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Pesquisa publicada em julho/21, na revista Social Psychological and Personality Science, afirma que 2/3 dos namoros ou casamentos evoluíram de relações de amizades. Ou seja, ao contrário da percepção popular de que o amor normalmente surge da paixão, o estudo demonstra que a maioria dos relacionamentos amorosos surge a partir das amizades (fonte). Embora esta não seja a única via para formação e sucesso dos namoros e casamentos, a evidência da pesquisa faz muito sentido. Afinal, quanto mais o casal se conhecer, menores serão as chances de frustração durante o convívio.

Você se casaria com um amigo ou amiga?

Certamente esse questionamento soa de maneira estranha para alguns. Mesmo assim uma das autoras do estudo percebeu que muitas pessoas formavam laços românticos a partir das relações de amizade. A partir daí, nasceu a pesquisa com o propósito de saber se os casais eram amigos antes de se envolverem afetivamente. Nesse intuito, 1.900 pessoas fizeram parte do levantamento entre 2002 e 2020, nos Estados Unidos e Canadá. A análise descobriu que 66% dos casais começaram a se relacionar primeiramente como amigos, só depois a relação evoluiu para namoros ou casamentos.

Um dado importante a ser destacado é que a grande maioria da amostra não fez amizade com a intenção de um relacionamento amoroso. Contudo, o histórico amistoso foi um diferencial decisivo para o enlace romântico. Embora a ideia de se casar com um amigo ou amiga cause estranheza para algumas pessoas, as revelações do estudo fazem muito sentido. Afinal, um dos segredos para o sucesso do relacionamento é conhecer ao máximo o parceiro ou a parceira antes de evoluir para fases mais robustas da relação. No entanto, muitas pessoas fazem exatamente o oposto.

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Muitos casamentos tiveram a mesma trajetória apontada pela pesquisa, mostrando como as informações são coerentes.

Namoros e casamentos: quanto mais conhecimento melhor

É fato que muitas pessoas agem com impulsividade ao iniciar um namoro ou casamento. Para este grupo, basta um rápido checklist e “do nada” passam a viver juntos. Por exemplo, frequentemente, vários casais se conhecem por meio de um aplicativo de relacionamento numa noite, se encontram no dia seguinte e na próxima semana já estão juntando as escovas de dentes. Exageros à parte, aqueles que constroem uma relação amorosa nesses moldes, talvez só venham a se conhecer durante o convívio. Em muitos casos, o fruto dessas descobertas não favorece a continuidade da relação. Contudo, até chegarem a alguma conclusão, laços como filhos ou patrimônio podem “forçar” o casal a permanecer juntos; mesmo que frustrado.

Seguramente, é sobre isso que a pesquisa trata. Ou seja, as relações de amizade tendem a ser construídas e mantidas com cumplicidade, transparência e comprometimento. Assim, a partir da sedimentação destas condutas, e surgindo o interesse afetivo, aqueles que avançam para os estágios íntimos e amorosos, trazem consigo as bases de conhecimento e segurança fundamentais ao sucesso da relação amorosa. Afinal, o conhecimento, bem como a sua qualidade, se traduzem em confiança e reciprocidade na relação. Isto é, via de regra, muitos pulam essa etapa e parte logo para a fase do namoro ou casamento. Ainda assim, é imprescindível esclarecer que ninguém é obrigado a ser amigo antes de iniciar um relacionamento. A mensagem do estudo, assim como desta breve abordagem é: “antes de avançar, conheça ao máximo a outra parte”. Pense nisso!

Você era amigo de seu parceiro antes de se envolver afetivamente? Você se casaria com um amigo ou amiga?

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

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