Dados da Organização Mundial da Saúde mostram que o Brasil possui a população mais ansiosa do mundo, revelando que 9% dos brasileiros convivem com a ansiedade patológica ao longo do ano. Entretanto, é consenso entre os profissionais de saúde mental que dezembro é o mês mais desafiador para pessoas que lidam com conflitos psicológicos. Assim, enquanto para muitos dezembro representa um período de comemorações e festividades, para outros é um momento repleto de angústias e crises emocionais que afetam o convívio social, familiar e os relacionamentos amorosos. Por esse motivo, é comum que algumas pessoas recorram aos serviços de saúde mental nessa época, em busca de suporte para lidar com os desafios das confraternizações, angústias e a depressão de fim de ano. Em razão disso, esse fenômeno foi denominado de Dezembrite: a Síndrome do Final de Ano”.
A crise do final de ano
O término do ano pode intensificar angústias e crises emocionais, especialmente entre pessoas que enfrentam quadros de ansiedade e depressão. Enquanto muitos aguardam com grandes expectativas a chegada de dezembro para reunir amigos e familiares em confraternizações, há aqueles que encaram esse período com apreensão. Para muitos, o convívio social e familiar pode ser um gatilho para a ansiedade, conflitos emocionais e de grande tensão. Além disso, alguns enfrentam solidão, enquanto outros lidam com a frustração de metas não alcançadas, problemas familiares e crise no relacionamento amoroso. Por essa razão, profissionais de saúde mental, como psicólogos e psiquiatras, têm chamado esse fenômeno de “Dezembrite”.
É importante ressaltar que formalmente a Dezembrite ou Síndrome do Final de Ano não é um diagnóstico médico reconhecido. Em outras palavras, essa classificação não consta em manuais classificatórios de doenças, como o DSM ou CID. Na realidade, trata-se mais de uma forma de compreender um fenômeno que ocorre próximo à virada do ano. Ou seja, é um termo orientador para profissionais e pacientes em intervenções e tratamentos relacionados a essa questão. No entanto, resumidamente, a Dezembrite pode indicar sintomas de doenças psicológicas reais. Portanto, classificações não oficiais como: Dezembrite, Síndrome do Final de Ano ou Depressão de fim de ano, podem auxiliar na compreensão dos fatores que desencadeiam e amplificam o adoecimento.
Problemas emocionais acumulados aos longo do ano podem explodir no final de ano
Muitas pessoas lidam diariamente com problemas pessoais, profissionais e nos relacionamentos amorosos. No entanto, muitas não conseguem resolver esses dilemas ao longo do ano, resultando no acúmulo desses conflitos que podem explodir justamente no final do ano, configurando, como dito acima, a síndrome de Dezembrite. Essa realidade é respaldada por diversos dados, incluindo levantamentos da OMS, bem como um estudo recente divulgado pela International Stress Management Association no Brasil (ISMA-BR). A pesquisa realizada com 678 homens e mulheres, de 25 a 55 anos, revelou que o nível de estresse dos brasileiros aumenta em 75% em dezembro. De acordo com o instituto, esse estresse tende a “normalizar” a partir da primeira semana de janeiro. Portanto, embora não seja uma doença formal, a Dezembrite é um fenômeno observado em determinados grupos de pessoas na virada do ano. Assim, tal fenômeno pode indicar que algumas pessoas necessitam de cuidados especiais devido aos sintomas apresentados e ao impacto que a Dezembrite tem na qualidade de vida delas. Portanto, é fundamental atentar ao sinais e sintomas que podem surgir em si ou em pessoas próximas a você!
Sintomas e impactos da dezembrite nos relacionamentos
A Dezembrite frequentemente desencadeia sintomas de ansiedade à medida que o novo ano se aproxima. Isso se torna mais acentuado devido ao hábito de revisar metas estabelecidas para o ano que se encerra e refletir sobre o passado. Ou seja, a tradição de refletir sobre o ano que passou pode despertar sentimentos dolorosos em muitas pessoas. Por exemplo, algumas podem relembrar casos de traição, ciúmes e crises nos relacionamentos vivenciados ao longo do ano. Além disso, as expectativas geradas nos encontros familiares nem sempre refletem a realidade cotidiana dos relacionamentos. Em consequência disso, é comum que nas celebrações de final de ano, muitos casais que enfrentaram conflitos ao longo do ano sejam confrontados por amigos e familiares.
Tudo isso, sem dúvidas, gera desafios emocionais significativos. Essas pressões podem resultar em ansiedade e dificuldades no manejo de situações delicadas, exigindo um maior controle emocional. Além disso, a pressão para atender a metas profissionais e sociais, como comprar presentes, pode gerar conflitos interpessoais. Esse conjunto de fatores podem elevar os níveis de estresse, afetando o equilíbrio neuroquímico e desencadeando respostas de “luta ou fuga”, aumentando a produção de hormônios do estresse. Esse processo dificulta o equilíbrio de neurotransmissores como serotonina e dopamina, afetando especialmente indivíduos emocionalmente sensíveis.
Dezembrite e as reflexões essenciais
Há um consenso sobre a maneira como as pessoas refletem sobre o passado e planejam o futuro durante a “Dezembrite”. Especialmente para aqueles que enfrentam níveis de ansiedade, angústia e conflitos emocionais durante esse período, é crucial priorizar nos projetos para o novo ano um cuidado maior com a saúde emocional e as repercussões nos relacionamentos amorosos. As angústias e ansiedades vivenciadas em dezembro devem servir como alerta, incentivando ações para que as experiências no próximo ano sejam mais leves e significativas. Da mesma forma, é essencial que casais, sejam namorados ou casados, busquem meios de superar conflitos e evoluir na relação ao iniciar o novo ano. A busca por ajuda profissional, como psicoterapia individual ou terapia de casal, é uma recomendação crucial para que as pessoas evitem a Dezembrite nos anos seguintes.
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