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O ioiô é um dos brinquedos mais antigos do mundo e, segundo a Associação Brasileira de Ioiô, teve seu auge no Brasil entre as décadas de 80 e 90. Embora as pessoas mais jovens não conheçam o brinquedo, muitos convivem em relacionamentos que, de algum modo, se assemelham ao comportamento do ioiô. Isto é, vive em constante vai e volta. Por isso, convencionou-se a chamar de relacionamento ioiô ou relacionamento bumerangue aqueles convívios amorosos que vivem loops infinitos de términos e recomeços. Normalmente, nesse tipo de relação, as pessoas costumam demonizar e culpabilizar uma das partes pelo insucesso do namoro ou casamento. No entanto, é fundamental ampliar o olhar para essa questão e refletir sobre um fator essencial presente no relacionamento ioiô: a insegurança emocional.

Relacionamento ioiô e o relacionamento bumerangue

O bumerangue também é um objeto de arremesso, usado como arma ou em práticas esportivas. Ele, assim como o ioiô, é um objeto que tem a particularidade de, após atirado, regressar ao ponto de partida. Em razão disso é comum usar o termo “relacionamento bumerangue” como sinônimo de relacionamento ioiô. Isto significa que ambas as terminologias se propõem a denominar relações instáveis, inseguras e deficitárias, marcadas por constantes idas e vindas, términos e recomeços.

Seja como for, independentemente do nome atribuído a estes relacionamentos, é comum que uma das partes se posicione de modo a dar fim à relação. Por isso, costuma recair sobre os ombros dessa pessoa a responsabilidade pelo vai e vem do relacionamento ioiô. Entretanto, é crucial ter uma visão mais ampliada para esta questão. Afinal, toda relação é formada por pares. Consequentemente, isso implica considerar que mesmo que alguém assuma, ainda que unilateralmente, a decisão de romper com o namoro ou casamento; é fato que na ocasião da volta há outra parte que recepciona e aceita a retomada da relação. Logo, é imprescindível atentar às atitudes de ambos os atores na configuração do relacionamento ioiô. Afinal de contas, se por um lado alguém termina ou pede para voltar, do outro lado existe um homem ou uma mulher que recebe e aceita o ioiô de volta.

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Muitos casais, entre anônimos e famosos, são conhecidos pelo vai e vem no relacionamento. Tantos términos e recomeços fazem com que eles sejam chamados de “casal ioiô”.

Relacionamento deficitário, formado por pessoas inseguras

Observar postura mútua é uma maneira de ampliar a compreensão acerca do relacionamento ioiô ou do relacionamento bumerangue. Por isso, é necessário analisar a questão de forma bilateral. Isto é, compreender a postura de cada uma das partes nesse relacionamento marcado por idas e vindas, términos e recomeços. Além disso, é imprescindível atentar para o impacto da insegurança na configuração desse tipo de relação amorosa. Ou seja, não é apenas pelo vai-e-volta que se identifica um relacionamento ioiô ou bumerangue.

Na verdade, isso se dá primordialmente pela evidente insegurança que acomete os pares que compõem o relacionamento ioiô. Inclusive, a insegurança é também o fio condutor para se estabelecer a compreensão e a linha de tratamento para conduzir o namoro ou casamento rumo ao sucesso. Dito em outras palavras, pessoas inseguras dão a infeliz dinâmica de vai e vem ao relacionamento ioiô. Isto é, se por um lado uma das partes opta pelo fim da relação por não ter convicção que está com a pessoa certa, para fugir dos problemas e conflitos do relacionamento ou para ir em busca de novas experiências. Na outra ponta, especialmente na ocasião da volta do ioiô, a outra parte, também sob efeito da insegurança, aceita iniciar um novo ciclo desta relação deficitária.

Por isso, é seguro afirmar que a base e tônica do relacionamento ioiô está numa insegurança capital que leva o casal a agir inadequadamente na tentativa de obter sucesso na vida amorosa. Pessoas assim, devem refletir sobre sua autoestima, suas condutas e, primordialmente, ponderar a maneira pela qual tentam construir e firmar uma relação de sucesso. Não por acaso, sempre digo aos meus pacientes que a maneira de se obter um resultado diferente é adotando novas estratégias e atitudes mais adequadas. Pense nisso!

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

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