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A palavra trauma admite vários significados, todos eles ligados a acontecimentos físicos ou emocionalmente indesejáveis. Os episódios traumáticos, de forma mais ou menos violenta, atingem todas as pessoas expostas a esse tipo de perturbação. Embora o campo de incidência dos traumas seja amplo, é fundamental compreender e identificar os sinais de traumas nos relacionamentos amorosos. Afinal, muitos namoros ou casamentos são prejudicados por traumas e eventos perturbadores. Muitos deles, inclusive, têm origem em envolvimentos e relações passadas, embora os prejuízos sejam refletidos na relação atual.

Quem se feriu presta mais atenção

Aqueles que vivem num relacionamento amoroso, esperam do parceiro ou da parceira o mínimo de reciprocidade nos sentimentos e afetos durante o convívio. Todavia, algumas pessoas têm dificuldade para se entregar ao amor. Outras, raramente conseguem expressar os seus sentimentos e suas emoções. Por exemplo, algumas pessoas evitam dizer “eu te amo”. Do mesmo modo, outras desconfiam exacerbadamente do par. Frequentemente, pessoas com esses perfis carregam consigo traumas que dificultam o envolvimento e a fluidez da relação. Para eles, a lógica é a seguinte: “quem se feriu deve prestar mais atenção“. Por isso, é fundamental compreender e identificar os sinais de traumas emocionais. Esse é um desafio crucial não apenas para a pessoa traumatizada. Afinal, muitos namoros ou casamentos são prejudicados por estes eventos perturbadores. Inclusive, muitos deles podem ter origem em relações passadas e, apesar disso, repercutem no convívio atual.

Esse fundamento pode ser ilustrado por situações nas quais os casais lidam diariamente com a insegurança, ciúmes e o temor da traição. Contudo, desde o início da relação, nunca tiveram qualquer episódio concreto que justifique essas atitudes. No entanto, é possível que ao menos um dos pares carregue consigo o trauma de já ter sido traído numa relação passada, por exemplo. Com isso, além do trauma e suas marcas, surge a generalização desse comportamento. Ou seja, para ela, todas as pessoas em um relacionamento terão a mesma atitude. Desse modo, a frustração de outro vínculo dificulta ou impede que ela se entregue à relação atual. Todavia, essa sequência de entendimentos nem sempre é nítida para a pessoa traumatizada ou para seu par. Em razão disso, é essencial conhecer os sinais e impactos dos traumas nos relacionamentos.

Algumas pessoas podem carregar consigo traumas de relações passadas. Reconhecer os sinais desses traumas é o ponto de partida para melhorar o relacionamento.
Algumas pessoas podem carregar consigo traumas de relações passadas. Reconhecer os sinais desses traumas é o ponto de partida para melhorar o relacionamento.

Sinais de traumas nos relacionamentos

Obviamente, o primeiro sinal de trauma afetivo é quando, mesmo depois de muitos anos do fim de um relacionamento conturbado, a pessoa ainda apresenta dificuldade para conhecer novos pares ou se engajar em um novo namoro. Na prática, essa pessoa pode estar armada com escudos que impedem a aproximação de paqueras, dificultando um novo encontro amoroso.

Em segundo lugar, aquilo que evidencia um sinal de trauma amoroso é quando o homem ou a mulher não consegue manter um relacionamento duradouro porque acredita que a outra parte está escondendo fatos, ou sendo infiel. Na verdade, o excesso de desconfiança pode estar ligado a um namoro antigo em que houve traição no relacionamento e, para tentar evitar frustrações no elo atual, acaba projetando no parceiro ou parceira seus medos e angústias.

O terceiro sinal, é quando a pessoa não consegue se abrir e ser ela mesma em um novo namoro. Provavelmente, no passado, se sentiu desarmada e insegura após ter se entregado de corpo e alma ao companheiro ou companheira, mas acabou abandonada ou traída. A partir daí, criou a auto regra de não se abrir ou se entregar para não se machucar novamente.

Ficar sempre na defensiva e encontrar motivos variados para sempre brigar com o parceiro ou a parceira também é um sinal de trauma. Tal comportamento pode indicar que feridas do passado não foram cicatrizadas. A atitude menos amigável, em teoria, isso faria a pessoa sofrer menos caso seja surpreendida com um pedido de separação ou traição. Isso não faz sentido. Ao contrário, reflete a generalização citada anteriormente e sabota a evolução do relacionamento atual.

Os sentimentos e emoções

Por fim, não menos importante, um dos maiores sinais de traumas no relacionamento é a dificuldade para expressar sentimentos e emoções. Popularmente, isso é identificado por meio da dificuldade em dizer “eu te amo”, por exemplo. Na prática, apesar do sentimento verdadeiro, a pessoa não consegue se expor com medo de ser magoada ou traída futuramente. É como se, consciente ou inconscientemente, ela tentasse se proteger de eventuais frustrações. Essa atitude, porém, pode sabotar as chances de sucesso no convívio atual, seja o namoro ou casamento. Uma dica importante para pessoas com traumas de um relacionamento antigo ou quem convive com alguém com esse perfil, é buscar ajuda por meio da psicoterapia. A terapia Individual ou a Terapia de Casal podem ajudar significativamente na superação dessas questões.

Elídio Almeida

Psicólogo em Salvador, formado pela Universidade Federal da Bahia (UFBA) e especializado em Terapia de Casal e Relacionamentos (CRP). Possui também pós-graduação em Psicologia Clínica pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB). Dedica-se à prática clínica, oferecendo acompanhamento terapêutico a casais, famílias e atendimento individual para adultos. Além disso, ministra cursos e palestras na área.

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