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Um mito da Antiguidade Clássica bastante conhecido é o do Rei Midas. Conta a história que Midas recebeu o poder de transformar em ouro tudo aquilo que tocasse. Assim, vítima da própria ganância, aquilo que seria uma dádiva tornou-se uma grande maldição. Inclusive, ele transformou sua filha em estátua e não conseguia se alimentar, pois estragava tudo ao seu redor. Essa sensação de fazer escolhas erradas e estragar tudo que toca é similar ao que vivem aquelas pessoas conhecidas como “dedo podre”. Tal grupo tem dificuldade para firmar e evoluir nas relações, especialmente na vida amorosa, pois escolhe pares problemáticos e incompatíveis com seu perfil. Por isso, é fundamental compreender a lógica do dedo podre, bem como aprender a fazer escolhas mais produtivas na vida sentimental.

Aperfeiçoar o método e não sedimentar o erro

O fato é que não existe um manual que, se seguido fidedignamente, levará ao sucesso no relacionamento. Isto significa que a maioria das pessoas aprenderá por meio da própria experiência, ainda que pelo método de tentativa e erro, a identificar o companheiro ou companheira que mais combina com seu modo de ser. Nessa trajetória, contudo, podem ocorrer frustrações e traumas. Ainda assim, muitos repetem as escolhas e adotam a mesma conduta na nova relação. Via de regra, fracassam. Com efeito, na tentativa de obter “sucesso” na relação, tornam-se menos exigentes, concluem e aceitam que têm o dedo podre para escolher o par romântico. Tal lógica deve mudar, afinal a experiência deve servir para aperfeiçoar o método e não sedimentar o erro.

O sucesso do relacionamento também é uma questão de escolhas.
O sucesso do relacionamento também é uma questão de escolhas.

Dedo podre e o insucesso nos relacionamentos

Apesar das escolhas equivocadas e das sucessivas frustrações, muitas pessoas ignoram as experiências passadas e insistem em se apegar a um projeto de relação idealizada que se contrapõe à realidade vivenciada. Assim, sem valorizar os acontecimentos do passado e sem colecionar os devidos aprendizados das relações, vivem e constroem namoros e casamentos desconectados da realidade. Dito em outras palavras, o insucesso nos convívios amorosos não tem a ver com falta de sorte ou maldições tal qual a de Midas. Na verdade, o tal dedo podre refere-se ao modo ingênuo e ganancioso com que muitas pessoas conduzem os relacionamentos. Além disso, é importante destacar que tamanhas repetições infrutíferas têm a ver com a baixa autoestima e a insegurança pessoal de pelo menos uma das partes que compõem esse tipo de relacionamento.

Desse modo, todas essas características impactam nas escolhas amorosas de tal modo que muitos homens e mulheres se habituam à lógica de relativizar o bem-estar e a felicidade no relacionamento. Para elas, se todas as experiências passadas foram ruins, significa que as demais também serão. Ou seja, todos os homens ou mulheres são iguais, logo só resta aceitar conviver qualquer possibilidade de relação que surja. Obviamente estão equivocados. Por isso, não basta sentenciar a si e aos demais afirmando ter dedo podre ou que só se envolve com quem não presta. Pessoas nessa situação precisam de ajuda para melhorar sua autoconfiança e aprender a construir adequadamente uma relação amorosa. Afinal, todos podem aprender a fazer escolhas mais produtivas na vida sentimental. Pense nisso!

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

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