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A depressão sorridente, também conhecida clinicamente como depressão atípica, é uma variação do quadro depressivo clássico, em que a tristeza e a melancolia imperam sobre o comportamento da pessoa afetada por este quadro. Diferentemente da depressão convencional, na depressão sorridente, os principais comportamentos exibidos publicamente são de alegria, euforia, aparente bem-estar e autoestima elevada.

Por essa razão, essa variação da doença foge completamente aos sintomas clássicos dos quadros depressivos, o que resulta em um baixo reconhecimento da doença, diminuição de diagnósticos e, consequentemente, na ausência ou precariedade do tratamento. Configurando, portanto, um quadro de perigo que pode até colocar em risco a vida do paciente, que não dimensiona fidedignamente seu estado emocional. Assim, é fundamental que todos desenvolvam a habilidade de enxergar além do comportamento público, a fim de reconhecer a realidade por trás de muitos sorrisos. Desse modo será possível buscar melhorias e tratamentos funcionais e adequados.

O que é depressão sorridente?

O termo “depressão sorridente” surgiu na década de 1950, quando muitos psiquiatras perceberam que uma série de pacientes diagnosticados com depressão não apresentava as mesmas respostas aos tratamentos comuns. Após uma análise mais aprofundada sofre esse fenômeno, eles trouxeram a compreensão por meio do termo “depressão atípica”, que posteriormente se popularizou como “depressão sorridente”. A depressão sorridente configura-se como um estado de profunda tristeza, em que o paciente consegue ser funcional externamente e, frequentemente, demonstra aspecto de grande bem-estar, positividade e alegria. Tamanha dualidade, claro, dificulta o diagnóstico e tratamento da doença.

Quando um sorriso não indica felicidade

Embora muitas pessoas considerem estranho, existem quem sorri, vive momentos alegres, mas internamente é acometido por sentimentos de profunda tristeza. Por essa razão, é difícil identificar quem sofre de depressão atípica ou depressão sorridente, porque os sintomas são frequentemente mascarados por falsas demonstrações de felicidade. Muitas vezes são pessoas sem um motivo aparente para estarem deprimidas.

Essa variação da doença desencadeia manifestações comportamentais públicas que fogem aos sintomas clássicos dos quadros depressivos. Tal ocorrência pode passar despercebida, pois a pessoa apresenta um perfil oposto ao seu estado emocional real. No entanto, alguns sintomas podem nos ajudar a detectar quando alguém está deprimido, mesmo que aparente estar feliz.

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Muitas pessoas performam uma imagem de bem-estar e felicidade que camufla quadros de depressão. Tal fenômeno é conhecido como depressão sorridente.

Sintomas e perigos

Não há uma causa específica para o desenvolvimento da depressão sorridente. Seu surgimento está associado a diversos fatores inter-relacionados que refletem diretamente no desenvolvimento patológico da doença, variando de pessoa para pessoa. No entanto, algumas características são comumente observadas, como maior sensibilidade a críticas e rejeição, grande reatividade a argumentos contrários, baixa tolerância, aumento do apetite e ganho excessivo de peso.

A dificuldade em perceber que uma pessoa aparentemente bem está sofrendo de depressão torna essa forma da doença mais perigosa do que outras. Além disso, existem outros fatores que agravam esses casos. Por um lado, quem sofre da depressão atípica demora mais a procurar tratamento, pois não consegue identificá-la. Por outro lado, essas pessoas costumam ter dificuldade em reconhecer suas próprias emoções, tornando mais difícil trabalhar com elas do ponto de vista psicológico. Além disso, a capacidade das pessoas com depressão sorridente de continuar realizando suas atividades pode mascarar ainda mais o problema subjacente que precisa ser tratado. Na prática, a força que elas têm para seguir com a vida diária pode deixá-las especialmente vulneráveis a adotar comportamentos que confundem o diagnóstico. Isso contrasta com outras formas de depressão, em que as pessoas podem ter pensamentos suicidas, mas não têm energia suficiente para agir.

Tratamento da depressão sorridente

É essencial que as pessoas desenvolvam habilidades para enxergar além do comportamento público apresentado. Refletir sobre a depressão sorridente pode ajudar a reconhecer a realidade por trás dos sorrisos e buscar melhorias e tratamentos adequados. Aqueles que se enquadram no perfil da depressão atípica podem recorrer à terapia comportamental e promover mudanças no estilo de vida. Em alguns casos, a prescrição de medicamentos pode ser útil. Além disso, é importante adotar uma rotina regular de exercícios físicos e hábitos alimentares saudáveis. Essas abordagens combinadas podem trazer resultados positivos na vida das pessoas que aparentam felicidade, mas escondem um quadro de depressão sem sequer perceberem.

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

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