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No mês dos namorados, falar de amor é inevitável. Mas será que os brasileiros estão realmente felizes com sua vida amorosa, afetiva e sexual? Segundo a pesquisa Love Life Satisfaction 2025, realizada pela Ipsos em 30 países, o Brasil ocupa a 20ª posição no ranking global de satisfação com a vida amorosa. Isso nos coloca atrás de vizinhos como Colômbia, México, Chile e Argentina — todos entre os dez primeiros colocados. Embora 75% dos brasileiros afirmem se sentir amados, apenas 60% dizem estar satisfeitos com sua vida romântica e sexual. Uma diferença significativa — e que merece atenção.

Entre os fatores que ajudam a explicar esse cenário estão as dificuldades financeiras e o momento econômico do país. Além disso, o estudo aponta que pessoas solteiras também relatam menor satisfação com sua vida sexual em relação às pessoas casadas. Ou seja, os dados mostram a urgência de olharmos com mais cuidado para os relacionamentos. Afinal, a vida amorosa dos brasileiros reflete diretamente o contexto social em que vivemos.

O impacto da vida financeira na satisfação com a vida amorosa

Um dos dados mais importantes da pesquisa é a relação direta entre renda e satisfação com a vida amorosa. Pessoas com maior poder aquisitivo demonstram níveis mais altos de satisfação — tanto na vida sexual quanto na sensação de se sentirem amadas. Sem dúvidas isso faz todo sentido.

Afinal, não é novidade que dificuldades financeiras afetam diretamente a convivência e o bem-estar dos casais. No Brasil, esse fator pesa ainda mais diante da instabilidade econômica, do endividamento das famílias e do avanço das apostas online — as famigeradas bets. Como já discuti aqui no blog, esse tipo de vício tem levado muitos casais ao colapso financeiro, minando não apenas o sustento, mas também os vínculos afetivos.

Na minha prática clínica, percebo como as dificuldades financeiras criam um ambiente constante de tensão e desgaste no casamento. Todos sabemos como é isso, não é mesmo? Quando as contas não fecham, o medo do desemprego ou a frustração de não conseguir manter o básico — ou preservar o padrão de vida da família — a intimidade é prejudicada, a leveza é roubada e tudo isso sufoca o bem-estar conjugal e desejo de compartilhar a vida a dois.

Dados da pesquisa sobre satisfação com a vida amorosa no Brasil, incluindo renda, estado civil e felicidade na vida sexual
Dados da pesquisa Ipsos 2025 sobre a satisfação amorosa dos brasileiros revelam que apenas 60% estão satisfeitos com a vida romântica e sexual — e que solteiros e pessoas de baixa renda relatam menor satisfação amorosa. Elídio Almeida, psicólogo em Salvador, especialista em terapia de casal e relacionamentos, analisa esses dados e destaca a importância de darmos mais atenção aos relacionamentos.

Solteiros, sexo e insatisfação: por que essa equação não fecha?

Outro ponto curioso da pesquisa é que pessoas solteiras estão menos satisfeitas com sua vida amorosa e sexual do que aquelas que estão em relacionamentos estáveis. Esse dado pode parecer contraditório em um tempo em que a liberdade sexual é exaltada e os aplicativos de relacionamento prometem encontros a um clique de distância. No entanto, observo — tanto na prática clínica quanto nos relatos de colegas que pesquisam os relacionamentos — que grande parte as pessoas solteiras enfrenta dificuldades para sair do campo virtual e construir vínculos reais.

Ou seja, muita gente paquera nos aplicativos de relacionamento, mas poucas avançam para encontros presenciais. E, mesmo entre os que avançam, apenas uma pequena parte consegue ir além do sexo — geralmente carnal, rápido e sem envolvimento afetivo. Isso faz com que muitas pessoas, especialmente mulheres, se sintam frustradas e cansadas de experiências pontuais, que não deixam boas memórias nem promovem conexão conexão emocional, tampouco evoluem para um relacionamento.

Portanto, esse dado da pesquisa revela de forma clara o que vemos no dia a dia: vivemos uma época em que o sexo se tornou algo fragmentado, sem envolvimento emocional. A conexão afetiva foi empurrada para segundo plano, e a lógica da quantidade passou a substituir a da qualidade. No fim das contas, o que sobra são encontros vazios — que nem sempre satisfazem e, muitas vezes, reforçam um sentimento de solidão que parece não ter nome, mas insiste em se repetir.

Amor, vínculo e contexto: precisamos cuidar melhor dos relacionamentos

A pesquisa de 2025 da Ipsos sobre a satisfação com vida amorosa dos brasileiros serve como um alerta importante. Apesar de nós, brasileiros, nos considerarmos um povo caloroso, afetivo e apaixonado, nossa satisfação amorosa está aquém do esperado — e aquém da fama que cultivamos. Isso significa que precisamos refletir com mais seriedade sobre os caminhos que estamos trilhando como sociedade e na construção de nossos vínculos afetivos.

Como psicólogo e terapeuta de casais, vejo diariamente o quanto muitos conflitos poderiam ser evitados — ou ao menos melhor conduzidos — se houvesse mais entendimento, personalidade e comprometimento na construção dos relacionamentos. Também percebo como tantas pessoas se culpam ou se frustram sem entender que suas vivências amorosas fazem parte de um contexto social, econômico e cultural. E, claro, tudo isso precisa ser considerado tanto na análise quanto na intervenção.

Por isso, para além dos gestos simbólicos do dia 12 de junho – o dia dos namorados, convido você a olhar com atenção para sua vida amorosa. O que você deseja? sobe o que você sente falta? O que pode ser reconstruído a partir do presente? Afinal, como vimos, mudanças econômicas, inseguranças financeiras e o sexo sem vínculo afetivo impactam profundamente o bem-estar emocional. Ou seja, relacionamentos não se sustentam apenas em sentimentos: são escolhas renovadas todos os dias — e isso vale muito mais do que qualquer presente de Dia dos Namorados.

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