- o pensamento fica desorganizado
- calafrios
- vontade de sair correndo para se livrar da situação.
Você já passou alguma vez por algo parecido? Se sim, te convido a refletir um pouco mais sobre essa questão. Muito embora grande fatia do corpo social goste de respostas e resultados rápidos, é salutar reconhecer que problema pode ser mais denso.
A questão é mais profunda
Em primeiro lugar, é fundamental compreender que o termo “medo de falar em público” é muito simplista. Em outras palavras, restringir o episódio ao seu estágio final é negligenciar todo contexto e trajetória que culmina nesse ápice. Justamente por isso o tratamento para essa problemática precisa ser construído a partir das bases emocionais que configuram o medo ou a fobia.
Em segundo lugar, qualquer tratamento que tenha como objetivo apenas “eliminar” o sintoma tende a ser falho. Não por acaso, cursos de oratória, teatro, sessões de coach, aprendizado de técnicas para falar em público não resolvem ou funcionam em situações gerais. Na verdade, esses recursos são superficiais e meros paliativos que se distanciam da raiz da questão. Ou seja, em muitos casos mais atrapalham do que ajudam a superar, de fato, as dificuldades. Assim, aqueles que desejam perder o medo da platéia devem buscar trabalhar a verdadeira causa desse problema: a insegurança.
Sob o mesmo ponto de vista, é fundamental ter consciência que não existe uma fórmula mágica que funcione indistintamente para todas as pessoas. Só para ilustrar, a razão da insegurança do rapaz que citei acima era um fator particular da sua trajetória de vida. Não necessariamente quem passou a se sentir inseguro e desenvolveu o medo de falar em público apresenta os mesmos motivos. Logo, qualquer intervenção deve ser pessoal e intransferível.
Para começar…
De qualquer modo, eis algumas dicas que podem ajudar a pensar mais sobre como podemos enfrentar sua insegurança. Afinal, não tenho dúvidas que essa característica está na base do chamado “medo de falar em público”.
- Cuidado com as generalizações.
O fato de uma fala não ter sido como você esperava não significa que isso acontecerá de novo. - Aprenda com seus próprios erros.
Utilize os erros cometidos em experiências passadas para corrigi-los. Lembre-se que a decisão do que fazer com eles será sempre sua. Desistir ou corrigir para continuar a caminhada também está entre as opções. - Não deixe de tentar.
Deixar de experimentar novamente porque não foi bem sucedido em algumas experiências do passado é um equívoco. Se o resultado não foi o esperado, significa que mudanças comportamentais devem ser feitas É para isso que servem os erros. - Não seja tão exigente consigo.
Falhar não é legal e ficamos frustrados com isso. Contudo, seja condescendente com as autocríticas, de modo que você não seja o primeiro se sabotar do processo de crescimento. - Procure ser sempre assertivo.
Ser assertivo pode lhe garantir as ferramentas e estratégias mais adequadas para enfrentar qualquer público. Assim você conseguirá expor suas ideias de forma segura, sem medo e sem ansiedades indevidas.
Lembre-se que falar em público é uma necessidade constante e fundamental para o sucesso na vida pessoal e profissional. Por isso, fugir não é a melhor solução. Tampouco adotar estratégias paliativas ou errar no método justamente por não saber identificar as bases daquilo que veio a se tornar um problema. Por isso que é preciso trabalhar na raiz do celeuma para que sejam obtidos resultados eficazes. Só assim venceremos o medo de falar em público e a insegurança nossa de cada dia.